domingo, 11 de fevereiro de 2018

O “ABC” DAS OBSESSÕES


                                                       O “ABC” DAS OBSESSÕES
                                 
  
 “ Estai de sobreaviso, vigiai e orai; porquanto não sabeis quando será o tempo”— Jesus. (Marcos,13:33.)
— O que é a obsessão?
“A obsessão é a acção persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo.
Apresenta caracteres muito diversos, desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais.”
(O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. XXVIII, item 81.)
A Obsessão é a persistência de um Espírito mau, junto de uma pessoa, geralmente para a prejudicar.
Contudo, poderá haver em certos casos algumas excepções, porque o Espírito pode ser bem — intencionado e não estar a perceber que está a prejudicar o seu “protegido”.
Esses casos ocorrem com frequência, quando os médiuns possuem seus (falsamente chamados) “guias”, e permanecem incessantemente em intercâmbio mediúnico com eles, trabalhando em sua própria casa, ficando com suas energias sugadas e, com isso, encurtam anos de vida.
Portanto, obsessão é o domínio que alguns espíritos exercem sobre certas pessoas para as prejudicar, através da sua invigilância, abrindo brechas para esse campo de acção.
É a Lei de Afinidade ou de Atracção.
— Podem as obsessões ser simples, ou não, dependendo do grau de obsessão. As Obsessões receberam de Kardec as seguintes designações:
— Obsessão simples
— Fascinação
— Subjugação.
— O que caracteriza as Obsessões Simples? Na obsessão simples, se o perseguido for médium, espírita, perceberá que está tendo as suas comunicações com outros espíritos interceptada pela entidade insistente. Kardec, em tal caso, afirma que este género de obsessão “não tem outro inconveniente senão opor obstáculo às comunicações que o médium deseja ter com os Espíritos sérios ou com os quais se afeiçoa”.
— Tratando de Obsessão Simples vamos analisar o que nos afirma o Dr. Bezerra de Menezes (Espírito), no livro “Dramas da Obsessão”, psicografado, por Ivone Pereira, e desta vez não sob o aspecto exclusivo do médium, como o fez Kardec, o Espírito Dr. Bezerra de Menezes acrescenta novas características em torno do assunto.
Assim ele nos informa: tratar-se-ia de obsessões geralmente ignoradas de todos, até mesmo pelo próprio obsediado. Aqui abrimos um parêntese. Se for um medianeiro esclarecido e experiente e, apesar disso, não perceber e nem der ouvidos aos avisos, já será caso de Fascinação ou Subjugação e não somente de Obsessão Simples.
— Que produz no obsediado a obsessão simples?
R — Não altera faculdades mentais mas age de maneira insidiosa, devagar, solapando a resistência moral do perseguido, acarretando-lhe pressão magnética forte que, com o tempo, resulta em privação de energias, além de tristeza intensa e desânimo avassalador. O pessimismo instala-se no ser, produzindo as reacções neuróticas de “fuga”, “fobias”, etc.
— Que consequências isto poderá acarretar?
— Esse clima resultante de quebra vibratória levaria a vítima, cada vez mais, a tornar-se vulnerável, com a possibilidade de ligar-se ainda a outros elementos espirituais de baixa categoria abrindo uma sequência de incidentes (assaltos, brigas, confusões) e até acidentes lamentáveis. (Nas vias públicas permanecem bandos de Espíritos desclassificados, urdindo a todos os instantes tais desatinos, valendo-se de seus afins encarnados ou de pessoas invigilantes).
— A prece auxilia, porque se não valem desse recurso valioso?
— Porque, geralmente as criaturas que vivem dentro dessa faixa vibratória, já desistiram da prece. Primeiro, porque o desânimo lhes invade o íntimo. Falta-lhes a fé indispensável. E, segundo, porque ao iniciarem suas rogativas, são praticamente assaltados pelos seus perseguidores que procuram impedi-los, de qualquer forma, de orar. Agem principalmente por sugestões telepáticas, enviando-lhes outras sugestões e outras ideias e até mesmo cenas imorais, que provocam imediata desistência, pela falsa dedução da heresia.
— Quem é a vítima, nas obsessões simples?
— A vítima pode ser sempre, qualquer um.
Kardec salienta sempre a responsabilidade da pessoa (em termos) levados em consideração o grau evolutivo e a vontade, na utilização do livre arbítrio.
Aos pesquisadores dos assuntos de tão grande transcendência a experiência mostra inúmeras criaturas de boa moral arcando temporariamente com certos envolvimentos mais ou menos pesados, o que nos obriga a ser desmedidos em tais julgamentos. A rigor ninguém estaria totalmente isento, mesmo porque até os virtuosos e (principalmente estes) despertam inveja em Espíritos atrasados e, se não sucumbem é, porque possuem muita resistência moral (e isto é factor importante a ressaltar: não sucumbem, quer dizer, não se permitem se deixarem arrastar), mas não deixarão de lhes sofrer as suas perseguições.
— Obsessões e Perturbações Espirituais seriam sinónimas?
— Para alguns autores são. Todavia, Kardec faz distinção entre as duas, considerando Perturbação uma “falsa influência”.
— Porque no Planeta Terra ocorrem tantas obsessões?
O Codificador do Espiritismo dá-nos a seguinte explicação: o nosso mundo é local de homens ainda maus e ao desencarnarem, continuam a ser o que eram, quando reencarnados, e portanto permanecem com as suas imperfeições e com as suas maldades, as obsessões de uma maneira geral decorrem face a esse” intercâmbio” entre encarnados e desencarnados.
— Como agir para se conseguir modificar esse quadro actual?
R — Pela moralização do homem. Por isso, o grande trabalho para os obsidiados é o estudo do Evangelho à luz da Doutrina Espírita.
O paciente não deve frequentar o Centro Espírita apenas para receber sua assistência magnética espiritual. Ele deverá ser um grande estudioso das Obras Espíritas. Ele precisa também das palestras evangélicas para se cultivar espiritualmente e também para identificar em si mesmo as suas imperfeições e aquilatar o que deve em si próprio corrigir, a fim de não se tornar um joguete nas mãos dos seus perseguidores espirituais.
— Segundo o Espírito, Dr. Bezerra de Menezes, o que seria a Obsessão, a rigor?
R— O encontro e a conjugação de duas forças simpáticas em permuta de afinidades.
— Qual a vantagem do obsidiado em se esforçar para a sua melhoria moral?
R — Pela Lei da Afinidade que liga a ambos, quando o sentimento de um melhora, provoca no outro também uma modificação para melhor.
— Qual o maior perigo de quem sofre pelas Obsessões?
R — As obsessões levam a graves problemas, grandes sofrimentos, muitos distúrbios e avultados prejuízos.
Mas, parece que os males ainda piores, serão os do “arrastamento” do obsidiado às más acções e à sua má conduta. Os obsessores sondam o íntimo do perseguido: se é vulnerável ao sexo (raros deixarão de sê-lo), ao jogo, ao orgulho, à ambição, à calúnia, etc. E exploram esses campos de inferioridades, armando determinadas ciladas onde o indivíduo possa comprometer-se perante terceiros, através de seduções, roubos, agressões e até crimes de todas as espécies.
— Como ficaria, em tais casos, o problema da responsabilidade?
R — Uma vez que possuímos o livre arbítrio, esses desmandos ser-nos-ão debitados. Seremos responsáveis, em grande percentagem, a menos que os processos obsessivos já tenham atingido uma virulência total, como nos casos mais graves de subjugação. Mas sempre subsiste uma parcela de responsabilidade.
— Como devem ser encaradas as Obsessões?
R — Elas fazem parte dos “flagelos de que a Humanidade muitas vezes se vê abraços neste mundo”. É como Kardec encara este problema.
Considerando-as como provas ou expiações. Explica-nos também por que ocorrem as doenças: porque temos imperfeições físicas que tornam vulnerável o corpo material a influências perniciosas do exterior. Assim, também a obsessão: é sempre o resultado de uma imperfeição moral, que dá acesso a um mau espírito.
Eis o que nos diz Emanuel no Livro “O Consolador”: Que a obsessão é sempre uma prova. Nunca um acontecimento eventual.
— Como combater a obsessão?
Kardec diz-nos, no Evangelho Segundo o Espiritismo:” A uma causa física, opõe-se uma força física; a uma causa moral, é necessário opor uma força moral”.
— O que tem a ver a expressão: “Espíritos endurecidos” com obsessão?
R — Geralmente, esses espíritos, que perseguem deliberadamente, estão de facto nessa condição de criaturas sem a mínima sensibilidade. Passaram por traumas violentos de injustiça humana em geral por responsabilidade daqueles a quem perseguem) e permanecem numa espécie de imobilidade consciencial. Não sentindo remorsos do mal que produzem, num certo sentido eximem-se de responder (temporariamente) perante a Justiça Divina, esquivando-se da necessária reparação que inclui entre tantos outros recursos, o da reencarnação.
— Como se considerar esse “endurecimento”?
R — Como uma espécie de moléstia moral, característica da Erraticidade, isto é, do Espaço.
— Por que se isentam esses espíritos endurecidos de responder temporariamente perante a Justiça Maior?
R — Porque é a própria consciência quem nos acusa, trazendo-nos de volta o sofrimento que infligimos a outrem, como uma forma de reequilibrar o mundo que desequilibramos pela nossa transgressão da Lei. Por isso é que afirmam os evangelizadores de outras religiões: o arrependimento é fundamental, pois representa o primeiro passo para a “salvação”.
— Kardec fez alguma distinção entre estes espíritos?
R — O Codificador fala-nos sobre duas categorias: a dos francamente maus e a dos hipócritas. Os piores seriam os hipócritas, em geral muito inteligentes e sem qualquer sentimento.
— Qual a característica dos primeiros?
R — Têm um certo temor em pronunciar o nome de Deus.
 No íntimo, isto revela uma remota possibilidade de levá-los ao arrependimento.
— E a dos segundos?
R — Estes são fingidos, fazem-se de muito bonzinhos, agem nas sombras, são perigosíssimos. São frequentemente autores de processos de fascinação individual e colectiva. Não titubeiam em usar os nomes mais nobres como os de Jesus, Maria e até o de Deus.
— São sempre Espíritos endurecidos os que promovem as perseguições espirituais?
R — De modo geral, as obsessões mais difíceis de curar, com grande frequência incuráveis, até seriam as produzidas por estas espécies de verdugos do Espaço. Contudo, haveria outras, também, em que o móvel não seria a vingança. Aliás, muitas vezes os obsessores não conheceriam a sua condição de já desencarnados.
 — Seriam casos leves ou graves, esses?
— Há casos leves e há casos graves, de vampirização inconsciente, os quais podem levar o obsidiado à morte em tempo curto pela perda de todas as energias.
— Que denominação dar a esses Espíritos?
 — Antigamente chamavam-se de “encosto”. Agora, falam em simbiose, embora este termo, a meu ver, deve ser aplicado apenas nos casos mais graves, de total subjugação. Seria mais precisamente para as ocorrências daquilo que se denominava, antigamente, de “possessão”.
— Quando morrem pessoas da família, podem ocorrer esses “encostos”?
R — Com mais frequência do que se imagina.
— Que acontece nas Obsessões, de modo geral, se o médium não procura moralizar-se?
— Os efeitos nefastos serão extensivos a todos os centros de força orgânica e psíquica.
— Sendo necessária a doutrinação de ambos, (obsidiado e obsessor) para colocar um ponto final no processo obsessivo, o que é, que nos dizem as obras esclarecedoras do assunto?
— Que, em geral, a doutrinação do encarnado é mais difícil do que a do desencarnado.
— A obsessão poderia transformar-se em Loucura?
— Segundo Emanuel, no livro — O Consolador, ele nos informa de que qualquer obsessão poderá transformar-se em Loucura em duas hipóteses: quando a lei das provações assim o exige e quando o obsidiado se entrega de bom grado a essa experiência.
— As actuações de Obsessores são feitas à revelia dos nossos protectores espirituais?
— Segundo o Livro dos Espíritos (na pergunta 497) os maus Espíritos “unem-se a fim de neutralizarem a acção dos bons. Se, porém, o protegido o quiser, dará força ao seu bom Espírito”. Essas actuações têm um limite, segundo Emanuel. Não afectam o seu objecto “senão na pauta de sua necessidade própria, porquanto, sob os olhos amoráveis de vossos guias do plano superior, todos esses movimentos têm uma finalidade sagrada, como a de ensinar-vos a fortaleza moral, a tolerância, a paciência, a conformação, nos mais sagrados imperativos da fraternidade e do bem”.
— Dessas declarações poder-se ia, deduzir que as Obsessões são-nos enviadas por Deus?
R — Não, absolutamente, não. “ O mau gênio é um Espírito imperfeito ou perverso que se liga ao homem com o fito de o desviar do bem. Mas age por iniciativa própria e não em virtude de qualquer missão”.
Livro dos Espíritos perg.514).
R — Como se apercebe, jamais as influências negativas seriam promovidas pela Vida Superior. Mas são permitidas, uma vez que o próprio encarnado é que, pelos erros do presente ou do passado, encontra-se no caminho desses movimentos de agressão.
 — Se as obsessões são permitidas, como poderá alguém livrar-se delas?
R — Pela submissão às Leis de Deus, pela vida devotada aos padrões superiores da vida moral e espiritual.
— Se as obsessões são aproveitadas visando o fortalecimento moral da vítima, deveríamos “agradecer” aos obsessores?
R — Embora aparentemente sarcástica, esta pergunta leva-nos ao conselho do novel Espírito Cairbar Schutel ao recomendar aos leitores de “Seareiros de Volta”, psicografado por Waldo Vieira, uma lista de providências das quais salientamos esta:” Não pensar mal de ninguém, em especial do desafecto desencarnado.”
— Que aconselham os Instrutores Espirituais, no Livro dos Espíritos na pergunta  531?
R — Aconselham ao obsidiado orar pelos obsessores e retribuir-lhes o mal com o bem.
— As obsessões requerem assistência médica?
R — Eis o que nos esclarece Allan-Kardec, no “Evangelho Segundo o Espiritismo”: A obsessão demasiado prolongada pode ocasionar desordens patológicas, exigindo por vezes um tratamento simultâneo ou consecutivo, seja magnético ou médico para o restabelecimento do organismo. A causa tendo sido afastada, ainda resta combater os efeitos.” (Cap. XXVIII.
— As obsessões podem levar-nos à morte?
R — Sim, podem! Quando os nossos obsessores desejam conduzir-nos ao extermínio, estimulam-nos ainda mais aos exercícios da prática do mal, piorando ainda mais a nossa situação actual, levando-nos mais depressa à queda pelo acúmulo das nossas imperfeições. E nesses “arrastamentos”, poderemos nos colocar em situações muito difíceis e muito perigosas.
Pela vaidade em excesso, pelo orgulho que se fere com facilidade, pela indisciplina e vontade de contrariar aqueles que nos querem bem e que nos dão bons conselhos. Os obsidiados podem ser levados à morte prematura por exemplo: ao volante de um carro a toda a velocidade, ou envolvendo-se em disputas e lutas contra desafectos, ou até mesmo mantendo uma vida desregrada que o conduza à ruína de sua saúde. Isto será sempre de sua responsabilidade, face à Lei Divina.
— Com referência à Lei de Causa e Efeito, como se interpretaria a possibilidade de acesso dos obsessores?
— Viriam quase como instrumentos cegos da reacção provocada pelos actos negativos do encarnado.
— Mas isso não gera um círculo vicioso?
— Sim, porque os perseguidores assumem novos compromissos que um dia terão de resgatar. Aliás, geralmente esses Espíritos em acção maléfica estão esquecidos (e isto acontece porque se encontram traumatizados por uma ideia fixa, de ódio) de que se tornaram vítimas foi por que anteriormente também haviam feito vítimas.
— O que podem visar, objectivamente, os obsessores?
R — Podem pretender sofrimentos físicos, morais, e morte por acidente, que aliás, só ocorrerão quando a Lei o permitir, no caso dessas” vítimas” se conservarem como devedoras ou quando se revelam demasiado fracos, entregando-se de bom grado, sem nenhuma reacção de esforço, de coragem e de fé.
— Como agiriam os obsessores quando planejam levar o seu perseguido ao suicídio?
R — Pela sugestão, vão trabalhando a alma do encarnado, porque vai ficando cada vez mais enfraquecida, justamente porque lhe falta o cultivo de um objectivo superior de vida. Os obsidiados passam a “enxergar”, quase “materializados”, à sua frente, conforme o permite a sua mediunidade (geralmente estes perseguidos possuem sensibilidade mediúnica), os quadros mentais: um comboio em movimento, sob o qual se devem arrojar, ou ingerindo um copo com veneno, ou apontando para si, uma arma. É muito importante, pois, conhecer esses ardis para se opor com veemência a qualquer tipo dessas artimanhas nesse sentido.
— O que favorece, com frequência o início de processos obsessivos nos encarnados?
— As complicações emocionais da luta diária, que faz cair as vítimas na faixa das forças espirituais inferiores, que as espreitam e passam daí em diante a encaminhá-las aos pensamentos desequilibrados. Os Espíritos nos espreitam como o gato espreita o rato! O apóstolo Paulo, também nos informa que somos cercados por uma nuvem de testemunhas. Diante do exposto, o melhor que fazemos é vigiarmos os nossos próprios pensamentos e dirigi-los no esforço do bem e para a prática das boas obras. Temos que nos policiar constantemente e pedir a Deus que não nos deixe cair em tentação.
Todas as correntes religiosas e filosóficas que nos ensinam a termos pensamentos positivos e, optimistas, a cultivar a alegria com responsabilidade, ajudam-nos a nos prevenirmos contra as obsessões.
— Além desses pensamentos negativos, que podem resultar também, de tais processos?
— O Dr. Espirito Dias da Cruz, ao tratar de problemas de ideia fixa, em “ Instruções Psicofônicas” (psicogr. De Francisco C.Xavier), adverte-nos para as chamadas enfermidades — alucinações, que permaneceriam junto das pessoas encarnadas ou já nas regiões inferiores da vida espiritual.
— O que mantém essas falsas enfermidades?
— Elas são mantidas com suas vítimas ao comando magnético de Entidades da sombra, com as quais estejam em sintonia. E nós, em face disto, perguntaríamos, também: não estaria aqui a causa das hipocondrias?
— Em que técnica se baseiam essas inteligências maléficas?
R—Trata-se de exploração do património mento-psíquico dos encarnados. E para tanto, utilizam-se da comunhão telepática. É por isso que se afirma: as vítimas têm a sua quota de responsabilidade.
— O que caracteriza os casos de obsessão telepática?
— O facto do indivíduo se tornar porta-voz do Espírito obsessor, mas sem perder a sua vontade. Ele se compraze no intercâmbio.
— Como é o carácter dessas pessoas, de modo geral?
— São amigas de brigas, de provocar intrigas, são nervosas, ou brincalhonas, excedem-se frequentemente, e envergonham-se depois. E  geralmente, o arrependimento chega tardiamente.
— Qual o caminho seguido pelo processo obsessivo?
R— Seria sempre pela mente (ou cérebro espiritual) que se iniciaria a dominação do obsessor. A partir desse domínio, outros recursos serão accionados: infiltração fluídica pestilencial, sugestão telepática, hipnose e sugestão hipnótica durante o sono, além de outros recursos de situações morais e materiais, adversas.
— São somente os médiuns que recebem essas “investidas”?
R — Não. Qualquer pessoa que apresente sintonia de gostos e vibrações com as entidades que o assediem. Contudo, será sempre sobre os médiuns distraídos e desconhecedores do assunto que se notarão influências negativas e malignas de maior intensidade e com mais frequência. É certo a transmissão (telepática) far-se-ia sempre com volume suficiente se a pessoa mantivesse o seu “rádio” (mente ligado na mesma estação pela qual o desencarnado faz emissão. E quanto mais eficiente o mecanismo do “aparelho receptor” (no caso, os médiuns), com mais intensidade será ouvida a “mensagem”.
— Qual o grande instrumento para desviar o indivíduo do peso obsessivo?
R — Partindo do princípio de que tanto a obsessão quanto a loucura, as enfermidades e delinquência podem resultar da inércia, e da inactividade do indivíduo, as quais fatalmente produzem tóxicos para a mente, chega-se à conclusão de que o melhor remédio contra tudo o que foi dito seria sempre o trabalho.
— Qual a maior queixa dos obsidiados?
R — A de que os outros não os entendem, que são maldosos ou ingratos. Julgam-se sempre certos, e os outros, errados. Estas atitudes são frequentes a dos obsidiados, fugirem da companhia não só de pessoas da família, quanto também (e principalmente) daqueles que, pela superioridade moral, ou pelo conhecimento do assunto da “obsessão” tenham condições para auxilia-los a se libertarem do seu jugo obsessor. Seu diagnóstico poderia ser o de “insuficiência evangélica”.
— Por que os exorcismos promovidos por outras religiões, em geral, quase não obtêm resultados?
R— Porque a atitude fundamental do exorcismo é sempre a de “expulsar” o Espírito obsessor, considerado e chamado “demónio”, pelas religiões tradicionais. O essencial não é expulsar mas conquistar pelo amor, libertando-o de suas angústias e aflições, pois em geral, o perseguidor é um Espírito carente, enlouquecido pela dor, necessitado também de uma terapia na sua alma, tanto quanto necessita o obsidiado. E isso não se faz mandando-o embora simplesmente, mas auxiliando-o pela compreensão e pelo amor.
— Se o Espírito obsessor está decidido à vingança, como deixará o seu perseguido em paz?
R — Sempre persiste no coração do ser encarnado e desencarnado o gérmen do amor que ele, quando em desequilíbrio, esforça-se por sufocar. No íntimo, todos anseiam, mesmo inconscientemente, pela volta desse sentimento.
Se aquele que dialoga com a Entidade (seja o doutrinador encarnado ou um Espírito de escol) consegue convencê-lo dessa realidade, estará dado o passo inicial para a volta à normalidade.
— Em que estariam equivocados os exorcistas?
R — Na utilização do método para a “cura”. O Espírito deve ser cativado, instruído e auxiliado e não meramente “expulso”.
— Quando é que os exorcismos poderiam ser benéficos?
R — Em casos raros, quando ocorreria não a intimidação mas a impregnação do obsessor pelo sentimento amoroso do exorcista, no caso de ser este não só um bom pregador, mas alguém de elevada moral e capacidade para transmitir amor.
— Todas as obsessões seriam passíveis de cura?
R — O problema de cura envolve inúmeros factores, pois como bem afirma o Espírito Dr. Bezerra de Menezes, na obra referenciadas, há obsessões violentas facilmente curáveis e há obsessões pacíficas, absolutamente incuráveis.
— Quando é que se torna muito difícil a cura?
R — Quando o obsidiado não se ajuda. Pior cego é o que não quer ver. Principalmente quando há em jogo preconceitos religiosos. O mesmo novel Espírito aponta as obsessões de” assédio ou actuação” em que o próprio obsidiado é quem atrai para si as entidades desequilibradas, pelo seu comportamento enfermiço.
Esses são casos crónicos, pois, recebendo assistência espiritual de “desobsessão”, na boa Casa Espírita, que é um reduto de amor, livra-se das entidades perniciosas do momento para logo após recair, por sua responsabilidade pelo atrair novos “companheiros” da Erraticidade.
O psiquiatra espírita Dr. Wilson Ferreira de Mello classifica estes exemplos como de auto-obsessão.
A obsessão é passível de contágio?
R — Sim. Através dos fluídos pegajosos e inferiores que se expandem, conforme o ambiente lhes seja ou não propício, isto é, também inferior, e através da sugestão mental. Daí a importância da prática do Evangelho no Lar, tanto profilacticamente quanto em especial para manter favorável a psicosfera do lar, quando já neles existem obsidiados em tratamento.
— Podem ocorrer obsessões colectivas?
R — Sim podem. E não são outra coisa essas ocorrências terríveis de fanatismo religioso, tais o suicídio em massa na Guiana, os actos de selvageria ultimamente muito frequentes, como os de linchamentos e outras revoltas de grupos fascinados.
— Haveria um modo de combater essas obsessões?
R — Sim. Pela divulgação correcta da Doutrina dos Espíritos, sem confusões nem sincretismo.
E ainda, estas outras providências, encontradas no Livro dos Espíritos, e que aqui se resume: Fazer somente o bem, colocar toda a confiança em Deus, não ceder às tentações perigosas e aos maus pensamentos, não discutir, não se envaidecer, não cultivar a ambição, perdoar as ofensas, não guardar mágoas, nem desejos de vingança, perseverar somente no amor e na caridade. Esses esforços atrairão para junto de nós a companhia dos Bons Espíritos que, dessa forma, pela simples presença dos Bons Espíritos, se afastarão os que são maus, ou que teimosamente tentem em se aproximar de nós.
Orai e vigiai, ensinou-nos Jesus.
A nossa invigilância é, uma porta escancarada para a Obsessão!
Muito fica por dizer acerca destes temas importantíssimos para todos nós, mas o trabalho vai muito extenso, portanto deixo apenas alguns conselhos: se sente influenciação espiritual visite uma Casa Espírita e procure ajuda.
Cuidado em núcleos particulares, há grande perigo de Fascinação, para os novatos.
Procure os Centros Espíritas bem constituídos, bem organizados e com submissão a Allan-Kardec, porque há maior segurança.

Fonte bibliográfica da colecção: “ Estudos Espiritas” de Helena Maria Craveiro Carvalho e do Evangelho Segundo o Espiritismo.
 
                                   Aurinda Tavares