domingo, 23 de setembro de 2018

PAIXÕES/ EGOÍSMO/ CARACTERES DO HOMEM DE BEM/ CONHECIMENTO DE SI MESMO/



PAIXÕES/
EGOÍSMO/
CARACTERES DO HOMEM DE BEM/
CONHECIMENTO DE SI MESMO




Na pergunta 629 do Livro dos Espíritos de Allan-Kardec:
Que definição se pode dar da moral?
“A moral é a regra de bem proceder, isto é de distinguir o bem do mal.
Funda-se na observância da lei de Deus. O homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos, porque então cumpre a lei de Deus.”
“ O bem é tudo o que é conforme à lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la.
Analisemos as paixões: todas as paixões têm uma utilidade providencial, visto que, a não ser assim, Deus teria feito coisas inúteis e, até nocivas.
No seu abuso é que reside o mal e o homem abusa em virtude do seu livre-arbítrio. Mais tarde, esclarecido pelo seu próprio interesse livremente escolhe entre o bem e o mal.
O homem tem sempre ao seu dispor meios para distinguir o que é bem e o que é mal, quando crê em Deus e o quer saber, pois para isso é dotado da inteligência. Jesus deu-nos a chave, dizendo: “O que quereis que vos façam, fazei aos outros”. É preciso que o Espírito seja colocado neste mundo entre o bem e o mal, para que ganhe experiência. A lei de Deus é a mesma para todos, porém o mal depende principalmente da vontade que se tenha de o praticar. Tanto mais culpado é o homem quanto melhor sabe o que faz.
907— Será substancialmente mau o princípio originário das paixões, embora esteja na Natureza?
“ Não a paixão está no excesso de que se acresce a vontade, visto que o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem, tanto que as paixões podem levá-lo à realização de grandes coisas. O abuso que delas se faz é que causa o mal.
908 — Como se poderá determinar o limite onde as paixões deixam de ser boas para se tornarem más?
As paixões são como um corcel, que só tem utilidade quando governado e que se torna perigoso desde que passe a governar.
Uma paixão se torna perigosa desde que passe a governar.
Uma paixão se torna perigosa a partir do momento em que deixais de poder governá-la e que dá em resultado um prejuízo qualquer para vós mesmos, ou para outrem”
E Kardec, ainda acrescenta: — As paixões são alavancas que duplicam as forças do homem e o auxiliam na execução dos desígnios da Providência. Mas, se, em vez de as dirigir, deixa que elas o dirijam, cai o homem nos excessos e a própria força que, manejada pelas suas mãos, poderia produzir o bem, contra ele se volta e o esmaga.
Todas as paixões têm seu princípio num sentimento, ou numa necessidade natural. O princípio das paixões não é, assim, um mal, pois que assenta numa das condições providenciais da nossa existência.
A paixão propriamente dita é a exageração de uma necessidade ou de um sentimento. Está no excesso e não na causa e este excesso se torna um mal, quando tem como consequência um mal qualquer. Toda paixão que aproxima o homem da natureza animal afasta-o da natureza espiritual.
Todo o sentimento que eleva o homem acima da natureza animal denota predominância do Espírito sobre a matéria e o aproxima da perfeição.
909 — Poderia o homem, pelos seus esforços, vencer as suas más inclinações?
“Sim e, frequentemente, fazendo esforços muito insignificantes. O que lhe falta é a vontade. Ah! Quão poucos dentre vós fazem esforços!”
910 — Pode o homem achar nos Espíritos eficaz assistência para  triunfar de suas paixões?
“Se o pedir a Deus e ao seu bom génio, com sinceridade, os bons Espíritos lhe virão certamente em auxílio, porquanto é essa a missão deles.”
459 — Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos actos?
“Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem.”
911— Não haverá paixões tão vivas e irresistíveis, que a vontade seja impotente para dominá-las?
“Há muitas pessoas que dizem: Quero, mas a vontade só lhes está nos lábios.
Querem, porém muito satisfeitas ficam que não seja como “querem”.
Quando o homem crê que não pode vencer as suas paixões, é que seu Espírito se compraz nelas, em consequência da sua inferioridade.
Compreende a sua natureza espiritual aquele que as procura reprimir. Vencê-las é, para ele, uma vitória do Espírito sobre a matéria.”
912— Qual o meio mais eficiente de combater o predomínio da natureza corpórea?
“Praticar a abnegação.
A Doutrina Espírita nos ensina que todas as paixões têm como princípio originário uma necessidade ou um sentimento natural, colocados em nosso âmago com fim de estimular-nos ao trabalho e à conquista da felicidade.
“ Deus é Amor” e, ao criar-nos fez-nos participantes de sua natureza, isto é, dotados dessa virtude por excelência, carecendo apenas que a desenvolvamos e a depuremos, até à sublimação.
Houve por bem, então, tornar-nos sensíveis ao prazer para que cada um de nós, buscando-o cultivasse o amor a si mesmo, para, numa outra etapa, ser capaz de estender esse amor aos semelhantes.
Pode parecer que a busca do prazer pessoal seja uma forma errónea, por sumamente egoísta, para que possa conduzir-nos à efectivação desse grandioso desiderato. Deus, porém, em sua omnisciência, sempre escolhe os melhores caminhos possíveis para o nosso progresso, e se assim há determinado é porque sabe que, sem experimentarmos, antes, quanto é bom o amor que nos devotamos e ao qual tudo sacrificamos, jamais chegaríamos ao extremo oposto, de sacrificar-nos por amor a outrem.
Os gozos que o mundo nos proporciona, entretanto são regulados por leis divinas, que lhes estabelecem limites em função das reais necessidades do nosso corpo físico e dos justos anseios de nossa alma, e transpô-los ocasiona consequências tanto mais funestas quanto maiores sejam os desmandos cometidos.
Nisto, como em todo aprendizado que lhe cumpre fazer, seja de um ofício, de uma arte, ou do exercício de um poder qualquer, o homem começa causando, a si mesmo e ao próximo, mais prejuízos que benefícios.
É que, em sua imensa ignorância, não sabe distinguir o uso do abuso, exagera suas necessidades e sentimentos e é aí no excesso,
que aquelas e estes se transformam em paixões, provocando perturbações e danos ao seu organismo e ao seu psiquismo.
Apresentemos alguns exemplos:
Alimentar-nos é um imperativo da natureza, cujo atendimento é coisa que nos dá grande satisfação. Quantos, entretanto, façam dos “prazeres da mesa” a razão de sua existência, rendendo-se à glutonaria, mais dias, menos dias, terão que pagar, com a enfermidade, senão mesmo com a morte, o preço desses maus hábitos.
Muito natural o nosso desejo de preparar dias melhores para nós e para a nossa família, bem assim as lutas a que nos entregamos e os sacrifícios que nos impomos, visando a tal objectivo. Todavia, é preciso que essa preocupação pelo futuro não ultrapasse os limites do razoável, para que não se converta em obsessão.
A recreação, por outro lado, é uma exigência de nosso espírito, e os entretenimentos ocasionais valem por excelentes factores de higiene mental. Infelizes, no entanto, os que, seduzidos pelas emoções de uma partida de baralho ou de vispora, pelo lucro fácil de um lance na roleta, ou quejandos, se deixam dominar pelo jogo! A desgraça não tardará a abatê-los, como abatidos têm sido todos quantos se escravizam a essa terrível viciação.
Calor excessivo ou frio intenso podem forçar-nos, vez por outra, a um refrigerante gelado ou a uma dose alcoólica, com o que nos dessedentamos, ou nos reconfortamos gostosamente. Mas todo cuidado será pouco para não descambarmos para a bebedice, pois seus malefícios, provam-no as estatísticas assumem características de verdadeiro flagelo social.
Todos nós sentimos necessidade de dar e de receber carinho, já que ninguém consegue ser feliz sem isso. É de todo conveniente, entretanto, repartir nosso afecto com os que pertencem ao nosso círculo familiar, estendê-lo a amigos e outos semelhantes, evitando concentrá-lo em uma só pessoa, fazendo depender unicamente dela o nosso interesse pela vida, pois, ao perder esse alguém, podemos sofrer um golpe doloroso demais para ser suportado sem perda do equilíbrio espiritual.
Não há quem não deseje auto-afirmar-se, mediante, a realização de algo que corresponde às suas tendências dominantes, daí porque alguns se atiram, com inusitado entusiasmo, a determinados estudos, outros se empolgam na procura ou no apuramento de uma nova técnica com que sonham projectar-se na especialidade de uma nova técnica com que sonham projectar-se na especialidade de sua predilecção, e outros ainda descuidam de tudo e de todos para devotar-se, inteiramente, às actividades artísticas ou científicas que os abrasam. Importa, porém, acautelar-nos com o perigo do monoideísmo, responsável por neuroses ou insânias de difícil recuperação.
Como se vê, o princípio nada tem de mau, visto que “assenta numa das condições providenciais de nossa existência,”
Podendo inclusive, em certos casos e enquanto governadas, levar o homem a feitos nobilitantes.
Todo o mal, repetimo-lo, reside no abuso que delas se faz.
Urge, portanto, que, na procura do melhor, do que nos traga maior soma de gozo, aprendamos a respeitar as leis da vida, para que elas inexoráveis como são, não se voltem contra nós, compelindo-nos a penosos processos de reajuste e reequilíbrio.
Umas breves notas sobre o egoísmo:
Dentre os vícios, qual o que se pode considerar radical?
913 — Temo-lo dito muitas vezes: o egoísmo. Daí deriva todo o mal.
Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos há egoísmo. Por mais que lhes deis combate, não chegareis a extirpá-los, enquanto não atacardes o mal pela raiz, enquanto não lhe houverdes destruído a causa. Tendam, pois, todos os esforços para esse efeito, porquanto aí é que está a verdadeira chaga da sociedade.
Quem quiser, desde esta vida, ir aproximando-se da perfeição moral, deve expurgar o seu coração de todo sentimento de egoísmo, visto ser o egoísmo incompatível com a justiça, o amor e caridade. Ele neutraliza todas as outras qualidades.
914— Fundando-se o egoísmo no sentimento do interesse pessoal, bem difícil parece extirpá-lo inteiramente do coração humano. Chegar-se-à a consegui-lo?
“À medida que os homens se instruem acerca das coisas espirituais, menos valor dão às coisas materiais.
Depois, necessário é, que, se reformem as instituições humanas que o entretêm e excitam. Isso depende da educação.”
 915 — Por ser inerente à espécie humana, o egoísmo, não constituirá sempre um obstáculo ao reinado do bem na Terra?
“ É exacto que no egoísmo tendes o vosso maior mal, porém, ele se prende à inferioridade dos Espíritos encarnados na Terra e não à Humanidade mesma. Ora, depurando-se por encarnações sucessivas, os Espíritos se despojam do egoísmo, como de outras impurezas. Não existirá na Terra nenhum homem isento de egoísmo e praticante da caridade? Há muitos mais homens assim do que supondes. Apenas, não os conheceis, porque a virtude foge à viva claridade do dia. Desde que haja um, porque não haverá dez? Havendo dez, por que não haverá mil e assim por diante?
 916 — Longe de diminuir, o egoísmo cresce com a civilização, que, até, parece, o excita e mantém. Como poderá a causa destruir o efeito?
“ Quanto maior é o mal, mais hediondo se torna. Era preciso que o egoísmo produzisse muito mal, para que compreensível se fizesse a necessidade de extirpá-lo. Os homens, quando se houverem despojado do egoísmo que os domina, viverão como irmãos, sem se fazerem mal algum, auxiliando-se reciprocamente, impelidos pelo sentimento mútuo da solidariedade.
Então, o forte será o amparo e não o opressor do fraco e não mais serão vistos homens a quem falte o indispensável, porque todos praticarão a lei de justiça. Esse o reinado do bem, que os Espíritos estão incumbidos de preparar.
“ Bastante grande é a perversidade do homem.
Não parece que, pelo menos do ponto de vista moral, ele, em vez de avançar, caminha aos recuos?
“Enganas-te. Observa bem o conjunto e verás que o homem se adianta, pois que melhor compreende o que é mal, e vai dia a dia reprimindo os abusos.
Faz-se mister que o mal chegue ao excesso, para tornar compreensível a necessidade do bem e das reformas.
917— Qual o meio de destruir-se o egoísmo?
“ De todas as imperfeições humanas, o egoísmo é a mais difícil de desenraizar-se porque deriva da influência da matéria, influência de que o homem, ainda muito próximo de sua origem, não pode libertar-se e para cujo entretenimento tudo, concorre: suas leis, sua organização social, sua educação. O egoísmo se enfraquecerá à proporção que a vida moral for predominando sobre a vida material e, sobretudo, com a compreensão, que o Espiritismo vos faculta, do vosso estado futuro, real e não desfigurado por ficções alegóricas. Quando, bem compreendido, se houver identificado com os costumes e as crenças, o Espiritismo transformará os hábitos, os usos, as relações sociais. O egoísmo assenta na importância da personalidade. Ora, o Espiritismo, bem compreendido, repito, mostra as coisas de tão alto que o sentimento da personalidade desaparece, de certo modo, diante da imensidade. Destruindo essa importância, ou, pelo menos, reduzindo-a às suas legítimas proporções, ele necessariamente combate o egoísmo.
785 — Qual o maior obstáculo ao progresso?
O orgulho e o egoísmo. Refiro-me ao progresso moral, porquanto o intelectual se efectua sempre. À primeira vista, parece mesmo que o progresso intelectual reduplica a actividade daqueles vícios, desenvolvendo a ambição e o gosto das riquezas, que a seu turno, incitam o homem a empreender pesquizas que lhe esclarecem o Espírito. Assim é que tudo se prende, no mundo moral, como no mundo físico, e que do próprio mal pode nascer o bem. Curta, porém, é a duração desse estado de coisas, que mudará à proporção que o homem compreender melhor que, além da que o gozo dos bens terrenos proporciona uma felicidade existe maior e infinitamente mais duradoura.
A paixão está no excesso do que se acresce à vontade, visto que o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem, tanto que a paixão pode levá-lo à realização de grandes coisas.
O abuso que dela se faz é que causa o mal.
Uma paixão se torna perigosa a partir do momento em que o homem deixa de poder governá-la.
O homem pelos seus esforços, pode vencer as suas más inclinações. Quando não as vence é porque lhe falece a vontade, pois se pedir a Deus e ao seu bom génio, os bons Espíritos o auxiliarão. Vencer as paixões, representa uma vitória do Espírito sobre a matéria, e que pode ser obtida com a prática da abnegação.
O egoísmo é a raiz de todos os vícios, porque dele derivam todos os males. Todos os esforços do homem devem tender para extirpar o egoísmo. Ele se funda no interesse pessoal mas, à medida que os homens se instruem acerca das coisas espirituais, menos valor dão às coisas. Daí a necessidade de ir o homem se libertando da influência da matéria, fazendo com que a vida moral vá predominando sobre a vida material, com a compreensão do seu futuro real, actualmente desfigurado por ficções alegóricas.
O egoísmo é a fonte de todos os vícios. Dele dimanam a ambição, o ciúme, a inveja, o ódio, o orgulho e todos os males que infelicitam a Humanidade, pelas mágoas que produzem, pelas dissensões que provocam e pelas perturbações sociais a que dão ensejo.
Vemo-lo manifesto neste mundo sob as mais variadas formas, a saber: egoísmo individual, egoísmo familiar, egoísmo de classe, egoísmo de raça, egoísmo nacional, egoísmo sectário.
Em seu aspecto individual, funda-se num sentimento exagerado de interesse pessoal, no cuidado exclusivo de si mesmo, e no desamor a todos os outros, inclusive os que habitam o mesmo tecto, os quais, não raro, são os primeiros a lhe sofrerem os efeitos.
O egoísmo familiar consiste no amor aos pais, irmãos, filhos, enfim àqueles que estão ligados pelos laços da consanguinidade, com exclusão dos demais. Limitados por esse espírito de família, são muitos, ainda, os que desconhecem que todos somos irmãos e (filhos de um único Pai Celestial), e se furtam a qualquer expressão de solidariedade fora do círculo restrito da própria parentela.
O egoísmo de classe se faz sentir através dos movimentos reivindicatórios tão em voga em nossos dias. Ora é uma classe profissional que entra em greve, ora é outra que promove dissídio,
Ou são servidores públicos que pressionam os governos a fim de forçar o atendimento às suas exigências, agindo cada grupo tão, somente em função de suas conveniências, sem atentar para o desequilíbrio e os sacrifícios que isso possa custar à colectividade.
O egoísmo de raça é responsável, também, por uma série de dramas e conflitos dolorosos.
Que o digam os pretos, vítimas de cruéis descriminações em várias partes do mundo, assim como os enamorados que, em tão grande número, não puderam tornar-se marido e mulher, consoante os anseios de seus corações, porque os prejuízos raciais de seus familiares falaram mais alto, impedindo a concretização de seus sonhos de felicidade.
O egoísmo nacional é o que se disfarça ou se esconde sob o rótulo de “patriotismo.” Habitantes de um país, a pretexto de engrandecer sua pátria, invadem outros países, escravizam-lhe as populações, destroem-lhes a nacionalidade, gerando, assim, ódios insopitáveis que, mais dia menos dia, hão-de explodir em novas lutas sanguinolentas.
O egoísmo sectário é aquele que transforma crentes em fanáticos, a cujos olhos só a sua igreja é verdadeira e salvadora, sendo, todas as outras fontes de erro e de perdição, fanáticos aos quais se proíbe de ouvir ou ler qualquer coisa que contrarie os dogmas de sua organização religiosa, aos quais se interdita auxiliar instituições de assistência social cujos dirigentes tenham princípios religiosos diversos do seus, e aos quais se inculta ser um dever de consciência defender tamanha estreiteza de sentimentos.
Esse tipo de egoísmo é, seguramente, o mais funesto, por se revestir de um fanatismo religioso, obstando que os ingénuos e desprevenidos o reconheçam pelo que é, na realidade.
Foi esse egoísmo sectário que, no passado, promoveu as chamadas guerras religiosas e a “Santa” Inquisição, de tão triste memória, infligindo torturas e mortes excruciantes a centenas de milhares de homens, mulheres e crianças, e, ainda hoje, desperta, acoraçoa e mantém a animosidade entre milhões de criaturas, retardando o estabelecimento daquela Fraternidade Universal que o Cristo veio preparar com o seu Evangelho de Amor.
O Espiritismo, pela poderosa influência que exerce no homem, fazendo-o sentir-se um ser cósmico, destinado a ascender pelo progresso moral às mais esplendorosas moradas do Infinito, é o mais eficaz antídoto ao veneno do egoísmo; praticá-lo é, pois trilhar o caminho da Evolução e preparar-se um futuro incomparavelmente mais feliz!
O homem de bem:
918 — Por que indícios se pode reconhecer em um homem o progresso real que lhe elevará o Espírito na hierarquia espírita?
“ O Espírito prova a sua elevação, quando todos os actos de sua vida corporal representam a prática da lei de Deus e quando antecipadamente compreende a vida espiritual”.
Verdadeiramente, o homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza.
Se interroga a própria consciência sobre os actos, perguntará se não transgrediu essa lei, se não fez o mal, se fez todo o bem que podia, se ninguém tem motivos para dele se queixar, enfim se fez aos outros o que desejara que lhe fizessem.
Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem contar com qualquer retribuição, e sacrifica seus interesses à justiça.
É bondoso, humanitário e benevolente para com todos, porque vê irmãos em todos os homens, sem distinção de raças, nem de crenças.
Se Deus lhe outorgou o poder e a riqueza, considera essas coisas como Um Depósito, de que lhe cumpre usar para o bem. Delas não se envaidece, por saber que Deus, que lhas deu, também lhas pode retirar.
Se sob a sua dependência a ordem social colocou outros homens, trata-os com bondade complacência, porque são seus iguais perante Deus. Usa da autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho.
É indulgente para com as fraquezas alheias, porque sabe que também precisa da indulgência dos outros e se lembra destas palavras do Cristo: Atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecado.
Não é vingativo. A exemplo de Jesus, perdoa as ofensas, para só se lembrar dos benefícios, pois não ignora que, como houver perdoado, assim perdoado lhe será.
Respeita, enfim, em seus semelhantes, todos os direitos que as leis da Natureza lhes concedem, como quer que os mesmos direitos lhe sejam respeitados.
O meio mais prático, mais eficaz para o homem se melhorar nesta vida e resistir à atracção do mal, é o indicado por um sábio da antiguidade, que já dizia:” “Conhece-te a ti mesmo”
Santo Agostinho afirma: “O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do progresso individual.”
Desse modo,” conhecer-se a si mesmo” é a condição indispensável para nos levar a assumir deliberadamente o combate à predominância da natureza corpórea.
A disposição de conhecer-se a si mesmo pode surgir naturalmente como fruto do amadurecimento de cada um, de forma espontâneo, nata, resultante da própria condição espiritual do indivíduo, ou poderá ser provocada pela acção do sofrimento renovador que, sensibilizando a criatura, desperta-a para valores novos do espírito. Uns chegam pela compreensão natural, outros, pela dor, que também é um meio de despertar a nossa compreensão.
Um grande número de indivíduos são levados, devido a desequilíbrios emocionais, a gabinetes psiquiátricos ou psicoterápicos para tratamentos específicos. Através desses tratamentos vêm a conhecer as origens de seus distúrbios, aprendendo a identifica-los e a controlá-los, normalizando, até certo ponto, a sua conduta. Porém, isso ocorre dentro de uma motivação de comportamento compatível com os padrões de algumas escolas psicológicas, quase todas materialistas.
Conhecimento de nós mesmos:
O estudo da Doutrina Espírita faculta-nos a chave, para nós nos podermos conhecer intimamente, dando-nos amplas oportunidades de estudo e todas as possibilidade, através do conhecimento que nos faculta, para nos renovarmos interiormente, e dessa forma corrigirmos os nossos defeitos, ensinando-nos a ser pessoas cada vez melhores, mais responsáveis mais humanas e mais conscientes.
Na Doutrina Espírita, como Cristianismo Redivivo, buscamos o conhecimento de nós mesmos, o consolo e a esperança num sentido mais amplo, dando-nos a conhecer os ensinamentos evangélicos, únicos padrões condizentes com a nossa realidade espiritual nos dois planos da nossa existência.
É preciso então despertar em nós a necessidade de conhecer o nosso íntimo, objectivando a nossa transformação dentro do sentido cristão original, ensinado e exemplificado pelo nosso Divino Mestre Jesus.
Conhecer exclusivamente as causas e as origens de nossos traumas e recalques, de nossas distonias emocionais nos quadros da presente existência é limitar os motivos dos nossos conflitos, olvidando a realidade das nossas existências anteriores, os delitos transgressores do ontem, que nos vinculam aos processos de reequilibradores e aos reencontros conciliadores do hoje.
As motivações que nos induzem a desenvolver nossa remodelação de comportamento projectam-se igualmente para o futuro da nossa eternidade espiritual, onde os valores ponderáveis são exactamente aqueles obtidos nas conquistas nobilitantes do coração.
Percebendo nós o nosso passado longínquo de erros, trabalhemos livremente no presente, preparando um futuro existencial mais suave e edificante.
Esse é o amplo contexto da nossa realidade espiritual, à qual almejamos nos integrar actuantes e produtivos.
O emérito professor Allan Kardec, em sua obra O Céu e o Inferno 1ª parte, capítulo VII, mostra-nos, nos itens 16 do Código Penal da Vida Futura, que no caminho para a regeneração não basta ao homem o arrependimento. São necessárias a expiação e a reparação, afirmando que “A reparação consiste em fazer o bem àqueles a quem se havia feito mal”, e também praticando o bem em compensação ao mal praticado, isto é, tornando-se humilde se tem sido orgulhoso, amável se foi rude, caridoso se foi egoísta benigno se perverso, laborioso se ocioso, útil se foi inútil, frugal se intemperante, exemplar se o não foi.”
Como nos poderemos reabilitar espiritualmente:
Reabilitar-se exige modificar-se, transformar o comportamento, a maneira de ser, de agir; é reformar-se moralmente, para se poder melhorar espiritualmente.
Como nos conhecermos a nós próprios e conhecermos os nossos defeitos?
Uma entidade sublimada em magnífica mensagem a respeito, aconselha-nos: “Aquele que possuído do propósito de melhorar-se, a fim de extirpar de si os maus pendores, como de seu jardim arranca as ervas daninhas, evocasse todas as noites as acções que praticara durante o dia e inquirisse de si próprio o bem ou o mal que houvera feito, grande força adquiriria para aperfeiçoar-se porque, crede-me, Deus o assistiria. Dirigi, pois, a vós mesmos, questões nítidas e precisas, interrogai-vos sobre o que tendes feito e com que objectivo procedeste em tal ou qual circunstância, sobre se obraste alguma acção que não ousaríeis confessar. Perguntai ainda mais: se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento, teria que temer o olhar de alguém, ao entrar de novo no mundo dos Espíritos, onde nada pode ser ocultado? Examinai o que poderdes ter obrado contra Deus, depois contra o vosso próximo e, finalmente, contra vós mesmos. As respostas vos darão, ou o descanso para a vossa consciência, ou a indicação de um mal que precise ser curado. Não trabalhais todos os dias com o fito de juntar haveres que vos garantam repouso na velhice? Não constitui esse repouso o fim que vos faz suportar fadigas e privações temporárias? Pois bem! Que é esse descanso de alguns dias, turbado sempre pelas enfermidades do corpo, em comparação com o que espera o homem de bem?
Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir á atracção do mal?
Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo”
Fontes bibliográficas:
O Evangelho Segundo o Espiritismo;
O Céu e o Inferno;
O Livro dos Espíritos.
Todos os livros são de Allan Kardec.
Poderão obter mais informações nas obras já citadas.

                                           Aurinda Tavares








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