“COMERÁS O PÃO COM O SUOR DO TEU ROSTO”
É bíblico, comerás o pão com o suor do teu rosto! Na
visão espírita, o trabalho é uma lei da Natureza, constituindo para o homem uma
necessidade. Acontece porém, que a civilização lhes aumenta as necessidades e
os gozos, obrigando à humanidade a trabalharem mais do que o que lhes seria necessário,
porque para além das suas necessidades, lhes são acrescidas outras que,
poderiam ser evitadas, com os seus atractivos e os seus gozos.
O trabalho se impõe ao homem por ser uma
consequência da sua natureza corpórea. É expiação e ao mesmo tempo, meio de
aperfeiçoamento da sua inteligência. Sem o trabalho, o homem permaneceria
sempre na infância e não desenvolveria as suas capacidades intelectuais e
morais.
É através do trabalho remunerado que o homem tem a
garantia do seu pão de cada dia, para se manter vivo e, para garantir também o
sustento da sua família, podendo dessa forma, assegurar-lhes o que se lhes
torna indispensável para o seu bem-estar, para o seu conforto, para a sua saúde
em suma: suprimindo a todas as suas necessidades.
Há um ditado popular muito certo que nos diz:
Trabalha Adão que Deus dá pão!
É por intermédio do trabalho, que
conseguiremos crescer, moralmente e intelectualmente; a inteligência que
possuímos é a ferramenta que Deus nos dá para descobrirmos tudo o que nos faz
falta, para o nosso progresso, para o nosso sustento e para o amparo da nossa família.
Sem trabalho o homem se entorpeceria e não chegaria a obter resultados
positivos, não chegando a lado nenhum. Todos nós necessitamos de produzir,
porque é pelo esforço do nosso trabalho, que tudo nos vem parar às mãos, ou
pelo menos o que nos faz falta! Temos que descobrir os recursos indispensáveis
pela nossa inteligência para que encontremos os tesouros que o nosso Planeta
Terra nos oferece para que nada nos falte.
A sabedoria de Deus é imensa, porque deu
ao homem todas as possibilidades, para que ele descobrisse neste minúsculo grão
de areia que é a Terra, tudo o que se lhes torna necessário para a sua
sobrevivência.
O trabalho é sempre compatível com a
nossa natureza corpórea e estará sempre de acordo com as nossas capacidades
físicas, intelectuais, resistência física e, também de acordo às nossas
necessidades evolutivas e, com aquilo que o Espírito ainda tem necessidade de aprender,
de expiar, ou mesmo, com as missões que tenha o homem que de desempenhar.
Note-se que, todos nós teremos, que
passar por muitas experiências e por muitas existências para que tenhamos de
aprender de tudo, passando portanto, por todas as profissões. Aqueles que hoje
são advogados, engenheiros, ou médicos, etc., amanhã poderão ser juízes, ou
aviadores, ou mesmo uns simples simples sapateiros, dependendo do uso que tenham
feito do seu livre-arbítrio, e da sua inteligência.
Pois, se não aproveitaram bem as faculdades e os talentos que Deus
lhes deu, em favor da humanidade; não desempenhando com responsabilidade, as
missões que lhes foram confiadas pela Providência Divina, poderão noutras
existências ter que, expiar por todas as faltas cometidas, pela sua má direcção,
ou pela falta de caridade e amor ao próximo.
As pessoas com grandes talentos e com grande soma de inteligência,
têm aos seus ombros uma grande responsabilidade, porque é um depósito que Deus
lhes concedeu, para ajudarem ao avanço da Humanidade; ao seu progresso; ao
desenvolvimento do seu Planeta, porque as ferramentas que possuem são mais aperfeiçoadas
e por isso esses homens são mais responsáveis do que os homens menos cultos.
O trabalho será uma expiação, missão, ou meio de aperfeiçoamento e
de desenvolvimento do nosso espírito, da nossa inteligência e também para o aprimoramento
da nossa personalidade.
Deus deu ao homem como prémio de todos os seus esforços o trabalho!
Sendo o trabalho uma lei da Natureza constitui, para toda a humanidade
uma necessidade, porque impõe a todos os homens a obrigação de colaborar também
no equilíbrio, na manutenção, na preservação e desenvolvimento do seu planeta.
É, através da nossa colaboração e boa vontade, que, auxiliamos na Obra
majestosa de Deus, à Obra do nosso Criador.
Ajuda-te a ti mesmo, que o Céu te ajudará. É o princípio da lei do trabalho e, por conseguinte, da lei do progresso, porquanto o progresso
é filho do trabalho, visto que este põe em acção as forças da inteligência.
(Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan-Kardec) capítulo XXV item 2.
No ponto 3 do mesmo Livro e no referido capítulo, ainda os
Benfeitores da Humanidade ainda mais referem: Se Deus houvesse isentado do
trabalho do corpo o homem, seus membros se teriam atrofiado; se o houvesse
isentado do trabalho da inteligência, seu espírito teria permanecia na
infância, no instinto animal. Por isso é que lhe fez do trabalho uma
necessidade e lhe disse: Procura e acharás; trabalha e produzirás. Dessa
maneira serás filho das tuas obras, terás delas o mérito e serás recompensado
de acordo com o hajas feito. (Evangelho Segundo o Espiritismo).
É através do trabalho, que nós evoluímos, que nós arranjamos todas
as oportunidades, para desenvolvermos as nossas potencialidades, exercitando o nosso
esforço, em benefício de nós mesmos e das comunidades em que estamos inseridos.
A Doutrina Espírita explica-nos que a lei do trabalho é natural e
traz progresso tanto material quanto espiritual. A questão 675 de O Livro dos
Espíritos esclarece que não devemos entender como trabalho apenas as ocupações
materiais: “Não; o Espírito desencarnado também trabalha, tal como o nosso corpo.
Todas as ocupações são úteis e são trabalho”.
Os Espíritos Superiores não poupam o homem do trabalho das
pesquisas, trazendo-lhas já prontinhas e a serem utilizadas. O homem tem que
partir para as descobertas e para as invenções, procurando nelas o que se lhes torna
necessário.
Os preguiçosos não poderão enriquecer e os ignorantes a se tornarem
sábios, sem meterem mãos à obra, porque é através do trabalho material, esforço
e boa vontade que tudo conquistaremos para as nossas necessidades corporais e
espirituais.
Espiritualmente falando, o trabalho espiritual permite que o ser
humano corrija as suas imperfeições e aprenda a disciplinar-se.
O Livro nosso Lar, psicografado por Francisco Cândido Xavier,
ensina-nos que o trabalho é factor indispensável para o progresso do espírito,
e que a oportunidade de trabalhar, para o espírito desencarnado, é considerada
a melhor das bênçãos.
É através do trabalho, quer ao lado da família, ou no meio social,
que nós teremos todas as oportunidades para construímos as bases do nosso
progresso, moral, intelectual e espiritual, para o nosso desenvolvimento espiritual
aqui na Terra, transportando todas essas experiências para o Mundo Espiritual,
quando deixarmos este.
O espírito Joana de Ângeles faz uma referência, sobre a importância
do trabalho realizado com alegria, como antídoto contra o desânimo e a favor da
evolução e da acção, aquando realizado para o bem. “Considerando o trabalho como
o melhor meio para se poder progredir. Quem não trabalha, entrega-se à ociosidade
e esta leva o indivíduo à paralisia moral e espiritual, entregando-se na
maioria das vezes a obsessões cruéis e de difícil cura. O homem que não se
dedica à acção libertadora do trabalho faz-se um peso enorme para a sociedade.
Portanto o trabalho é vida e é alegria.
Sejamos gratos a Deus pelas capacidades que nos deu e, pelas
oportunidades que nos concedeu para, podermos progredir, produzir, criar e
transformar. Todos temos possibilidades de descobrir, procurar e, de construir
o nosso caminho, para a nossa verdadeira felicidade, basta querermos! Querendo
poderemos dar o nosso contributo, a todos aqueles que nos rodeiam, seja em que
situação for, contribuindo com a nossa quota de trabalho no mundo. Todos nós podemos
dar a nossa ajuda na parte que nos toca na obra da criação, para a construção
de um planeta mais feliz para que se possa tornar um Paraíso.
Trabalhemos, pois, até ao limite das nossas forças, porque o
trabalho é uma bênção e uma bela oportunidade de crescimento moral e espiritual;
porém, ele deve ser feito com equilíbrio, sobretudo nas pessoas com alguma debilidade
física e em idade avançada. Evitemos também os exageros, que são prejudiciais à
nossa saúde, mas também não nos deixemos dominar pela preguiça, porque ela nos
leva à ociosidade e dizem os sábios, que a ociosidade, é a mãe de todos os
vícios.
O descanso é também é uma lei da natureza e serve para a reparação
das forças do corpo. Mas isto é, como em tudo: é preciso bom senso e equilíbrio.
“O maior trabalhador do Universo é Deus”. Jesus disse: “Meu Pai
trabalha até agora, e eu trabalho também.” Tudo na natureza trabalha; tudo
serve sob a lei da cooperação. O sol também envolve o mundo com os seus raios,
espalhando a sua luz e o seu calor. Os vegetais absorvem a luz solar, CO2 e
água, ajudando na atmosfera através do seu oxigénio. Alguns animais se nutrem
das plantas e outros de seres vivos e ainda há outros que se sacrificam para
servir de alimento ao homem. O homem trabalha para conservar o seu corpo
físico, assim como fazem os animais, mas além disso, trabalha para desenvolver
a sua inteligência e aperfeiçoar o seu Espírito.
Por trabalho só se devem entender as ocupações materiais?
Não; o Espírito também trabalha, assim como o corpo. Toda a ocupação
útil é trabalho. “O Livro dos Espíritos de Allan-Kardec” (Questão 675.
Tudo em a Natureza trabalha. Como tu, trabalham os animais, mas o
trabalho deles, de acordo com a inteligência de que dispõem, se limita a
cuidarem da própria conservação. Daí vem que o do homem visa duplo fim: a
conservação do corpo e o desenvolvimento da faculdade de pensar, o que também é
uma necessidade e o eleva acima de si mesmo. Quando digo que o trabalho dos
animais se cifra no cuidarem da sua própria conservação, refiro-me ao objetivo
com que trabalham. Entretanto, provendo às suas necessidades materiais, eles se
constituem, inconscientemente, executores dos desígnios do Criador e, assim, o
trabalho que executam também concorre para a realização do objetivo final da
Natureza, se bem quase nunca lhe descubrais o resultado imediato. (O Livro dos
Espíritos. Questão 677. Allan Kardec).
Na verdade, não descobrimos de imediato o trabalho que alguns
animais nos oferecem. Vejamos só apenas alguns exemplos: o cavalo, a égua, os
jumentos, por exemplo, em tempos idos, eram tidos como os meios de transportes e
de auxiliares do homem nos campos. Como puxar carroças, aos arados nas
lavouras, em épocas não muito distantes. As vacas e os bois também ajudavam na
agricultura puxando à charrua, arando a terra etc., claro está, com a ajuda dos
seus donos, que ensinavam aos seus "cooperadores" animais.
As vacas também tiravam água à nora, em estanca-rios, com a ajuda
de alguém que as tocasse.
Também esses animais puxavam aos carros de bois para transportarem:
lenhas, estrumes, cereais, palhas, etc.
Alguns animais além do trabalho que nos oferecem dão-nos, também
para o nosso sustento: a sua carne, os seus ovos, o seu leite e muitos deles ainda
nos oferecem a sua companhia.
As ovelhas dão-nos também o seu contributo, com a sua lã para o
nosso vestuário, etc., outros, animais, o couro, para nos calçarmos, e para
diversas utilidades, dos humanos.
As abelhas produzem o mel e o propólis, muito utilizados para tratarem
certas doenças e, combaterem e tratarem as gripes, os resfriados e outros
problemas de garganta.
A formiga também trabalha, guardando para si os alimentos para o
inverno.
Os passarinhos constroem os seus ninhos e dão o alimento aos seus
filhos quando estes nascem.
Todos os animais velam pelas suas crias e têm o trabalho de as
alimentarem, até elas poderem ter autonomia.
Também os animais, contribuem para o sustento uns dos outros, para
a sustentabilidade da Natureza.
A nossa natureza corpórea está também, sujeita à alimentação
animal, porque o homem também se tem de nutrir de carne animal, porque a carne
alimenta a carne.
No Mundo espiritual, certos animais também são utilizados pelos Espíritos
como seus auxiliares, como por exemplo no Umbral!
A polinização é feita por certos animais, como por exemplo o
morcego. Eles polinizam um certo número de vegetais.
Como a maioria deles se alimenta de frutos, eles espalham as
sementes por várias árias, fazendo com que novas plantas nasçam para produzirem
mais frutos.
O homem é também um colaborador de Deus na Obra da criação e tem a
obrigação de com Deus colaborar para a grandiosidade da Sua Obra.
Ora quem não tiver trabalho que o procure por todos os meios, há
trabalho para todos, basta procurá-lo, remunerado, para o sustento da sua
família e ainda existem trabalhos em voluntariado, tão necessários para as
comunidades.
Nunca ninguém poderá por pão na mesa, sem trabalho, sem sacrifícios
e sem fazer por ele.
Há pessoas que não gostam de trabalhar, mas que dizem que gostavam
era que lhes calhasse a loteria, ou o totoloto, para não terem de fazer nada,
mas seria que elas se encontrariam realizadas e encontrariam a verdadeira felicidade
no dinheiro? A meu ver não. Viveriam mais preocupadas, mais expostas às
tentações e aos prazeres mundanos e, mais arriscadas a outros factores de risco, se não forem
espiritualizadas e devidamente moralizadas.
Conheci um casal a quem lhes calhou o totoloto e nunca vi essas
pessoas felizes, porque o dinheiro afinal, não lhes deu a felicidade total. Em abono
da verdade, as pessoas com avultadas somas de dinheiro, têm o dever de ajudar
em obras humanitárias para ajudarem aos mais carenciados. Promovendo o
desenvolvimento, abrindo postos de trabalho, para ajudarem a matar a fome à população, etc., existem tantas coisas no Mundo que podem ser feitas em favor de
todos e que, muitos homens de poder, poderiam contribuir em favor daqueles que
nada têm.
A Doutrina Espírita ensina que é
muito mais arriscada a prova da riqueza, do que a da miséria, porque a riqueza
proporciona ao homem todo o tipo de prazeres mundanos, muitos gozos, e toda as
espécies de tentações e facilmente sucumbe nesses gozos. Já na prova da miséria,
o homem só sucumbe na sua revolta contra a Providência. Feliz do homem que
aceita as provas da miséria sem queixumes e sem a sua revolta contra Deus.Vencermos a nossa ociosidade é sem margem para dúvidas uma grande fortuna.
Se esperamos por descanso depois da morte, estaremos muito mal informados.
A morte é a vida que se desdobra, plena de trabalho em todos os sentidos…'' (O
Evangelho de Chico Xavier. Item 347. Carlos A. Baccelli.
A ociosidade no mundo espiritual seria um suplício, em vez de ser
um benefício.
Qual o limite do trabalho?
O das forças. Em suma, a esse respeito Deus deixa inteiramente
livre o homem. (O Livro dos Espíritos. Questão 683. Allan Kardec).
Rodolfo Calligaris espírito, recomenda: ''Trabalhemos, pois, “até
o limite de nossas forças”, já que o trabalho é uma bênção; cuidemos porém, de
evitar a exaustão e a estafa, antes que esses males nos conduzam à neurastenia
ou ao esgotamento nervoso.'' (As leis morais. Cap. 15. Rodolfo Calligaris.
Fontes bibliográficas:
O livro dos Espíritos de Allan-Kardec
O livro dos Espíritos de Allan-Kardec
Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan-Kardec
O evangelho de Chico Xavier de Carlos A. Baccelli.
O evangelho de Chico Xavier de Carlos A. Baccelli.
Aurinda Tavares