“ EUTANÁSIA NA VISÃO ESPÍRITA”
Todo o acto que abrevia a vida no nosso corpo físico
é contrário às Leis de Deus. A vida nos foi dada pelo nosso Criador e Pai,
portanto só Ele, e mais ninguém, nos a pode retirar. Mesmo assim, ninguém parte
para o outro Mundo, sem que a sua missão seja cumprida aqui na Terra, a menos
que a interrompa antes da sua viagem programada.
Eutanásia ("morte") é a prática pela qual
se abrevia a vida de uma pessoa incurável por um especialista.
Esta prática, tanto em (Portugal como no Brasil) é
considerada ilegal). É um assunto altamente polémico e controverso, porque
existem pessoas, que a aceitam boamente e outras, são totalmente contrárias a
esta ideia homicida e suicida, por terem em consideração os valores da
dignidade humana, o respeito e o carinho, pelas pessoas débeis.
Também as religiões condenam a sua prática, por ser
contrária às Leis de Deus.
Também os Espíritas, sendo conhecedores dos efeitos
perniciosos para o Espírito que parte deste mundo para o outro, não consentem, e
não admitem essa prática para o seu corpo, por saberem, quão perniciosa e
prejudicial é, para o seu Espírito, na hora do despertar no além-túmulo e nas
suas sucessivas reencarnações.
Só os materialistas e os ateístas aceitam essa
prática. Os materialistas, porque só têm em linha de conta o corpo e não o
destino do Espírito. Os ateístas, por sua vez, duvidam que tenham uma alma.
Duvidando até da existência de Deus, mas lá fundo, bem no fundo, alguns ainda
dizem, graças a Deus que sou ateu.
Só Deus é o Senhor dos nossos destinos, portanto só
Ele, nos pode retirar a vida do corpo, para o retorno do nosso Espírito ao
Mundo Espiritual.
Ninguém duvide, porque todos iremos! Com destinos
diferentes, porque o acesso aos lugares felizes, serão de acordo ao nosso merecimento.
Na Pátria Celestial, existem lugares venturosos e de
grandes sofrimentos, eles nos aguardam, de acordo ao nosso merecimento.
Na Tábua dos Dez Mandamentos, recebida por Moisés no
Monte Sinai, nela foram expressos os fundamentos da justiça humana, havendo a
recomendação inequívoca: “Não matarás”.
No capítulo V do Evangelho Segundo o Espiritismo:
Será
lícito abreviar a vida de um doente que sofra sem esperança de cura?
Item 28. Um
homem está agonizante, presa de cruéis sofrimentos. Sabe-se que seu estado é
desesperador. Será lícito pouparem-se-lhe alguns instantes de angústias,
apressando-se-lhe o fim?
Quem vos daria o direito de prejulgar os desígnios
de Deus?
Não pode ele conduzir o homem até á borda do fosso,
para daí o retirar, a fim de fazê-lo voltar a si e alimentar ideias diversas
das que tinha? Ainda que haja chegado ao último extremo um moribundo, ninguém
pode afirmar com segurança que lhe haja soado a hora derradeira. A Ciência não
se terá enganado nunca em suas previsões?
Sei bem haver casos que se podem, com razão,
considerar desesperadores; mas, se não há nenhuma esperança fundada de um
regresso definitivo à vida e à saúde, existe a possibilidade, atestada por
inúmeros exemplos, de o doente, no momento mesmo de exalar o último suspiro,
reanimar-se e recobrar por alguns instantes as faculdades! Pois bem: essa hora
de graça, que lhe é concedida, pode ser-lhe de grande importância. Desconheceis
as reflexões que seu Espírito poderá fazer nas convulsões da agonia e quantos
tormentos lhe pode poupar um relâmpago de arrependimento.
O materialista, que apenas vê o corpo e em nenhuma
conta tem a alma, é inapto a compreender essas coisas; o espírita, porém, que
já sabe o que se passa no além-túmulo, conhece o valor de um último pensamento.
Minorai os derradeiros sofrimentos, quanto o puderdes; mas guardai-vos de
abreviar a vida, ainda que de um minuto, porque esse minuto pode evitar muitas
lágrimas no futuro. — S. Luís. (Paris, 1860.)
Os últimos momentos da hora derradeira da agonia são
de uma importância extrema, para os moribundos, por lhes poderem permitir
reflexões, sobre os seus actos passados e de poderem nesses momentos, lhes
proporcionarem o seu arrependimento.
O arrependimento no estado corporal permitirá ao
Espírito ver a diferença entre o bem e o mal, reconhecendo assim os seus erros
para os poder reparar.
O arrependimento também se pode dar no Mundo
Espiritual, aspirando o Espírito a uma nova reencarnação, para expiar e para
poder reparar os seus erros, mas também para se corrigir e continuar a sua evolução.
No plano físico podemos definir o arrependimento,
como uma consciência culpada, por algo de errado que tenhamos cometido. Analisando
se prejudicamos a alguém, ou a nós próprios, e em qualquer um dos casos, uma
dor moral nos esmaga, com todo o seu peso, e as suas consequências são uma
grande (dor moral), que nos oprime, sentimento de culpa, depressão, angústia,
tristeza, remorsos, ansiedade indefinível e desespero.
No plano espiritual, o Espírito arrependido aspira a
uma nova reencarnação, para mais depressa, poder repara os seus erros e para mais
depressa se poder purificar. O Espírito compreenderá aquilo que o fez falir,
reconhecerá as suas imperfeições e tudo quanto o priva de ser feliz, aspirando
por uma nova existência corporal, para poder expiar as suas faltas e as poder
reparar.
Reconhecendo o Espírito arrependido, quais serão os
melhores caminhos ainda que eles sejam repletos de grandes dores e de penosos sofrimentos,
mas fecundos de progressos espirituais, terá ele a preferência pelos ambientes
de dor e de grandes provações, por serem eles os abençoados caminhos, para sua
correcção, e reparação, de todo o seu passado delituoso e por estes, lhe
apressarem o seu próprio adiantamento espiritual.
Quando o Espírito no Mundo Espiritual reconhece as
suas faltas, sentirá remorsos e angústias morais, desejando ardentemente
preparar uma nova reencarnação, para se encontrar de novo, com aqueles a quem
haja prejudicado.
Vejamos agora a questão 953 do Livro dos Espíritos —
Allan-Kardec, fez esta pergunta aos Espíritos Superiores: Quando uma pessoa vê
diante de si um fim inevitável e horrível, será culpada se abreviar de alguns
instantes os seus sofrimentos, apressando voluntariamente sua morte?
“ É sempre culpado aquele que não aguarda o termo
que Deus lhe marcou para a existência. E quem poderá estar certo de que, mau
grado às aparências, esse termo tenha chegado; de que um socorro inesperado não
venha no último momento?”.
A (— Concebe-se que, nas circunstâncias ordinárias,
o suicídio seja condenável; mas estamos figurando o caso em que a morte é
inevitável e em que a vida só é encurtada de alguns instantes.
“É sempre uma falta de resignação e de submissão à
vontade do Criador”.
B — Quais, nesse caso, as consequências de tal acto?
“Uma expiação proporcionada, como sempre à gravidade
da falta, de acordo com as circunstâncias”.
954. Será condenável uma imprudência que compromete
a vida sem necessidade?
“ Não há culpabilidade, em não havendo intenção, ou
consciência perfeita da prática do mal”.
957. Quais, em geral, com relação ao estado do
Espírito, as consequências do suicídio?
“Muito diversas são as consequências do suicídio.
Não há penas determinadas e, em todos os casos, corresponde sempre às causas
que o produziram. Há porém, uma consequência a que o suicida não pode escapar;
é o desapontamento. Mas, a sorte não é a mesma para todos; depende das
circunstâncias. Alguns expiam a falta imediatamente, outros em nova existência,
que será pior do que aquela cujo curso interromperam”.
Portanto, quer o homem se mate, ou se faça matar é
sempre o grande culpado pelo acto praticado, cometendo por isso suicídio.
O suicídio além de ser um acto vergonhoso é também
uma transgressão às Leis Divinas. Deus tem no Mundo todos os recursos, para
podermos encarar a vida com naturalidade e para que sejamos mais ou menos felizes.
O desgosto da vida é efeito da ociosidade, da falta
de fé ou da saciedade.
Ao homem não assiste o direito de dispor da sua
vida; por isso o suicídio é uma transgressão da Lei de Deus, salvo apenas se
for praticado por um louco, que não sabe o que faz. Fugir às misérias e
decepções do mundo significa falta de coragem. Deus ajuda aos que sofrem mas
não aos que não querem ter energia nem coragem. As tribulações da vida são
provas ou expiações. Ai daqueles que conduzirem uma pessoa ao suicídio, porque
responderão por um assassínio. Não se chega a uma vida melhor através do
suicídio, pois será preciso reencarnar novamente para concluir a mesma vida que
foi encurtada. Também comete suicídio, todo aquele que não aguarda o termo que
Deus lhe marcou para a sua existência, para abreviar os instantes de seus
sofrimentos.
Aplicada desde as culturas mais antigas, a
Eutanásia, longe de ser uma “morte feliz” é uma solução infeliz para o
paciente, além de se constituir em lamentável desrespeito aos desígnios de
Deus.
Os ateístas e os materialistas afirmam que a Eutanásia
dá dignidade à morte, que permite aos pacientes sofrerem menos nas doenças
terminais, outros fogem à vida pelas portas do suicídio, pensando que por estas
vias, solucionam os seus problemas. Certamente que desconhecem as Leis de Deus,
e as consequências para o Espírito na pós-morte.
Matar, seja a que pretexto for, é violação dos
Códigos da Vida Maior e ninguém tem o direito de admitir, nem de aconselhar. O
aborto é, também outro crime e ninguém tem o direito de o praticar, porque é tirar
a vida daquele/a que tem o direito de viver, e que sendo indefeso, não poderá
defender-se desse terrível crime.
Quando o paciente solicita a eutanásia, o acto
converte-se em suicídio covarde e quando é aplicada sem o seu conhecimento, por
este se encontrar sem possibilidades de decisão, torna-se um homicídio
vergonhoso. Os deveres e a função da medicina são, de atenuar as dores e os
sofrimentos, de prolongar a vida dos seus semelhantes e nunca decidirem por
lhes tirar a vida.
Todos os contributos do Espiritualismo em geral e do
Espiritismo em particular são de muita importância para os trânsfugas do dever,
antes que compliquem as suas existências e as dos outros.
A Eutanásia é usada como pretexto de evitar
sofrimento e conhecida como “morte piedosa”. Esta questão envolve a medicina, e
esta tem a finalidade de curar e sanar dores. No código de Ética Médica, por
exemplo, está prescrito como dever do médico o cuidado de preservar a vida e a
proibição, ao mesmo tempo, da utilização de meios destinados a abreviar a vida
do paciente, ainda que a seu pedido, ou de seu representante legal.
Quem sabe se nesses curtos momentos da sua vida, não
será o momento favorável para aquele enfermo se reerguer, repensando em todos os
seus actos passados, para se poder arrepender.
Além disso, não nos podemos esquecer, que muitas das
vezes, é o próprio Espírito, que antes de reencarnar, solicitou uma morte dessa
natureza. Pedindo no Mundo Maior aos seus Mentores, para que ficasse num estado
físico irreversível – coma, por exemplo – pode estar previsto acontecer, para nosso
próprio adiantamento espiritual e expiação.
Há casos de pessoas com doenças súbitas, que
estiveram ligadas às máquinas, sem esperanças de vida, sendo clinicamente
reconhecidas, com morte cerebral e, após desligarem as máquinas, elas voltaram
à vida.
Estes casos são muito frequentes, e muitas pessoas,
nestes termos, podem ser enterradas vivas, porque a morte do corpo, só é
definitiva, quando a alma abandona o corpo. Enquanto houver a ligação
perispiritual ao corpo, a morte não se efectuou.
Segundo o Espiritismo, estes casos chamam-se de Letargia.
O caso da Ressurreição de Lázaro foi um desses
casos, Cristo o arrancou das trevas do Sepulcro, para que o seu amigo dilecto
conseguisse, dispor de mais tempo, para poder completar a sua existência
terrena, necessário para o cumprimento da sua missão terrena.
E muitas pessoas que já sofreram uma pós-morte,
quando volveram à vida, vieram com uma disposição para melhor enfrentarem a
vida e que antes, dela não dispunham.
Para além de ficarem mais crentes, e de pensarem que
a vida afinal, não se resume só naquilo que nós vemos!
Outras pessoas trazem novos projectos de vida,
afirmando que dantes não teriam tempo para os realizarem.
Defendemos a vida, porque a vida é um direito, e
violá-la é transgredir as Leis de Deus.
Desde a época de Esparta, na antiga Grécia, com seu
culto ao corpo, eram condenados os inaptos, os enfermos, os gladiadores da Roma
Antiga e os guerreiros da Idade Média, eram eles sacrificados a pretexto de
poupá-los da agonia.
Depois de alguns Séculos passados, alguns ter-se-ão
esquecido, do juramento de Hipócrates (460/377 AC): “A ninguém darei, para
agradar, remédio mortal, nem conselho que o conduza à destruição”.
O código de Ética Médica prescreve, como dever do
médico, o cuidado da preservação da vida humana e proíbe à medicina a utilização
de meios destinados a abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido do
doente, ou do seu responsável legal. (Cap. V. art. 66).
A Eutanásia é um total desrespeito a todos aqueles
que são iguais a nós, que deram a vida por nós e destrói a razão de ser da
medicina, que tem a obrigação, da preservação da vida, dada por Deus a todos os
seus filhos.
A sociedade em geral tem obrigações, quanto à
preservação da vida. Manter a vida é obrigação de todos nós, e empurrá-los para
a morte é da responsabilidade daqueles que praticam o crime.
Sejamos leais e sinceros, existem também muitos familiares,
que, bem lá no fundo, o que desejam é verem-se livres do trabalho e, das
despesas que os idosos lhes dão, e muitos outros, estão desejosos por lhes
receberem é as suas heranças.
No Livro “Obreiros da Vida Eterna” de André Luiz,
relata um caso de Eutanásia, a que foi submetido o Espírito Cavalgante. O
médico aproveitando-se da inconsciência do moribundo e sem autorização dos seus
familiares, aplicou-lhe uma dose letal de anestésico.
O perispírito de Cavalcante sendo afectado pelo
medicamento, Cavalcante-Espírito vê-se atordoado e incapaz de tomar qualquer
atitude, perante o ocorrido.
O desprendimento de seu Espírito ao seu corpo físico
ocorreu tardiamente em face do ocorrido e com a ajuda dos seus Benfeitores
Espirituais.
Mesmo assim, Cavalcante não se retirou em condições muito
fáceis e favoráveis.
Apático, sonolento e desmemoriado, sendo recolhido
num departamento espiritual, necessitando de rigorosos cuidados.
Eutanásia, longe de se situar por morte “suave” é
uma grande complicação para quem sofre os seus efeitos danosos.
Emmanuel, no texto intitulado “Eutanásia e Vida”, no
livro Diálogo dos Vivos, observa que “o homem comum não conhece a face
psicológica dos nossos irmãos suicidas e homicidas conscientes, ou daqueles
outros que conscientemente se fazem pesadelos ou flagelos de colectividades
inteiras. Devidamente reencarnados, em tarefas de reajuste, não mostram senão o
quadro aflitivo que criaram para si próprios, de vez que todo o Espírito
descende das suas próprias obras.
Ninguém pode afirmar com absoluta segurança, que um
paciente, estará fatalmente condenado a morrer, naquele momento e por aqueles
motivos. A literatura médica tem exemplos de pacientes que em estados
desesperadores que eles se recuperam.
A Doutrina Espírita ensina que a Eutanásia
interrompe a depuração do Espírito, uma vez que antecipa a sua partida para o
plano espiritual, desencadeando a desencarnação mais cedo do que o previsto e
impondo ao desencarnado sérias e complicadas dificuldades no retorno ao plano
espiritual e, também na sua próxima/ou próximas reencarnações.
Em caso algum a Eutanásia deve de ser praticada, a
agonia prolongada pode ter uma finalidade útil, uma finalidade preciosa paras as
almas que passam por ela. A moléstia incurável pode ser um bem, por poder dar
aquela alma a possibilidade de drenar o seu Espírito das suas impurezas, para poder
ingressar no Mundo Espiritual com a sua alma mais purificada.
Ser médico, é ser um sacerdote ao serviço de Deus. A
Suprema Bondade, do nosso Pai de Amor, permite o avanço da medicina, para
benefício da saúde geral de todos os seus filhos. Que a humanidade tenha nesses
homens e mulheres verdadeiros apóstolos do Amor, cumprindo a sua missão gloriosa
na medicina, como verdadeiros sacerdotes, dignificando e valorizando a vida de
toda a humanidade.
Nós da nossa parte, peçamos a Deus, para que os
fomentadores do suicídio e do homicídio, através da Eutanásia, se esclareçam nas
Leis do nosso Pai Celestial, através de Jesus, a fim de serem pessoas esclarecidas
e pessoas de bem, através da mensagem imorredoura do Seu Evangelho.
Fontes bibliográficas:
O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan-Kardec;
O Livro dos Espíritos de Allan-Kardec;
Obreiros da Vida Eterna de André Luiz e psicografado,
por Francisco Cândido Xavier
Aurinda Tavares