domingo, 4 de dezembro de 2016

COMERÁS O PÃO COM O SUOR DO TEU ROSTO

                   
                 “COMERÁS O PÃO COM O SUOR DO TEU ROSTO”




É bíblico, comerás o pão com o suor do teu rosto! Na visão espírita, o trabalho é uma lei da Natureza, constituindo para o homem uma necessidade. Acontece porém, que a civilização lhes aumenta as necessidades e os gozos, obrigando à humanidade a trabalharem mais do que o que lhes seria necessário, porque para além das suas necessidades, lhes são acrescidas outras que, poderiam ser evitadas, com os seus atractivos e os seus gozos.
O trabalho se impõe ao homem por ser uma consequência da sua natureza corpórea. É expiação e ao mesmo tempo, meio de aperfeiçoamento da sua inteligência. Sem o trabalho, o homem permaneceria sempre na infância e não desenvolveria as suas capacidades intelectuais e morais.
É através do trabalho remunerado que o homem tem a garantia do seu pão de cada dia, para se manter vivo e, para garantir também o sustento da sua família, podendo dessa forma, assegurar-lhes o que se lhes torna indispensável para o seu bem-estar, para o seu conforto, para a sua saúde em suma: suprimindo a todas as suas necessidades.
Há um ditado popular muito certo que nos diz: Trabalha Adão que Deus dá pão!
É por intermédio do trabalho, que conseguiremos crescer, moralmente e intelectualmente; a inteligência que possuímos é a ferramenta que Deus nos dá para descobrirmos tudo o que nos faz falta, para o nosso progresso, para o nosso sustento e para o amparo da nossa família. Sem trabalho o homem se entorpeceria e não chegaria a obter resultados positivos, não chegando a lado nenhum. Todos nós necessitamos de produzir, porque é pelo esforço do nosso trabalho, que tudo nos vem parar às mãos, ou pelo menos o que nos faz falta! Temos que descobrir os recursos indispensáveis pela nossa inteligência para que encontremos os tesouros que o nosso Planeta Terra nos oferece para que nada nos falte.
A sabedoria de Deus é imensa, porque deu ao homem todas as possibilidades, para que ele descobrisse neste minúsculo grão de areia que é a Terra, tudo o que se lhes torna necessário para a sua sobrevivência.
O trabalho é sempre compatível com a nossa natureza corpórea e estará sempre de acordo com as nossas capacidades físicas, intelectuais, resistência física e, também de acordo às nossas necessidades evolutivas e, com aquilo que o Espírito ainda tem necessidade de aprender, de expiar, ou mesmo, com as missões que tenha o homem que de desempenhar.
Note-se que, todos nós teremos, que passar por muitas experiências e por muitas existências para que tenhamos de aprender de tudo, passando portanto, por todas as profissões. Aqueles que hoje são advogados, engenheiros, ou médicos, etc., amanhã poderão ser juízes, ou aviadores, ou mesmo uns simples simples sapateiros, dependendo do uso que tenham feito do seu livre-arbítrio, e da sua inteligência.
Pois, se não aproveitaram bem as faculdades e os talentos que Deus lhes deu, em favor da humanidade; não desempenhando com responsabilidade, as missões que lhes foram confiadas pela Providência Divina, poderão noutras existências ter que, expiar por todas as faltas cometidas, pela sua má direcção, ou pela falta de caridade e amor ao próximo.
As pessoas com grandes talentos e com grande soma de inteligência, têm aos seus ombros uma grande responsabilidade, porque é um depósito que Deus lhes concedeu, para ajudarem ao avanço da Humanidade; ao seu progresso; ao desenvolvimento do seu Planeta, porque as ferramentas que possuem são mais aperfeiçoadas e por isso esses homens são mais responsáveis do que os homens menos cultos.
O trabalho será uma expiação, missão, ou meio de aperfeiçoamento e de desenvolvimento do nosso espírito, da nossa inteligência e também para o aprimoramento da nossa personalidade.
Deus deu ao homem como prémio de todos os seus esforços o trabalho!
Sendo o trabalho uma lei da Natureza constitui, para toda a humanidade uma necessidade, porque impõe a todos os homens a obrigação de colaborar também no equilíbrio, na manutenção, na preservação e desenvolvimento do seu planeta. É, através da nossa colaboração e boa vontade, que, auxiliamos na Obra majestosa de Deus, à Obra do nosso Criador.
Ajuda-te a ti mesmo, que o Céu te ajudará. É o princípio da lei do trabalho e, por conseguinte, da lei do progresso, porquanto o progresso é filho do trabalho, visto que este põe em acção as forças da inteligência. (Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan-Kardec) capítulo XXV item 2.
No ponto 3 do mesmo Livro e no referido capítulo, ainda os Benfeitores da Humanidade ainda mais referem: Se Deus houvesse isentado do trabalho do corpo o homem, seus membros se teriam atrofiado; se o houvesse isentado do trabalho da inteligência, seu espírito teria permanecia na infância, no instinto animal. Por isso é que lhe fez do trabalho uma necessidade e lhe disse: Procura e acharás; trabalha e produzirás. Dessa maneira serás filho das tuas obras, terás delas o mérito e serás recompensado de acordo com o hajas feito. (Evangelho Segundo o Espiritismo).
É através do trabalho, que nós evoluímos, que nós arranjamos todas as oportunidades, para desenvolvermos as nossas potencialidades, exercitando o nosso esforço, em benefício de nós mesmos e das comunidades em que estamos inseridos.
A Doutrina Espírita explica-nos que a lei do trabalho é natural e traz progresso tanto material quanto espiritual. A questão 675 de O Livro dos Espíritos esclarece que não devemos entender como trabalho apenas as ocupações materiais: “Não; o Espírito desencarnado também trabalha, tal como o nosso corpo. Todas as ocupações são úteis e são trabalho”.
Os Espíritos Superiores não poupam o homem do trabalho das pesquisas, trazendo-lhas já prontinhas e a serem utilizadas. O homem tem que partir para as descobertas e para as invenções, procurando nelas o que se lhes torna necessário.
Os preguiçosos não poderão enriquecer e os ignorantes a se tornarem sábios, sem meterem mãos à obra, porque é através do trabalho material, esforço e boa vontade que tudo conquistaremos para as nossas necessidades corporais e espirituais.
Espiritualmente falando, o trabalho espiritual permite que o ser humano corrija as suas imperfeições e aprenda a disciplinar-se.
O Livro nosso Lar, psicografado por Francisco Cândido Xavier, ensina-nos que o trabalho é factor indispensável para o progresso do espírito, e que a oportunidade de trabalhar, para o espírito desencarnado, é considerada a melhor das bênçãos.
É através do trabalho, quer ao lado da família, ou no meio social, que nós teremos todas as oportunidades para construímos as bases do nosso progresso, moral, intelectual e espiritual, para o nosso desenvolvimento espiritual aqui na Terra, transportando todas essas experiências para o Mundo Espiritual, quando deixarmos este.
O espírito Joana de Ângeles faz uma referência, sobre a importância do trabalho realizado com alegria, como antídoto contra o desânimo e a favor da evolução e da acção, aquando realizado para o bem. “Considerando o trabalho como o melhor meio para se poder progredir. Quem não trabalha, entrega-se à ociosidade e esta leva o indivíduo à paralisia moral e espiritual, entregando-se na maioria das vezes a obsessões cruéis e de difícil cura. O homem que não se dedica à acção libertadora do trabalho faz-se um peso enorme para a sociedade. Portanto o trabalho é vida e é alegria.
Sejamos gratos a Deus pelas capacidades que nos deu e, pelas oportunidades que nos concedeu para, podermos progredir, produzir, criar e transformar. Todos temos possibilidades de descobrir, procurar e, de construir o nosso caminho, para a nossa verdadeira felicidade, basta querermos! Querendo poderemos dar o nosso contributo, a todos aqueles que nos rodeiam, seja em que situação for, contribuindo com a nossa quota de trabalho no mundo. Todos nós podemos dar a nossa ajuda na parte que nos toca na obra da criação, para a construção de um planeta mais feliz para que se possa tornar um Paraíso.
Trabalhemos, pois, até ao limite das nossas forças, porque o trabalho é uma bênção e uma bela oportunidade de crescimento moral e espiritual; porém, ele deve ser feito com equilíbrio, sobretudo nas pessoas com alguma debilidade física e em idade avançada. Evitemos também os exageros, que são prejudiciais à nossa saúde, mas também não nos deixemos dominar pela preguiça, porque ela nos leva à ociosidade e dizem os sábios, que a ociosidade, é a mãe de todos os vícios.
O descanso é também é uma lei da natureza e serve para a reparação das forças do corpo. Mas isto é, como em tudo: é preciso bom senso e equilíbrio.
“O maior trabalhador do Universo é Deus”. Jesus disse: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.” Tudo na natureza trabalha; tudo serve sob a lei da cooperação. O sol também envolve o mundo com os seus raios, espalhando a sua luz e o seu calor. Os vegetais absorvem a luz solar, CO2 e água, ajudando na atmosfera através do seu oxigénio. Alguns animais se nutrem das plantas e outros de seres vivos e ainda há outros que se sacrificam para servir de alimento ao homem. O homem trabalha para conservar o seu corpo físico, assim como fazem os animais, mas além disso, trabalha para desenvolver a sua inteligência e aperfeiçoar o seu Espírito.
Por trabalho só se devem entender as ocupações materiais?
Não; o Espírito também trabalha, assim como o corpo. Toda a ocupação útil é trabalho. “O Livro dos Espíritos de Allan-Kardec” (Questão 675.
Tudo em a Natureza trabalha. Como tu, trabalham os animais, mas o trabalho deles, de acordo com a inteligência de que dispõem, se limita a cuidarem da própria conservação. Daí vem que o do homem visa duplo fim: a conservação do corpo e o desenvolvimento da faculdade de pensar, o que também é uma necessidade e o eleva acima de si mesmo. Quando digo que o trabalho dos animais se cifra no cuidarem da sua própria conservação, refiro-me ao objetivo com que trabalham. Entretanto, provendo às suas necessidades materiais, eles se constituem, inconscientemente, executores dos desígnios do Criador e, assim, o trabalho que executam também concorre para a realização do objetivo final da Natureza, se bem quase nunca lhe descubrais o resultado imediato. (O Livro dos Espíritos. Questão 677. Allan Kardec).
Na verdade, não descobrimos de imediato o trabalho que alguns animais nos oferecem. Vejamos só apenas alguns exemplos: o cavalo, a égua, os jumentos, por exemplo, em tempos idos, eram tidos como os meios de transportes e de auxiliares do homem nos campos. Como puxar carroças, aos arados nas lavouras, em épocas não muito distantes. As vacas e os bois também ajudavam na agricultura puxando à charrua, arando a terra etc., claro está, com a ajuda dos seus donos, que ensinavam aos seus "cooperadores" animais.
As vacas também tiravam água à nora, em estanca-rios, com a ajuda de alguém que as tocasse.
Também esses animais puxavam aos carros de bois para transportarem: lenhas, estrumes, cereais, palhas, etc.
Alguns animais além do trabalho que nos oferecem dão-nos, também para o nosso sustento: a sua carne, os seus ovos, o seu leite e muitos deles ainda nos oferecem a sua companhia.
As ovelhas dão-nos também o seu contributo, com a sua lã para o nosso vestuário, etc., outros, animais, o couro, para nos calçarmos, e para diversas utilidades, dos humanos.
As abelhas produzem o mel e o propólis, muito utilizados para tratarem certas doenças e, combaterem e tratarem as gripes, os resfriados e outros problemas de garganta.
A formiga também trabalha, guardando para si os alimentos para o inverno.
Os passarinhos constroem os seus ninhos e dão o alimento aos seus filhos quando estes nascem.
Todos os animais velam pelas suas crias e têm o trabalho de as alimentarem, até elas poderem ter autonomia.
Também os animais, contribuem para o sustento uns dos outros, para a sustentabilidade da Natureza.
A nossa natureza corpórea está também, sujeita à alimentação animal, porque o homem também se tem de nutrir de carne animal, porque a carne alimenta a carne.
No Mundo espiritual, certos animais também são utilizados pelos Espíritos como seus auxiliares, como por exemplo no Umbral!
A polinização é feita por certos animais, como por exemplo o morcego. Eles polinizam um certo número de vegetais.
Como a maioria deles se alimenta de frutos, eles espalham as sementes por várias árias, fazendo com que novas plantas nasçam para produzirem mais frutos.
O homem é também um colaborador de Deus na Obra da criação e tem a obrigação de com Deus colaborar para a grandiosidade da Sua Obra.
Ora quem não tiver trabalho que o procure por todos os meios, há trabalho para todos, basta procurá-lo, remunerado, para o sustento da sua família e ainda existem trabalhos em voluntariado, tão necessários para as comunidades.
Nunca ninguém poderá por pão na mesa, sem trabalho, sem sacrifícios e sem fazer por ele.
Há pessoas que não gostam de trabalhar, mas que dizem que gostavam era que lhes calhasse a loteria, ou o totoloto, para não terem de fazer nada, mas seria que elas se encontrariam realizadas e encontrariam a verdadeira felicidade no dinheiro? A meu ver não. Viveriam mais preocupadas, mais expostas às tentações e aos prazeres mundanos e, mais arriscadas a outros factores de risco, se não forem espiritualizadas e devidamente moralizadas.
Conheci um casal a quem lhes calhou o totoloto e nunca vi essas pessoas felizes, porque o dinheiro afinal, não lhes deu a felicidade total. Em abono da verdade, as pessoas com avultadas somas de dinheiro, têm o dever de ajudar em obras humanitárias para ajudarem aos mais carenciados. Promovendo o desenvolvimento, abrindo postos de trabalho, para ajudarem a matar a fome à população, etc., existem tantas coisas no Mundo que podem ser feitas em favor de todos e que, muitos homens de poder, poderiam contribuir em favor daqueles que nada têm.
A Doutrina Espírita ensina que é muito mais arriscada a prova da riqueza, do que a da miséria, porque a riqueza proporciona ao homem todo o tipo de prazeres mundanos, muitos gozos, e toda as espécies de tentações e facilmente sucumbe nesses gozos. Já na prova da miséria, o homem só sucumbe na sua revolta contra a Providência. Feliz do homem que aceita as provas da miséria sem queixumes e sem a sua revolta contra Deus.
Vencermos a nossa ociosidade é sem margem para dúvidas uma grande fortuna.
Se esperamos por descanso depois da morte, estaremos muito mal informados. A morte é a vida que se desdobra, plena de trabalho em todos os sentidos…'' (O Evangelho de Chico Xavier. Item 347. Carlos A. Baccelli.
A ociosidade no mundo espiritual seria um suplício, em vez de ser um benefício.
Qual o limite do trabalho?
O das forças. Em suma, a esse respeito Deus deixa inteiramente livre o homem. (O Livro dos Espíritos. Questão 683. Allan Kardec).
Rodolfo Calligaris espírito, recomenda: ''Trabalhemos, pois, “até o limite de nossas forças”, já que o trabalho é uma bênção; cuidemos porém, de evitar a exaustão e a estafa, antes que esses males nos conduzam à neurastenia ou ao esgotamento nervoso.'' (As leis morais. Cap. 15. Rodolfo Calligaris.

Fontes bibliográficas:
O livro dos Espíritos de Allan-Kardec
Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan-Kardec
O evangelho de Chico Xavier de Carlos A. Baccelli.

                                                 Aurinda Tavares




sábado, 1 de outubro de 2016

“A FÉ QUE TRANSPORTA MONTANHAS”

                                     
                               
                                    “A FÉ QUE TRANSPORTA MONTANHAS”
                                                                   
                                                                           
 A fé é o orvalho divino.
É a fé que luariza a nossa alma e a prepara para a o Mundo Maior. Também é através da fé que, adquirimos as energias necessárias, para nos dar a confiança necessária ajudando-nos a criar as forças indispensáveis para o nosso equilíbrio espiritual, moral, físico, familiar, social e em todas as situações, quer sejam fáceis ou mesmo nas mais difíceis.
Lembremo-nos de que a nossa mente é uma força criadora, capaz de construir e de destruir, e todos nós somos capazes de realizar grandes coisas, através da nossa confiança em Deus pelo poder da fé e da confiança em nós próprios. Assim agindo, com toda a confiança em nós, naquilo que seremos capazes de realizar, seremos herdeiros de um grande potencial de coragem e de determinação para tudo o que nos compete realizar e cumprir ainda neste Mundo e nesta existência.
Aquele que, simplesmente duvida das suas forças e não tem confiança em Deus, no seu poder, na sua bondade e na sua misericórdia, não terá em si mesmo a força movida por outra força, chamada: Deus. Que é quem lhe dá o sustentáculo para lhe servir de pilar. E facilmente sucumbirá nas suas realizações, se não acreditar em si mesmo e nas capacidades com que sua alma se agiganta. Estejam elas ou não, em estado embrionário ou letárgico, ou camufladas, não as deixando sobressair. Essas forças ocultas residem nos refolhos da nossa consciência, no mais íntimo do nosso ser, é só prestarmos atenção à voz que nos adverte e nos alerta de que querer é poder.
A fé se adquire, e não se prescreve, assim como também não se impõe a ninguém, mas não há ninguém no mundo que esteja privado de a ter ou de a cultivar, mesmo entre os mais insubmissos às leis divinas.
Todos os seres humanos têm em si mesmos a semente divina para germinar e Deus nos deu essa semente para que possa fecundar no nosso interior para nos que nos ajudar no nosso caminho evolutivo.
Estejamos atentos ao Evangelho do Cristo, porque ele é a Luz que se acende no nosso caminho. A Fé é o combustível divino que nos aquece, nos sustenta, nos ilumina e nos dá a vida.
É como a prece, sendo-nos necessária, em todos os instantes, porque também a alma, tal como o nosso corpo, necessita de alimento.
O corpo necessita de cuidados, vários, tais como: higiene, alimentação equilibrada, da mente com pensamentos sadios, e, positivos e elevados.
Podendo-se mesmo afirmar que o sustento do nosso Espírito é a Oração, o que equivale a dizer: que a arma do cristão é a Oração.
Pois em verdade vos digo, se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha. Transporta-te daí para ali e ela se transportaria, e nada vos seria impossível.
(S. Mateus, cap. XVII.VV.14 a 20.)           
Mas as montanhas que a fé pode deslocar são as dificuldades, as resistências, a má vontade, a hipocrisia, em suma todos os preconceitos na vida diária dos indivíduos, o interesse material, o egoísmo, a cegueira do fanatismo e as paixões orgulhosas que são outras tantas montanhas que barram o caminho a quem quer trabalhar pelo progresso da Humanidade.
A fé sólida e robusta dá-nos a perseverança, a energia e os recursos essenciais para vencermos todos os obstáculos tanto nas pequenas coisas como nas grandes.
Da fé vacilante, resultam medos, incertezas, hesitações, dúvidas e tormentos, e é dessa fé, que se aproveitam os nossos adversários se não formos fortes e, corajosos, resolutos e firmes; essa fé não procura os meios e o remédio para vencer, porque não acredita que possa vencer.
Uma fé firme é aquela que não vacila, e procura todos os meios ao seu alcance para poder vencer!
Em outro significado, pode entender-se como fé a confiança que se tem na realização de alguns dos nossos sonhos, dando-nos uma espécie de lucidez permitindo-nos em pensamento antever a meta a alcançar e quais os meios para a chegar até eles.
A fé e a confiança dão-nos segurança, para a realização de todas as grandes coisas que Deus permita que possamos fazer.
A fé sincera e verdadeira é sempre calma; faculta-nos a paciência, sabendo esperar, porque se apoia na sua inteligência, acabando por ter a compreensão das coisas e a certeza de chegar aos fins visados. A fé vacilante duvida de si mesma e sente a sua própria fraqueza e quando é estimulada pelos seus interesses, torna-se furibunda e julga compensar, com os recursos da violência, porque a força lhe falece.
Devemos resolver os nossos problemas com calma, porque na luta ela é sempre um sinal de força e de confiança; a violência muito pelo contrário é sinal de fraqueza e de dúvida sobre si mesmo.
Também não confundamos, fé com presunção. A verdadeira fé se conjuga à humildade; aquele que a possui deposita mais confiança em Deus do que em si próprio, porque sabe perfeitamente que é um simples instrumento da vontade divina e que nada poderá realizar sem Ele.
E por essa razão os Bons-Espíritos acorrem a nos sustentarem nas nossas lutas, nas nossas dores e nas nossas provas, dando-nos a coragem moral de que tanto necessitamos, a resignação, o bom ânimo, a força, a paciência, suscitando-nos bons pensamentos.
A presunção, leva-nos à falta de fé e ao orgulho, e o orgulho será sempre abatido e castigado, quer seja cedo ou tarde, pelas decepções e pelos fracassos que lhe serão aplicados pelas leis divinas.
O poder da fé se apresenta, de modo directo e especial, na acção magnética e através dessa força magnética poderosíssima, o homem por seu intermédio, pode actuar sobre o fluido cósmico universal que é o seu agente, podendo modificar-lhe as propriedades e lhe dar uma impulsão por assim dizer irresistível. Daí decorre que aquele que a um grande poder fluídico normal juntar ardente fé, pode pela força de sua vontade dirigida para o bem, operar esses singulares fenómenos de cura e outros, tidos antigamente por prodígios, mas que não passavam de um efeito de uma lei natural e que só com o estudo do espiritismo podemos entendê-los. Tal o motivo que levou Jesus a dizer aos seus apóstolos: se não o curaste, foi porque não tínheis fé.
1.    Quando ele veio ao encontro do povo, um homem se lhe aproximou e, lançando-se de joelhos a seus pés, disse: Senhor, tem piedade do meu filho, que é lunático e sofre muito, pois cai muitas vezes no fogo e muitas vezes na água. — Apresentei-o aos teus discípulos, mas eles não o puderam curar. — Jesus respondeu, dizendo: ó raça incrédula e depravada, até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei-me aqui esse menino. — E tendo Jesus ameaçado o demónio, (ou seja o mau espírito, o demónio não existe) este saiu do menino, que no mesmo instante ficou são. — Os discípulos vieram então ter com Jesus em particular e lhe perguntaram: Por que não pudemos nós outros expulsar esse demónio? — Respondeu-lhes Jesus: Por causa da vossa incredulidade. Pois em verdade vos digo, se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: Transporta-te daí para ali e ela se transportaria, e nada vos seria impossível. (S. Mateus, cap. XVII, vv.14 a 20.)
Aqui temos uma grande lição que Jesus deixou aos seus apóstolos e que também serve para todos nós.
Ora a fé é a garantia daquilo que se espera e que se pretende realizar e se não tivermos fé, tudo se poderá diluir.
Para vencer a incredulidade Deus emprega os meios que lhe convém sobre cada um de nós, impõe-nos condições, não se submete a elas. Ouve com bondade, os que O buscam, humildemente e que não se julgam mais do que Ele.
Um estudo aprofundado da Doutrina dos Espíritos, leva-nos a termos mais fé, mais amor às criaturas, mais compreensão para com elas, aprendemos a ser mais humildades, mais generosos, a termos mais paciência, mais coragem, mais resignação, a sermos mais fraternos. A fé nos encoraja nas nossas provas e nas nossas lutas, e desperta em nós mais amor a Deus e mais amor ao nosso próximo.
Fontes de consulta:
O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan-Kardec.

                                   Aurinda Tavares


           

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

PAULO DE TARSO “PERSEGUIDOR E APÓSTOLO”

                                                                                   
                                                                                    
                 PAULO DE TARSO
                                   “PERSEGUIDOR E APÓSTOLO”
                               
                                                      
Saulo era o seu nome real. Nasceu na cidade de Tarso, na Cilícia, distrito da Ásia Menor, entre a Panfília e a Síria (hoje Turquia). Nascera por volta do ano10 da nossa era segundo a história oficial. Segundo Emanuel, na Obra Paulo e Estêvão, “Obra” psicográfica de Francisco Cândido Xavier, esta relata que, no ano 35, já em Jerusalém, Saulo teria 30 anos de idade. Subentende-se que, Saulo terá nascido, no ano 5, e não no ano10. Era mais jovem do que Jesus e nos escritos sagrados não consta que o tenha conhecido pessoalmente. Provavelmente não o teria mesmo visto, porque perante a figura majestosa e deslumbrante do Mestre, que se lhes apresenta aos seus olhos atônitos, Saulo de Tarso pergunta quem é.
Nos tempos romanos, a Cilícia exportava grande quantidade de lã caprina, chamada cilicium, da qual se faziam tendas.Saulo de Tarso aprendeu o ofício de tecelão, no tear de seu pai, porque segundo a tradição rabínica, era da praxe todo o rabino, inclusive os mais ilustrados aprenderem um ofício manual para prover ao seu sustento em caso de necessidade. A cilícia, no tempo romano, exportava grande quantidade de lã caprina, da qual se faziam tendas.
Tarso era, no tempo de Saulo, um porto de mar aberto ao comércio e a todas as influências externas, especialmente com os gregos.
Paulo de Tarso era descendente de uma família abastada família judaica muito aferrada a um formalismo rígido, pois eram judeus da Diáspora, vivendo longe da sua Pátria e espalhados pelo imenso Império Romano. Era Cidadão de Roma por nascimento e filho de Israel por direito. Foi circuncisado no oitavo dia e recebeu o nome de Saulo. Destinado a uma carreira rabínica, frequentou a escola anexa à Sinagoga aonde aprendeu a síntese da Lei de Moisés.
A escola da Sinagoga ajudava os pais judeus a transmitir a herança religiosa de Israel aos filhos. Fidelíssimos à crença que professavam, estavam decididos a resistir aos esforços de seus conquistadores romanos de impor-lhes novas crenças e novos estilos de vida. No primeiro século da nossa era eles se haviam tornado a “aristocracia espiritual” de seu povo. Paulo era fariseu, filho de fariseus” A 23.6.
Estejamos pois certos de que seu preparo religioso teve os seus alicerces na lealdade aos regulamentos da Lei, consoante era interpretada pelos rabinos.
Em Jerusalém passou a frequentar a Escola do Templo para aperfeiçoamento dos seus conhecimentos.
Tarso contava com uma das três universidades então existentes no mundo; as outras eram a de Atenas e a de Alexandria.
Famosa pelos seus filósofos e escolas, era uma cidade cosmopolita.
Sob o domínio romano, em 104 a. C. tornara-se uma das maiores e mais ricas cidades do Oriente. Aos tarsenses nascidos livres era conferida a cidadania romana, por decreto de Pompeu, confirmado por Júlio César (100 a.C.- 44 a. C.).
Por mérito de Alexandre o Grande, o mundo que Paulo encontrou para divulgação das ideias cristãs era um mundo greco-romano, em, que o grego popular era linguagem universal, falado desde Roma até à mais longínqua província e que Saulo, na qualidade de cidadão romano, poderia percorrer livremente.
Saulo era cidadão romano, formou-se numa cultura grega e era conhecedor deste idioma, de sua literatura e filosofia. Nascido em Tarso, uma cidade das maiores universidades da época; teve segundo Emanuel convívio com mestres da escola de Atenas e de Alexandria. Era Judeu, fariseu, criado aos pés de Gamaliel.
“Paulo teria infalivelmente de ser um homem internacional e, ao mesmo tempo, profundamente judeu.” (Hermínio C. Miranda, as Marcas do Cristo: Rio de Janeiro: FEB, 1679, Vol. 1, p. 39)
Saulo de Tarso passou em Jerusalém a sua virilidade” aos pés do seu Mestre Gamaliel, onde foi instruído “segundo a exactidão da lei… “ (At 22.). Gamaliel era neto e discípulo do célebre Dr. Hillel.
O jovem tarsense era muito orgulhoso, por pertencer a uma conservadora família judia; por ser considerado o maior orador dentre os doutores do Sinédrio; o mais fanático dos defensores da Lei de Moisés.
Sob a influência do sábio Gamaliel, que exercia grande influência no tribunal judaico, o jovem de Tarso, de temperamento impulsivo, convicto de ser um filho de um grande povo, era conhecedor profundo das escrituras sagradas em duas línguas: no original hebraico (Tora) E na versão grega Septuaginta).
Com trinta anos de idade, o novo rabino retornou a Tarso cheio de propósitos novos e com uma vida cheia de planos entre um dos quais contrair matrimónio com a jovem Abigail.
Esta jovem era irmã de Jeziel, ambos dedicando-se a uma vida recta, e justa e ao estudo dos Escritos Sagrados.
Justamente por causa de questões de ajustes de contas, Jochedeb seu pai, foi remetido ao cárcere, juntamente com os seus dois filhos, Abigail e Jeziel. Sendo seu pai condenado à pena de morte e Jeziel, sentenciado a trabalhos perpétuos forçados nas galeras.
Enfrentava agora este rapaz, uma nova condição: a de um condenado, sem revolta, sem queixumes, aceitando a dura prova de manejar, os remos pesados de uma embarcação com mais tripulantes para mais tarde ser atirado ao mar. Seguia o seu destino em águas inseguras e intranquilas, mas com muita fé em Deus, depositando Nele toda a sua confiança, acreditando na sua
Bondade, infinita e na sua misericórdia. A humildade e a submissão eram virtudes que o caracterizavam e por isso o seu Deus sempre o protegeu. Certo dia adoeceu Sérgio Paulo, um dos tripulantes da embarcação muito importante, porque se tratava de um grande político que se dirigia para a cidade de Citium em comissão de ordem política e com destino ao porto de Nea-Pafos.
Sérgio Paulo adoece gravemente com febre alta, abrindo-se-lhe o corpo em chagas purulentas. O médico de bordo não fora capaz de explicar a enfermidade.
Coube a sorte a Jeziel de tratar do enfermo, com os recursos que houvera aprendido em seu lar. Falava-lhe de Deus, recitava trechos antigos dos profetas, dando-lhe consolações e carinho fraternal.
O doente Sérgio Paulo afeiçoou-se, ao seu enfermeiro humilde e bom.
Este entrou em franca convalescença, com imensa alegria e, júbilo, e com imensa gratidão ao jovem Jeziel que o houvera curado e livrado da morte.
O jovem Jeziel contraiu a doença do enfermo, por contágio, pelo que o comandante lhe estaria a dar por destino de ser atirado ao mar, Sérgio intercedeu por Jeziel junto de Sérvio, que em sigilo acordaram entre si em o devolverem à vida livre, quando chegassem a Jope.
Jeziel conhecia o idioma comum da Palestina, pois era filho de israelitas, que lhe ensinaram a língua materna nos seus verdes anos.
O seu benfeitor, no caso de o rapaz recuperar, pedira-lhe sigilo quanto à sua procedência, dizendo-lhe que só o Deus dele, lhe poderia valer na cura de sua doença, para lhe conceder a vida. No caso de te restabeleceres, deverás ser um novo homem, com um nome diferente. Deu-lhe algum dinheiro para atender às suas primeiras necessidades e o vestiu com uma de suas velhas túnicas, avisando-o de que abandonasse aquele local com alguma brevidade.
Esta foi a solução encontrada por Sérgio Paulo como forma de gratidão e de recompensa para com o jovem Jeziel por lhe ter devolvido a saúde e a vida.
Quis o acaso, mas na verdade o acaso não existe! Que Jeziel fosse descoberto por um assaltante e este lhe queria extinguir a vida ao que Zeziel lhe suplicou — não me mates, balbuciando com voz trêmula. A essas palavras ditas comovedoramente, o assaltante susteve o golpe homicida.
— Dar-vos-ei todo o dinheiro que possuo — rematou o rapaz com tristeza. Entregando o escasso dinheiro que possuía. Na verdade aquele encontro com aquele desconhecido, era o recomeço para encontrar um caminho novo, uma vida diferente, uma vida nova, para mais tarde vir a ter um encontro com Jesus
O desconhecido achando Jeziel excessivamente generoso, pois lhe ofertou uma boa soma de dinheiro, mas ao ver Jeziel tão debilitado, ele se compadeceu e se colocou à sua disposição com fingimento, mas ao se concentrar, disse que conhecia umas pessoas que lhe podiam auxiliar. São os homens do “Caminho”. Os homens do “Caminho” foram os primeiros a fundar uma congregação religiosa do Cristianismo. Esses homens do Caminho eram discípulos de Cristo que se reuniam na tentativa de unificarem a doutrina do Mestre, na primitiva comunidade cristã. Era chamada Casa do Caminho, por ficar na saída de Jerusalém, a caminho de Jope, e significa: “a Casa dos adeptos do caminho do Senhor”, sendo Simão Pedro como célula central.
Jeziel fora acolhido por esses homens generosos e bons que o receberam fraternalmente, saudando-o de irmão.
Na casa do Caminho recebeu leito asseado e singelo, em estado de completa inconsciência, no delírio da sua febre que o prostrava, mas ao longo de várias semanas, ele se restabeleceu com a ajuda de Deus e de todos aqueles homens generosos do “Caminho”.
Simão Pedro, admirado de tanto conhecimento dos textos sagrados lhe falou do Messias que já tinha vindo, mas Jeziel não o houvera conhecido, mas em breves instantes o aceitou em seu coração e Pedro depôs em suas mãos os pergaminhos do Evangelho. Conjuntamente com Simão Pedro estudava agora os ensinos de Jesus e os devorava com as suas leituras.
Jeziel lhe contou toda a sua história, pedindo-lhe orientação, ao que Simão Pedro lhe disse — doravante serás meu filho pelo coração.
— E já que preciso reformar-me em Cristo, como me chamarei? — Perguntou Jeziel cheio de alegria e com os olhos cheios de júbilo! O apóstolo Pedro reflectindo por algum tempo, respondeu-lhe: para que te não esqueças de Acaia, onde o Senhor se dignou de buscar-te para o seu ministério divino, eu te batizarei no credo novo com o nome grego de Estevão.
Ali seria o começo para o jovem de Corinto de uma vida nova para Jesus, um trabalhador infatigável na divulgação da Boa Nova.
Virtudes espirituais iluminavam a sua personalidade e em pouco tempo Estêvão tornou-se famoso em Jerusalém, pelos seus feitos quase miraculosos. Entre os Apóstolos galileus, sua palavra resplandecia nas pregações da Igreja, iluminada pela fé ardente e pura.
Estêvão apresentava à multidão desassombradamente, o Salvador do mundo, comentando a vida do Mestre com o seu verbo inflamado de luz. Os próprios discípulos surpreendiam-se com a magia das suas palavras eloquentes.
Em poucos meses, seu nome era aureolado de uma veneração surpreendente.
No final do dia, quando chegavam as orações da noite, o moço de Corinto, ao lado de Pedro e de João, falava das suas visões e das suas esperanças, cheio do espírito daquele Mestre adorável, que, através do seu Evangelho, lhe semeara no coração as estrelas abençoadas de um júbilo infinito.
Quanto à sua irmã Abigail, aquando da prisão da família Jochedeb, foi posta em liberdade com o conselho de fugir a toda a pressa de Corinto e os dois irmãos ficaram sós no mundo sem uma família, sem um lar, sem um tecto e sem saberem um do outro.
Mas, quis o destino que Abigail tivesse novos pais, encontrando-se com Ruth e seu marido Zacarias, e por eles fosse acolhida e protegida. Com a ajuda dessas almas nobres e bondosas, ela ficaria a habitar no novo lar, aonde lhe foi oferecida toda a hospitalidade possível, aceitando-a os novos pais, como filha do coração. Esta família também tinha sofrido pela perda de um filho, mas com Abigail portas a dentro de seu lar, ganharam uma filha — terna, meiga, linda, fervorosa e muito amiga de os ajudar numa propriedade arrendada a seus pais adoptivos. Cultivando, legumes e frutas, dedicavam-se também à criação de aves e de animais pesados. Eram enfim, compensados com toda a dedicação possível e com uma afeição maravilhosa de uma verdadeira filha que também os auxiliava em seus trabalhos.
Tudo de decorria normalmente, mas as saudades de Jeziel seu irmão aumentavam a cada dia, intercedendo Abigail a Saulo para, que os dois irmãos se reencontrem e se possam abraçar. Saulo prometeu a Abigail que tudo faria junto das autoridades e Saulo seu noivo faria tudo ao seu alcance para que a sua noiva bem-amada reencontrasse seu irmão Jeziel.
Com trinta anos de idade, o jovem Saulo tinha toda a jovialidade, e vivacidade de um homem solteiro, cheio de virilidade e máscula beleza, os traços israelitas se lhes fixavam particularmente nos olhos profundos e percucientes, próprios dos temperamentos apaixonados e inflexíveis, ricos de agudeza e resolução.
Trajava a túnica do patriciado, falava de preferência o grego, língua a que se afeiçoara na sua cidade natal, ao convívio de mestres bem-amados, trabalhados pelas escolas de Atenas e de Alexandria.
Sua noiva Abigail era o seu encanto de mulher, bela, formosa, linda, encantadora, tinha em seu coração os mais valiosos tesouros, e os melhores dotes que uma mulher poderia ter, além do mais, era de sua raça.
O início da perseguição:
Saulo de Tarso ouvira rumores de uns estranhos acontecimentos que teriam ocorrido na Palestina relativamente a Jesus referindo-se a um carpinteiro galileu, obscuro, sem cultura, que originou um certo movimento religioso. Que se tornara conhecido pelos seus poderes miraculosos, operando grandes prodígios, e muitas curas e que continuava a ter seguidores do mesmo exercício que tinha o Mestre iniciado, continuando a ser venerado após a sua crucificação, e mais, — que se diziam que Ele tinha ressuscitado.
Saulo de Tarso teve também conhecimento das curas que os homens do Caminho realizavam, da assistência que esses homens faziam às crianças desamparadas, que lá era encontrado conforto e carinho, que os leprosos recobram a saúde, velhos, enfermos, e abandonados que rejubilam de um conforto extraordinário.Saulo de Tarso não se conforma com essas práticas e diz que eles estão todos malucos! Sadoc seu amigo íntimo lhe confessa que se não conformava em ver os princípios da Lei de Moisés aviltados e que se propunha a cooperar com Saulo para a proibição de tais actividades.
E Saulo na qualidade de futuro rabino, para se destacar após os seus estudos concluídos, promete cooperar nos maus propósitos de Sadoc e pergunta-lhe: — quais os dias de pregação desse tal Estêvão? Os sábados. Também tivera conhecimento de que Estêvão era portador de virtudes sobrenaturais, no dizer do povo, havia recuperado vista a cegos, que obtivera curas de muitas moléstias incuráveis, e que se ouvia dizer, que as pregações de Estêvão arrebanhavam muitos estudiosos a novos princípios e que de certo modo iam contra os princípios da Lei de Moisés.
Saulo decidiu ouvi-lo pessoalmente, pressentindo nas palavras do pregador uma terrível ameaça para as ideias que a nova doutrina oferecia.
Fez uma denúncia formal, alegando de que um Homem obscuro de Nazaré arrebanhou adeptos que O seguiam e sobre esse argumento, declarou que as leis de Moisés não seriam ofuscadas. Sendo declarado pelo Sinédrio como sendo os homens do Caminho inimigos das tradições hebraicas.
Estêvão foi convocado a se apresentar no Sinédrio, chamado como a defender-se das acusações a ele imputadas, não como um prisioneiro vulgar obrigado a acertar contas com a justiça. No dia fixado compareceu com imensa firmeza de ânimo e de coragem para salvaguardar a pureza e a liberdade do Evangelho.
O Sinédrio contava com todas as personalidades mais destacáveis, inclusive os sacerdotes, os mestres de Israel, as personagens mais salientes do farisaísmo e os representantes de todas as sinagogas.
Saulo foi o escolhido para a sessão que iria decorrer e depois de ler a peça acusatória de Neemias como testemunha do feito, acusou Estêvão de blasfemo, caluniador e feiticeiro.
Dizendo que o fundador de uma doutrina revolucionária teria sido condenado a morrer numa cruz infamante pela autoridade deste tribunal. No dia da prisão de Estêvão, houve uma grande perseguição contra a igreja de Jerusalém e todos foram dispersos pelas regiões da Judeia e Samaria, exceptos os apóstolos. Saulo assolava a igreja: entrando pelas casas, arrastando varões e mulheres, entregando-os à prisão.
Estêvão foi preso e condenado à morte por lapidação, o qual se manteve sempre sereno, firme na sua crença, e na sua fé, e confiança em Jesus Cristo, até aos últimos instantes da sua morte. Sem nunca perder a serenidade e a oportunidade de apontar horizontes novos que conduziriam a uma vida nova com Cristo.
Estêvão foi o primeiro mártir do Cristianismo e o grande triunfo público de Saulo, que assistiu ao acto criminoso junto de sua noiva Abigail.
No acto do apedrejamento, as testemunhas depuseram as suas vestes junto dos pés de um jovem chamado Saulo de Tarso e o mártir Estêvão, de joelhos, gritou com grande voz, Senhor não lhe imputes este pecado. Abigail reconheceu o jovem mártir como sendo o seu irmão Jeziel há tanto tempo desaparecido.
O choque foi tão violento para ela, que não resistiu aquela forte emoção e adoeceu gravemente, vindo a desencarnar uns tempos depois. Saulo de Tarso ao reconhecer que Estêvão era seu irmão e que tinha sido o causador de sua morte, também ficou também perplexo e chocado. Em memória e fidelidade à sua noiva Abigail desencarnada, Saulo fez voto de castidade, e de renúncia a outras jovens ficando solteiro, rapando mesmo o cabelo.
Sua noiva Abigail na fase de sua doença também aderiu ao movimento cristão, tornando-se cristã. Gamaliel ao reconhecer naqueles homens simples do Caminho tantas virtudes em que, os mais necessitados eram bem recebidos, bem acolhidos, cheios de conforto, asseio, sendo também evangelizados, passou a frequentar também a Casa do Caminho. E de todos os lados o Cristo era anunciado a Saulo de Tarso, mas defensor como era à Lei de Moisés o seu personalismo não podia compreender uma renovação geral de princípios em matéria de fé, não admitindo que o seu orgulho de raça deixasse homens maltrapilhos e incultos, desenvolverem um movimento religioso por homens maltrapilhos e incultos. Até no entender de Saulo de Tarso o Mestre de Nazaré também o era. Que nada deixara escrito e no âmago das suas reflexões, odiava agora aquele carpinteiro crucificado e a todos aqueles que o seguissem. Homens, mulheres, velhos e crianças foram também perseguidos e presos pelos homens do Sinédrio por estes aceitarem as novas do Evangelho.
Saulo de Tarso convocou uma reunião no Sinédrio, solicitou todos os poderes para impedir a propagação da nova seita que recentemente se havia formado e partiu com todos os poderes e como era Doutor da Lei, tinha todas as possibilidades para perseguir e efectuar prisões a todos os seguidores do Cristo.
No caminho de Damasco, Saulo recordou a noiva amorosa, pensamentos amargos o atormentavam e tomado de angustioso arrependimento pela sua rigidez e o rigor da sua perseguição implacável a Estêvão e que este encontrara o suplício terrível; com o seu orgulho inflexível de seu coração, também atirou com a sua noiva à sepultura.
Não esqueceria, que se deviam todas aquelas ocorrências dolorosas, àquele Cristo crucificado e que até ao momento não O pudera compreender, nem tão pouco entender o que se passava à sua volta, porque as suas ideias estavam muito confusas.
Ele detestava aquele Jesus, desde a primeira controvérsia na igreja do “Caminho” e nunca mais conseguira passar um dia sem encontra-lo na fisionomia de algum transeunte, na admoestação de amigos, na documentação oficial das suas diligências punitivas, na boca dos misérrimos prisioneiros. Estêvão expirara falando nele com amor e júbilo; Abigail nos últimos momentos do seu viver consolava-se em recordá-lo e exortava Saulo em segui-Lo.
Agora Saulo de Tarso, que se encontrava só, inteiramente liberto de preocupações particulares, de natureza afectiva, buscaria por todos os meios unir esforços na punição e usar os correctivos necessários para todos quantos se encontrassem transviados na Lei.
Julgando-se prejudicado pela difusão do Evangelho farisaico, renovaria os processos da perseguição infamante. Sem mais esperanças, sem novos ideais, já que lhe faltavam os fundamentos para constituir um lar, entregar-se-ia de corpo e alma à defesa da Lei de Moisés, preservando a fé e a tranquilidade dos compatrícios.
A pequena caravana composta de três varões respeitáveis, seguia para Jerusalém, e o moço tarsense sentia agravarem-se as recordações amargas que lhe assaltavam a mente e lhe impondo profundas interrogações e meditações.
Passou em revista os primeiros sonhos da sua juventude.
Sua alma inquieta e sombria desdobrava-se em perguntas atrozes.
Desde a adolescência que encareceria a paz interior: tinha sede de estabilidade para realizar a sua carreira.
Mas onde encontrar a paz de espírito? A serenidade? Os mestres de Israel preconizavam, para isso, a observância integral da Lei.
Na sua consciência Saulo sempre havia guardado os seus princípios.
Desde os impulsos iniciais da sua juventude, abominava o pecado.
Consagrara-se ao ideal de servir a Deus com todas as forças da sua alma. Onde, então, a paz espiritual que tanto ambicionava nos esforços comuns?
Entretanto, interiorizava aqueles adeptos do carpinteiro crucificado, ostentavam uma serenidade desconhecida!
Analisara em Estêvão uma inteligência poderosa e mostrara, ao morrer, uma paz impressionante, acompanhada de valores espirituais que causavam admiração.
Naquele exame introspectivo e entre todas as figuras familiares, a lembrança de Estêvão e de Abigail, como que a pedir-lhe mais fortes interrogações! Porque esperava Abigail através de todas as estradas da mocidade, a idealização de uma vida pura? E nestas reflexões que lhe atormentavam a mente, parecia despertar de um grande pesadelo.
O encontro com Jesus:
Era por volta do meio-dia, Saulo ia à frente em atitude dominadora em perseguição de um tal Ananias na Casa do Caminho e de repente na Estrada de Damasco, sente-se envolvido por luzes diferentes da tonalidade solar.
Tendo a impressão de que o ar se fende como uma cortina, sob pressão invisível e poderosa. Intimamente, julgava serem vertigens. Queria voltar-se, pedir socorro aos companheiros de viagem, mas não os vê. Desesperadamente chama — Jacob!... Demétrio!... Socorram-me!...
Outra luz lhe banha os olhos deslumbrados, e no caminho, que a atmosfera rasgada lhe desvenda, vê surgir a figura de um homem de majestática beleza, dando-lhe a impressão de que descia do céu ao seu encontro. Sua túnica era feita de pontos luminosos, os cabelos tocavam nos ombros, à nazarena, os olhos magnéticos, imanados de simpatia e de amor, iluminando a fisionomia grave e terna, onde pairava uma divina tristeza.
Saulo caindo por terra, ouviu uma voz que lhe disse: Saulo, Saulo, por que me persegues? Saulo perguntou: Quem és Senhor? O desconhecido fez-se ouvir e disse: eu sou Jesus aquele quem tu persegues. Mas levanta-te entra na cidade, e lá te será dito dito o que é necessário fazer.
Então era verdade! Os pregadores do Caminho tinham razão! A crença de Estêvão e Abigail era verdade e a ressurreição de que falavam não era uma lenda. Ali estava, de facto, o Messias prometido. Saulo podia vê-lo agora com todo o esplendor de sua glória. —“ Não recalcitres contra os aguilhões.”
Os homens que viajavam com ele ficaram espantados, ouviram a voz de Jesus, mas não viram a ninguém. Saulo levantou-se e, abriu os olhos, mas nada via, sendo guiado pela mão até Damasco.
Estivera três dias sem ver, sem comer e sem beber.
Em Damasco vivia aquele a quem Saulo perseguia e o ia prender.
Ananias teve uma visão de Jesus e falando com ele lhe disse: Vai até à rua direita, em casa de Judas, e procura pelo nome de Saulo de Tarso. Ananias, porém respondeu: Senhor, de muitos tenho ouvido a respeito deste varão, quantos males fez ele aos teus santos em Jerusalém. Aqui, ele tem autoridade dos sumos-sacerdotes para prenderem a todos aqueles que invocam o teu nome.
O Senhor respondeu-lhe: vai, porque este é para mim um vaso escolhido para carregar o meu nome diante das nações, dos reis e dos filhos de Israel.
Eu lhe mostrarei o quanto é necessário ele padecer pelo meu nome.
Ananias partiu e entrando na casa, aonde se encontrava Saulo lhe impôs as mãos e lhe disse: Saulo, irmão, o Senhor- Jesus, que se tornou visível para ti no caminho que seguias — me enviou, para que recobres a visão e fiques cheio do Espírito Santo. E logo lhe caíram dos olhos como que escamas, e logo recuperou a visão.
Saulo pensava para consigo: meu Deus1 quem será aquele homem que sabe o que se passou na estrada de Damasco! E perguntou-lhe o seu nome!? Respondeu-lhe o seu visitante, chamo-me Ananias.
No dizer de Emanuel, “ a ovelha perseguida vinha buscar o lobo voraz”. Saulo reflectiu em tudo o que se passava à sua volta e compreendeu o alcance da lição que o Cristo lhe ministrava. Diante dele ali estava o homem que iniciara Abigail nos ensinamentos do Mestre e que ele agora também o amava e desejava servir.
Ananias impondo-lhe as mãos, proferiu estas palavras: — Irmão Saulo, em nome de Deus Todo Poderoso, eu te baptizo para a nova fé em Jesus Cristo.
Saulo em pranto murmurou arrependido: — Digne-se o Senhor perdoar os meus pecados e iluminar os meus propósitos para uma nova vida.
Ananias fez uma prece sincera e fervorosa, implorando a ajuda de Deus, pedindo que fosse restituída a visão a Saulo.
A sensação que Saulo teve é, que dos seus olhos se desprendiam escamas, voltando imediatamente a ver a luz do dia e através da janela aberta pode contemplar o céu de Damasco.
Seguiu-se uma cena muito comovente entre ambos, abraçando-se sem palavras maravilhados ante o poder invencível do mor, que de forma maravilhosa, reconciliara o perseguidor com o perseguido.
Através de Ananias Saulo desejava saber tudo a respeito de Jesus. Ananias contou-lhe tudo o que sabia a respeito do Mestre de Nazaré e a pedido de Saulo, Ananis emprestou-lhe alguns já sussurrados rolos de pergaminho que continham anotações evangélicas.
Ananias falou-lhe de Estêvão e de Abigail, contando-lhe que baptizara Abigail na nova fé e que juntos haviam orado pela conversão de Saulo a Jesus, que tanto ela o amara…
Quem sabe se não foram as preces daquele nobre espírito que contribuíram para que o Mestre o convocasse às portas de Damasco?
Saulo ficou maravilhado com esta nova doutrina e desejava expor ardentemente a divulgação da sua nova crença na Sinagoga de Damasco, falar das suas novas ideias e da visão do Cristo e, dizer aos seus irmãos de raça do encontro com Jesus, no deserto.
Saulo informou Sadoc de que vira Jesus ressuscitado. Sadoc por sua vez zombava das verdades de Saulo, dizendo a Saulo que também ele tinha aceitado o encargo de perseguidor do Caminho em Damasco em sinal de amizade a Saulo. Como é que, agora vinha o próprio Saulo dizer-lhe aquelas barbaridades? No entender de Sadoc era uma vergonha e uma fuga que os companheiros do farisaísmo influente dificilmente poderiam compreender.
Saulo apresentou-se para falar e após a leitura do texto escolhido por um levita chamado Cítium, Saulo declarou que o Messias prometido havia afinal, chegado.
Os que o ouviram ficaram perplexos e os assistentes paralisaram por momentos, esperavam tudo do rabi de Jerusalém, menos aquelas palavras, que no entender deles eram alucinadas. Saulo não se deixou perturbar, falando o essencial. Sem conseguir estender-se muito, porque o tumulto se fez na sala repleta e logo choveram impropérios sobre ele. Recitado um salmo de David por um levita mais idoso conseguiram um apaziguamento dos ânimos exaltados, lamentando a atitude de Saulo que, até há bem pouco tempo, era um modelo para todos e agora se mostrava “como um galho de espinhos”. E todos se entreolhando se perguntavam: Seria perjúrio ou demência? Não seria ele quem fora e logo seria ali mesmo apedrejado.
O sacerdote levita, concluiu: — Se está doente, só merece compaixão; se é traidor, só poderá merecer desprezo absoluto.
Que Jerusalém o julgue como seu embaixador e quanto a nós encerremos as pregações da sinagoga e recolhamo-nos à paz dos fiéis cumpridores da lei.
Estas eram as primeiras dores e humilhações, de muitas mais que se seguiram anos afora. Saulo saiu desprezado e vexado, indo em busca de Ananias que, absolutamente, também este se mostrou surpreendido com tudo o que acabava de ouvir do seu amigo.
Ananias conhecia muito bem aqueles e gentilmente fez ver a Saulo que ele ainda precisava de algum preparo para o desempenho das suas novas tarefas. Dizendo-lhe que quando tivesse passado por sofrimentos ainda maiores, estaria pronto para elas, porque mais apurada estaria sua compreensão dos homens e das coisas.
Saulo decidiu buscar a solidão do deserto, necessitava da palavra amiga e segura de Gamaliel era melhor se preparar primeiro do que voltar, ainda despreparado, para Jerusalém.
Saulo finalmente encontrara a paz que buscava, não obstante as primeiras decepções que houvera experimentado junto daqueles que lhe foram companheiros de ideal o fizeram sofrer.
À noite, levado por Ananias Saulo compareceu a uma reunião dos primeiros adeptos do Caminho e Saulo viveu ali momentos de emoção e de paz interior. No dia seguinte e bem cedo seguiu com um servidor na direcção de Palmira, cidade famosa e situada num oásis, em pleno deserto. Já não era jamais um doutor da lei, acompanhado com um séquito de servidores, com toda a pompa de seu cargo. Era, agora, um modesto servidor do Cristo.Paulo despendeu de tempo no deserto, em trabalho e meditação para se preparar convenientemente, com a intenção de amadurecer as suas ideias no silêncio do deserto.
Paulo ficou em Palmira, desprovido de recursos e de amigos, e com o espírito sobressaltado pelas incertezas do futuro. Contudo a lembrança do Cristo, proporcionava-lhe as forças necessárias para se encher de coragem naquele momento.
Saulo encontrou-se com Gamaliel numa cabana de Ezequias num dos vários oásis espalhados pela região do deserto, a fim de ler e meditar interminavelmente uns textos que contavam a vida e os ensinamentos do Messias prometido.
Mais uma vez — e seria a última naquela existência —, o antigo discípulo Saulo de Tarso vinha buscar iluminação e orientação aos pés do seu velho e querido mestre Gamaliel.
Gamaliel se tinha voltado inteiramente para o Evangelho de Jesus, que estudava pontualmente no texto de Mateus que Pedro lhe oferecera quando visitara a Casa do Caminho.
Saulo informou ao seu velho mestre das ocorrências e da visão dramática às portas de Damasco e das radicais transformações que se operaram em seu espírito. Contou ao seu mestre a decepção que tivera ao transmitir aos seus irmãos de raça a experiência que tivera com a visão do Cristo, e que a sua mensagem foi recebida com hostilidades. Via diante de si o caminho a seguir, mas sentia-se perdido num labirinto de questões insolúveis.
Aconselhado por Gamaliel a solução era o trabalho destemido. Se não podia ganhar para o seu sustento no exercício de sua profissão como intérprete da lei, buscasse na sua humilde tarefa de tecelão os recursos de que necessitava que era moço e que gozava de excelente saúde.
Gamaliel em sua opinião Saulo deveria, antes de retornar a Jerusalém ou a Tarso, consolidar seus novos propósitos na meditação e no silêncio, enquanto as mãos trabalhassem no tear.
Gamaliel ofereceu-lhe num gesto de profundos significados e afecto, o texto completo do Evangelho de Mateus, que recebera das mãos de Simão Pedro. Foram três os exemplares copiados por ele mesmo e, pressentindo a morte próxima, desejava confiar os rolos que iluminaram o seu espírito a quem compreendesse a extensão, a profundidade e o seu verdadeiro sentido.
Saulo ficou muito reconhecido a seu mestre pelos tesouros oferecidos e aceitou a dádiva, que o acompanharia pelos anos afora, impregnadas de muitíssimas vibrações de amor.
Saulo despediu-se comovido de Gamaliel, certo de que o não voltaria a ver e o seu velho mestre, que lhe transmitira a sabedoria milenar da velha lei, impulsionava-o agora na direcção da nova lei.
Saulo partiu para o oásis de Dan, onde o seu propósito era meditar nos problemas da vida, buscando no silêncio, meditar acerca de tudo, e de todos os acontecimentos, para se fortalecer para a grande missão evangelizadora que o esperava no Mundo.
Saulo em companhia de Áquila e Prisca no grande oásis, cercado pelas grandes areias do deserto, ali esperaria encontrar resposta às suas inquietações, ali aprenderia a conter melhor seus impulsos e se prepararia para a gigantesca tarefa que o aguardava.
Estes seus novos companheiros eram tecelões, trabalhando num artesanato de tapetes de lã e de tecidos resistentes, de pelo de cabra, para barracas de viagem, pertencente a Ezequias, irmão de Gamaliel e ali foi também admitido Saulo para trabalharem juntos no seu novo ofício como tecelão.
Saulo descobriu nos companheiros, estes lerem alguns rolos de pergaminho e Saulo de relance leu o nome de Jesus.
Também Áquila e Prisca tinham frequentado a igreja do Caminho, mas também eles em razão das perseguições, comandadas por Saulo de Tarso, tiveram que abandonar Jerusalém e demandarem para o deserto.
Sendo informado Saulo que estes seus novos amigos também muito houveram sofrido pelas suas perseguições e Áquila não acreditava que Saulo soubesse dessas atrocidades cometidas em seu nome, mas não se atrevia a pleitear reparo na justiça, porque sua situação poderia sofrer novos agravos.
Prontamente Saulo, perguntou a Áquila o que pensas, de Saulo? — Resposta de Áquila: o Evangelho manda considerá-lo como irmão extremamente necessitado da luz de Jesus-Cristo.
Muito oravam agora para que Saulo fosse esclarecido, pois assim lhes tinham ensinado Simão Pedro.
Pedro na igreja do Caminho dizia aos fiéis seguidores de Jesus, que Saulo era um irmão que as violências cegavam.
Aquelas notícias estrondeavam no coração aflito de Saulo como eco de passadas tempestades. Quantos perseguidos, quantos não foram presos e mortos e sofreram no exílio por sua culpa?
Saulo deu-se a conhecer confessando ao casal de amigos e identificando-se como Saulo de Tarso, o antigo perseguidor, transformado em servo penitente. Pediu-lhes perdão dos seus tristes feitos, mas levem em conta a minha ignorância criminosa.
Saulo expandia a dor em lágrimas e pranto convulsivo, enquanto, Áquila o abraçava comovidíssimo.
Saulo lembrou o abraço carinhoso de Ananias, sendo a segunda vez que um perseguido vinha trazer-lhe as vibrações do perdão, ao qual somavam as bênçãos do apoio e da compreensão.
Naqueles momentos de profunda ternura humana Saulo se diplomava na humildade, último título que faltava para iniciar a tarefa que Jesus havia reservado para ele.
Saulo fisicamente refeito, resistente e queimado como um beduíno.
Na volta para Damasco:
Seu pensamento recebia o influxo constante da inspiração superior. Embora ele não haja percebido conscientemente, o espírito de Estêvão iniciava a seu lado uma caminhada que se prolongaria por 30 anos, enquanto durasse a sua caminhada terrena de Saulo. Por isso, lhe parecia às vezes ouvir vozes que o consolavam e semeavam ideias e propósitos novos no seu espírito.
Em Damasco foi recebido novamente por Ananias, passando a frequentar assiduamente a primeira e humílima comunidade do Caminho ali existente. Saulo ansiava por alçar o voo para a sua tarefa de pregador. Queria espalhar o testemunho pessoal da sua conversão por toda a parte.
Percebeu, no entanto, que na sua ausência a perseguição aos companheiros de ideal era agora mais acérrima, porque as crueldades que ele próprio iniciara como tónica do movimento, eram secundadas subtilmente pela manifestação da hipocrisia farisaica.
Ele ainda se sentia despreparado para o trabalho da sua acção evangelizadora, mesmo assim, tomado de coragem, resolveu enfrentar as dificuldades e, no segundo sábado da sua permanência em Damasco, dirigiu-se à sinagoga, onde não foi reconhecido, pela humildade de suas roupas e pela modificação de suas atitudes.
Ao tomar a palavra, deslumbrou os presentes. De início falou das belezas da lei antiga, mas quando enveredou pelas referências inequívocas do Cristo, logo se estabeleceu o tumulto. Ficando naquele momento a saber, que havia contra ele uma ordem de prisão vinda de Jerusalém. Só não foi preso, naquele momento, porque recordou sua condição de cidadão romano e exigiu a exibição do documento legal.
Ia levar-lhes uma nova luz e recebia e recebia, em paga, ameaças e injúrias.
Saiu tranquilamente da sinagoga, sem que ninguém tentasse interceptar-lhe os passos.
A perseguição a Saulo com ordem de prisão continuava, Ananias foi o primeiro a aconselhar Saulo a deixar a cidade, a fim de não por em risco, o programa de seu trabalho futuro.
Os perseguidores de Saulo foram ao seu encalço, para o prenderem interrogando Ananias sobre o seu paradeiro, Ananias foi preso, mas nada conseguiram dele, que apenas dizia, sem mentir, nem informar, que” Saulo deveria estar com Jesus”.
No dia seguinte libertaram Ananias e procurou Saulo que se escondera em casa de uma humilde e fiel lavadeira. Foi por sua sugestão e com o auxílio de alguns companheiros de toda a confiança que Saulo escapou à noite, por cima dos muros de Damasco, dentro de um cesto de vime. Atos, 9:25Moisés também começara sua vida num cesto de vime, lembrou ele sorridente a Ananias.
Partiu novamente para o deserto, apenas com um pacote de bolachas de cevada, que alguém lhe dera naquele momento, e partiu novamente para o deserto, rumo a Jerusalém.
Refazia em sentido contrário o caminho que havia percorrido três anos atrás. Ia só a pé e sozinho. Revistou todos os acontecimentos
Ocorridos em Damasco e novamente lhe surgiram as emoções do reencontro com Jesus, precisamente no ponto do caminho onde tivera a visão que houvera mudado a sua vida.
A jornada era árdua, penosa e difícil, estava ali sem amigos, e estava pobre e destituído de qualquer autoridade humana. O cansaço era muito e para poder sobreviver teve que recorrer à caridade alheia.
Sacudido pelas emoções contraditórias, penetrara finalmente o território da Palestina, atravessando a Galileia. Quis ali colher pessoalmente, os ecos da passagem do Cristo, contemplar aqueles recantos por onde o Mestre andara, pregara e sofrera.
Chegou a Cafarnaum ao fim da tarde e chorou de emoção às margens do lago. Permanecera dois dias por ali naquela cidadezinha, estando por lá sem se identificar com Mateus, conhecido por Levi. Viu a casa onde tinha morado de Simão Pedro e a colectoria onde Jesus fora convocar Levi. Conversou com os homens que Jesus curara com suas mãos abençoadas.
Em Dalmanuta, ficou a conhecer Maria Madalena. Recolheu por toda a parte as lembranças esparsas do Cristo, pois a sua intenção era um dia escrever aquelas histórias imortais, com o fogo e as lágrimas do se espírito arrebatado.
Abandonado por todos os seus, só lhe restava uma esperança: bater à porta da Casa do Caminho, chegara humilde, e sacudido pelas emoções.
E tendo passado alguns dias com os discípulos de Jesus em Damasco, logo Saulo começou a pregar que Jesus era o filho de Deus. Todos os que ouviam ficavam admirados e diziam entre si: — Não é este o homem que perseguia os cristãos em Jerusalém?
Os judeus queriam matá-lo em Damasco a todo o custo, impedindo-o de que tentasse uma fuga, o que eles não conseguiram.
— Saulo de perseguidor passou a ser perseguido!
Juntou-se aos apóstolos de Jesus na casa do Caminho, que após se reunirem ainda tiveram os seus receios e as suas dúvidas, mas o apóstolo Barnabé declarou que em Chipre ouvira falar da coragem de Saulo que pregando na sinagoga de Damasco, logo após do seu encontro com o Cristo.
Barnabé, convidou o futuro apóstolo a acompanhá-lo até à casa do Caminho, pagando-lhe a conta na modesta estalagem, aonde se tinha hospedado.
Foi o apóstolo Prócoro quem lhes abriu a porta e Barnabé o encaminhou onde estavam Simão Pedro e Timon. ( Atos, 9:27.)
Pedro deu-lhe as boas-vindas, em nome de Jesus, e em poucos minutos foi vencido o constrangimento inicial. Saulo contou-lhes a visão de Damasco e Pedro se convenceu da sinceridade seus novos propósitos.
Provou a sua honestidade pela exibição dos escritos de Levi que recebera das mãos generosas e veneráveis de seu mestre Gamaliel, que por sua vez, os recebera do próprio Pedro. Pedro por sua vez entregou também a Saulo para estudo os pergaminhos que haviam pertencido a Estêvão e que Saulo recebeu como relíquia preciosa.
Fora ali na casa do Caminho pelas suas observações e meditações que se convencera “da grandeza da sua elevada tarefa”, mas Saulo ainda não se sentia devidamente preparado para a gigantesca tarefa que o esperava.
Ainda em Jerusalém, como visitante foi ao Templo e visitou a sinagoga, encontrando-se com uns tantos conhecidos de família, alguns amigos e companheiros que o cumprimentaram friamente e o ironizaram sem dó nem piedade.
Ele tentou esclarecê-los, mas não havia clima para a mensagem do Cristo.
Seus passos o conduziram aonde tombara para sempre o discípulo de Jesus, Estêvão que morrera nos braços de Abigail sua irmã. Repassando ali mesmo um longo cenário de todo o seu passado, perguntava-se a si mesmo, que rumo dar à sua vida. Subitamente, numa explosão de sua mediunidade nascente, viu a seu lado um vulto cercado de luz, que lhe dizia:
— Retira-te de Jerusalém, porque os antigos companheiros não aceitarão, por enquanto, o testemunho.
Sob a protecção de Jesus, Estêvão seguia-lhe carinhosamente os seus passos e naquele mesmo dia comunicou a Pedro a sua decisão final: partiria finalmente para Tarso.
Pedro sugeriu-lhe partir via Cesaréia, onde a casa do Caminho dispunha do apoio de alguns amigos.
Visitara a casa dos seus velhos genitores, mas estes não o receberam, dizendo-lhes que nada tinham a fazer naquela casa. Nova humilhação se juntava às suas dores antigas, mas ainda assim, seu pai num ímpeto de penosa generosidade, mandara-lhe entregar por um servidor de sua casa uma bolsa com dinheiro.
Atingiu os arredores do Tauro, onde descansou numa caverna, com o espírito sacudido por inúmeras emoções. Recolhido para meditações mais tranquilas, sentiu envolvido por uma intensa paz.
Pareceu-lhe ter sido transportado para uma região de grande beleza e harmonia. Anos mais tarde, ao escrever aos Coríntios a segunda epístola, capítulo 12, versículos 2 e 4, tentaria reproduzir aquela a cena indescritível de quem fora arrebatado ao sétimo céu, dizendo: “sei de um homem em Cristo, o qual há catorze anos —, se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe — foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis que o homem não pode pronunciar e prossegue dizendo que disso se podia vangloriar, mas que prefere falar de suas fraquezas.
Fora naquela ocasião memorável que se encontrara, no plano espiritual, com Estêvão e Abigail.
Saulo se joelhou diante daquele nobres espíritos e chorou convulsivamente. Estêvão lhe pedira que se levantasse e Abigail lhe perguntou por que chorava. Estaria desalentado quando a tarefa apenas começava? A conversa foi longa e decisiva. Abigail, mais bela do que nunca, lhe repetiu a advertência amiga do Cristo: “Saulo, não tornes a recalcitrar contra o aguilhão. Esvazia-te dos pensamentos do mundo e depois de esgotares a última gota do vinagre dos enganos terrestres, Jesus encherá o teu espírito de claridades imortais.
Aquele colóquio prosseguiu extremamente amoroso, e Abigail, lhe traçava todo um programa de recomendações e de trabalho:  – Ama, trabalha, espera e perdoa.
Saulo despertou renovado e retomou o curso de vida. Adquirindo um tear, decidiu ganhar para o seu sustento como tecelão, ali mesmo em Tarso.
Saulo teve um dia a grata visita de Barnabé que vinha buscá-lo em nome de Jesus, para a comunidade de Antioquia. (Atos, 11:25 e 26.)
Saulo não hesitou um só instante e seguiu o amigo e, dentro em breve estaria na pacífica e florescente comunidade, sem ainda assumir encargo de maior responsabilidade, sendo-lhe atribuído tarefas mais singelas, as quais ele abraçou humildemente.
Desejoso de saber o que se passava naquela humilde comunidade ali comparecia um jovem médico, chamava-se Lucas e que muito se afeiçoara a Paulo e a Barnabé e por ali permaneceu por algum tempo.
Na sua despedida, propôs que aquela comunidade fosse chamada de cristãos, que melhor recordava o Cristo do que qualquer outra expressão, sendo esta expressão espalhada pelas demais comunidades.
Dali em diante Saulo de Tarso seria um apóstolo de Jesus, hoje considerado o maior de todos.
Todos os apóstolos de Jesus tiveram a sua grandiosa missão na difusão do Cristianismo. Saulo se destacou ainda mais pelas suas epístolas e pela sua energia, para que o espírito do Cristianismo ficasse no mundo para todo o sempre.
As informações sobre toda a sua vida estão nos Actos dos Apóstolos e nas cartas que ele escreveu.
Em Jerusalém se uniu aos cristãos e como conquistara para o Cristo Sérgio Paulo para o homenagear, Saulo resolveu que, sem mudar de nome, passaria a assinar-se à romana: Paulo.
Em Nea-Pafos foi um marco inesquecível e inconfundível na vida do apóstolo Paulo, ali chegou como Saulo, companheiro de Barnabé, e saiu como Paulo.
Foi ali, que explodiu toda a força da sua mediunidade, fora ali que desatara, afinal, a sua palavra poderosa, foi ali que realizou as suas primeiras grandes conquistas para o Cristo.
Paulo fez várias viagens, espalhando as boas novas sobre Jesus, fundando igrejas nas cidades por onde passava e de lá escrevia aos apóstolos.
Paulo viajou a Perge da Panfília com mais companheiros, a Listra, Antioquia a da Psídia, e muitas outra cidades, esteve em Espanha, na Grécia, mas nesta última cidade não conseguiu fundar nem sequer uma Igreja.
Paulo viu um homem que era paralítico desde nascença, e vendo ele tinha fé, ordenou que ele se levantasse. O homem deu um salto e começou a andar. As pessoas daquela cidade, começaram a pensar que eles eram deuses, porque faziam maravilhas, ao que Paulo passou a explicar que também eles eram homens e que todos deveriam se converter ao Deus único, criador do céu e da terra.
Paulo na sua segunda viagem estava com Silas e na segunda viagem de evangelização viajou com Silas pela Macedônia até à Grécia e numa cidade chamada Filipos, falaram de Jesus, sendo porém, lá metidos na prisão.
Por volta da meia-noite Paulo e Silas oravam e cantavam no cárcere, e sentiu-se um grande terramoto e abriram-se todas as portas das celas
O carcereiro, pensando que todos fugiam da prisão, tentou se matar, mas Paulo no mesmo instante lhe disse: — Não se mate, estamos todos aqui! O carcereiro ficou trémulo, mas ao mesmo tempo maravilhado com o milagre e perguntou aos apóstolos: o que devo fazer para ser salvo? Paulo respondeu-lhe: — Creia no Senhor Jesus e todos serão salvos, você e sua família.
Paulo realizou maravilhas extraordinárias e fez muitas curas.
Quando fez a sua terceira viagem, deu testemunhos, tanto aos gregos como aos romanos, da sua conversão a Deus e da sua fé em Jesus Cristo.
Pela revelação do Espírito Santo, Paulo teve conhecimento, de que lhe esperavam prisões e tribulações em Jerusalém, mas cheio de fé, de estímulo e de energia, nada temeu e foi até lá, mas ao aparecer no Templo causou uma grande confusão e os judeus mandaram prendê-lo. Fora acusado de traição, mas Paulo apelou a César, imperador romano, alegando seu direito, como cidadão, romano, de ser levado a um tribunal apropriado e de se defender das acusações.
Na viagem para Roma, Paulo sofreu um naufrágio em Malta, salvando-se todos os tripulantes do navio. Quando chegou a Roma, permaneceu, permaneceu em prisão domiciliar durante dois anos. Recebia visitas dos amigos e trabalhava na pregação do Evangelho. As cartas que Paulo escreveu, são as chamadas epístolas e ao todo escreveu catorze, estando todas no Novo Testamento e são as seguintes:
1. Aos Romano
2. Primeira aos Coríntios
3. Segunda aos Coríntios
4. Gálatas
5. Efésios
6. Filipenses
7. Colossenses
8. Primeira Tessalonicenses
9. Segunda Tessalonicenses Primeira Timóteo
10. Tito
11. Filémon
12. Hebreus
A inspiração destas cartas lhe vinha da esfera do Cristo, através da contribuição amorosa de Estêvão.
As epístolas, tesouros de um mundo superior, eram copiadas e sentidas em toda a parte. Paulo contudo ignorava, que aqueles documentos sublimes, escritos muitas vezes em horas de angústias extremas, não apenas seriam destinadas a uma igreja particular, mas à cristandade universal.
O próprio Simão Pedro, lendo-as, declarou que as cartas do convertido de Damasco deviam de ser interpretadas como cartas do Cristo aos discípulos e seguidores. Destacando ainda, que elas assinalavam um novo período luminoso na história do Evangelho.
Paulo de Tarso era um vaso escolhido por Deus, destinado à Evangelização dos povos, mas antes de encontrar as luzes do Evangelho, errara criminosamente, embora com os sinceros desejos de servir a Deus. Fracassou, muito cedo desde muito jovem, na esperança de desposar Abigail.
Tornou-se odiado por todos, até que o Senhor compadecido da sua situação miserável o chamou às portas de Damasco. Estabelecendo-se um abismo entre sua alma e o seu passado.
Abandonado pelos amigos da infância, teve que procurar o deserto e aí recomeçar uma nova vida.
Da tribuna do Sinédrio, regressou ao rústico e pesado tear. Quando voltara a Jerusalém, o judaísmo, o considerou doente e mentiroso. Em Tarso experimentou o abandono de todos os seus parentes e progenitores. Em seguida, recomeçou em Antioquia a tarefa que o iria conduzir ao serviço de Deus.
Por fim trabalhou sem descanso, porque muitos séculos de serviço não lhe dariam o quanto devia ao Cristianismo.
Saiu para cristianizar a todos os povos, peregrinando por diversas cidades, visitando centenas de aldeias, mas em todos os lugares enfrentara lutas ásperas e humilhações e sempre saía pela porta do cárcere, pelo apedrejamento e pelo golpe dos açoites. Nas viagens por mar, experimentara o naufrágio por algumas vezes.
Jesus chamara o Espírito luminoso e enérgico de Paulo de Tarso para a universalização da sua doutrina no mundo para que os seus ensinos ficassem como faróis a iluminar a todos os cristãos.
A missão de Paulo começou em Damasco, precisamente aonde ele pretendia fazer as suas grandes perseguições aos cristãos e nesta cidade terminou a sua tarefa reaccionária para iniciar a grande missão para a qual fora convidado a iniciar a gloriosa missão do Cristo.
Despiu-se do velho homem, do ódio, da maldade, da vingança; da escravatura do farisaísmo, do sacerdotalismo, dando lugar a um novo homem no ministério cristão.
Paulo era um grande Espírito; homem severo, mas justo, sábio, íntegro, poliglota, orador sem igual, reunindo todos os dons, que caracterizavam o verdadeiro apóstolo. Tinha o poder de curar pela imposição das mãos e também o dom da recepção dos Espíritos pela psicofonia.
Era um homem absolutamente independente sem se aproveitar de sua autoridade, para receber o que quer que fosse para seu uso particular, trabalhando como tecelão com sobras de tempo para desempenhar a sua missão de Apóstolo.
Nas cartas que escrevia, deixava transparecer o seu carácter, às vezes era muito meigo e carinhoso; outras vezes severo. Não abre mão e ameaçava com castigos.
Escrevendo às comunidades cristãs, compara-se à mãe que acaricia os filhos e é capaz de dar a vida por eles.
Sente pelos fiéis novamente as dores de parto. Ama-os, e por isso se sacrifica ao máximo por eles, mas é também pai que educa, que gera as pessoas, por meio do Evangelho, à vida nova. Disse numa de suas epístolas aos coríntios que, que sentia, o ciúme de Deus, temendo que eles perdessem a fé.
Para Paulo de Tarso era-lhe uma grande obrigação anunciar o Evangelho do Cristo.
— A Igreja de Antioquia era uma comunidade espírita-cristã, onde actuavam alguns médiuns e doutrinadores.
Os grupos espíritas de hoje também se desenvolvem pela disciplina, pelo recolhimento, pelo estudo, pela oração pela renúncia e pelo cultivo de todas as virtudes.
Os Centros Espíritas continuam a divulgação do pensamento do Mestre Jesus da Galileia, à maneira dos primeiros tempos do Cristianismo e, a espalhar consolações, consolo e curas, através da imposição das mãos da e da evangelização.
Sem a mediunidade, o Cristianismo não se sustentaria. Também sem Estêvão, não teríamos Paulo de Tarso, o convertido de Damasco.
Segundo informações do Livro Paulo e Estêvão, obra mediúnica de Emanuel, psicógrafa por Francisco Cândido Xavier, Paulo de Tarso fora decapitado em Roma no ano 67 por amor a Cristo e ao seu Evangelho do Cristo.
Há uma referência bíblica em que o apóstolo há dito: já não sou eu quem vive é o Cristo que vive em mim.
Também no livro, Marcas do Cristo, temos uma anotação de Paulo de Tarso: “Daqui por diante ninguém me moleste, pois trago no corpo as marcas de Jesus.”
— Paulo de Tarso. (Gálatas, 6:17.)
Fontes de consulta:
Livro Paulo e Estêvão de Emanuel, da psicografia de Francisco Cândido Xavier;
As Marcas do Cristo, do Livro: Hermínio C. Miranda;
O Novo Testamento, da tradução de Aroldo Dutra Dias.
Anotação: sei que este trabalho é longo, tentei reproduzir os pensamentos dos Espíritos luminares da melhor maneira que me foi possível, mas com a certeza de que muito mais coisas ficaram por referenciar. Na minha maneira de ver os factos históricos, relativamente às coisas de Deus, à criação do Universo, e à divulgação da doutrina dos profetas de todos os tempos, em que, todos nos vieram trazer a certeza de um Deus único, Senhor dos Céus e da Terra. De Jesus, dos Espíritos Superiores, que com a ajuda dos Espíritos seus embaixadores na Terra, nos deixaram sempre a certeza de um Mundo Superior que a todos nos aguarda. E, que com as suas luzes indeléveis do Evangelho nos orientam e encaminharem para o caminho da Verdade e do Amor. Desde os primeiros profetas, Jesus foi sem dúvida o maior de todos, até aos nossos dias. Os apóstolos de todos os tempos até aos nossos dias, nomeadamente até Allan-Kardec, sempre nos deixaram ensinos indeléveis do Evangelho de Jesus, que o tempo nunca apagará.


                                                     Aurinda Tavares