LIVRE ARBÍTRIO E FATALIDADE
1ª. Parte
Este trabalho vai ser divido por capítulos para que
ao ser lido possam saber até aonde o leram, porque ele é muito extenso, mas foi
a maneira mais atraente que eu encontrei para tratar de assuntos tão
interessantes.
Antes de o expor, quero esclarecer que vai ser
escrito com base nas perguntas e nas respostas que os Espíritos Superiores
deram a Allan-Kardec no Livro dos Espíritos. O tema é desenvolvido sobre o Livre
Arbítrio e a Fatalidade.
A pergunta tem na sua inicial a letra: P_ sendo
Kardec quem terá feito a pergunta aos Espíritos Superiores. A resposta dos
Espíritos Superiores a Kardec terá a sua inicial com a letra: R._
O trabalho é desenvolvido desta forma para um melhor
entendimento, uma melhor compreensão e um melhor esclarecimento, mas também para
que não haja confusão em sua interpretação, destes tão importantes ensinos que
os Espíritos deram a Allan Kardec.
Tal como o título nos diz: Livre-Arbítrio e Fatalidade!
Mas será que a Fatalidade existe mesmo? Analisemos o que nos dizem os
Espíritos Superiores acerca destas questões tão pertinentes!
Na questão 843 do livro dos espíritos, Kardec começa
por perguntar aos Espíritos Superiores que com ele colaboraram na codificação:
tem o homem o livre-arbítrio de seus atos?
R.”Pois que tem a liberdade de pensar, tem
igualmente a de obrar. Sem o livre-arbítrio, o homem seria máquina.”
P.844.Do livre arbítrio goza o homem desde o seu
nascimento?
R.” Há liberdade de agir, desde que haja vontade de
fazê-lo. Nas primeiras fases da vida, quase nula é a liberdade, que se
desenvolve e muda de objeto com o desenvolvimento das faculdades. Estando seus
pensamentos em concordância com o que a sua idade reclama, a criança aplica o
seu livre arbítrio àquilo que lhe é necessário.”
P.845.Não constitui obstáculo ao exercício do livre
arbítrio as predisposições instintivas que o homem já traz consigo ao nascer?
R.”As predisposições instintivas são as do Espírito
antes de encarnar.
Conforme seja este mais ou menos adiantado, elas
podem arrastá-lo à prática de atos repreensíveis, no que será secundado pelos
Espíritos que simpatizam com essas disposições. Não há, porém arrastamento
irresistível, uma vez que se tenha vontade de resistir.”
P.361 Qual a origem das qualidades morais, boas ou
más do homem?
R.”São as do Espírito nele encarnado. Quanto mais
puro é esse Espírito, tanto mais propenso ao bem é o homem.
a) – Seguir - se- á daí que o homem de bem é a
encarnação de um bom Espírito e o homem vicioso a de Espírito mau?
“Sim, mas, diz antes que o homem vicioso é a
encarnação de um Espírito imperfeito, pois, do contrário, poderias fazer crer
na existência de Espíritos sempre maus, a que chamais demônios.”
P.846.Sobre os atos da vida nenhuma influência
exerce o organismo? E, se essa influência existe, não será exercida com
prejuízo do livre arbítrio?
R.”É inegável que sobre o Espírito exerce influência
a matéria, que pode embaraçar-lhe as manifestações. Daí vem que, nos mundos
onde os corpos são menos materiais do que na Tera, as faculdades se desdobram
mais livremente. Porém, o instrumento não dá a faculdade.
Além disso, cumpre se distingam as faculdades morais
das intelectuais.
Tendo o homem o instinto do assassínio, seu próprio
Espírito é indubitavelmente, quem possui, esse instinto e quem lho dá; não são
seus órgãos que lho dão.
P.369. O livre-exercício das faculdades da alma está
subordinado ao desenvolvimento dos órgãos?
R.”Os órgãos são os instrumentos da manifestação das
faculdades da alma, manifestações que se acham subordinadas ao desenvolvimento
e ao grau de perfeição dos órgãos, como a excelência de um trabalho o está à
ferramenta própria à sua execução:”
O Espírito dispõe sempre das faculdades que lhe são
próprias morais e intelectuais não são os órgãos que dão as faculdades e sim
estas que impulsionam o desenvolvimento dos órgãos.
P.847.A aberração das faculdades tira ao homem o
livre-arbítrio?
´R.”Já não é senhor do seu pensamento aquele cuja inteligência se ache turbada por
uma causa qualquer e, desde então, já não tem liberdade. Essa aberração
constitui muitas vezes uma punição para o Espírito que, porventura, tenha sido,
noutra existência, fútil e orgulhoso, ou tenha feito mau uso de suas
faculdades. Pode esse Espírito, em tal caso, renascer no corpo de um idiota,
como o déspota no de um escravo e o mau rico no de um mendigo. O Espírito
porém, sofre por efeito desse constrangimento de que tem perfeita consciência. Está
aí a ação da matéria.
P.”Tem algum fundamento o pretender-se que a alma
dos cretinos e dos idiotas é de natureza inferior?
R.”Nenhum. Eles trazem almas humanas, não raro mais
inteligentes do que supondes, mas que sofrem da insuficiência dos meios de que
dispõem para se comunicar, da mesma forma que o mudo sofre da impossibilidade
de falar.”
Os que habitam corpos de idiotas são Espíritos
sujeitos a uma punição. Sofrem por efeito do constrangimento que experimentam e
da impossibilidade em que estão de se manifestarem mediante órgãos não
desenvolvidos ou desmantelados.
É uma expiação decorrente do abuso que fizeram de
certas faculdades.
É um estacionamento temporário.”
P.”373.a) Pode assim o corpo de um idiota conter um
Espírito que tenha animado um homem de génio em precedente existência?
R.”Certo. O génio se torna por vezes um flagelo,
quando dele abusa o homem.”
A superioridade moral nem sempre guarda proporção
com a superioridade intelectual e os grandes gênios podem ter muito que expiar.
Daí, frequentemente, lhes resulta uma existência
inferior à que tiveram e uma causa de sofrimentos. Os embaraços que o Espírito
encontra para as suas manifestações se lhe assemelham às algemas que tolhem os
movimentos a um homem vigoroso. Pode dizer-se que os cretinos e os idiotas são
estropiados do cérebro, como o coxo o é das pernas e dos olhos o cego.
P.”376. Por que razão a loucura leva o homem algumas
vezes ao suicídio?
R.”O Espírito sofre pelo constrangimento em que se
acha e pela impossibilidade em que se vê de manifestar-se livremente, donde
procurar na morte um meio de quebrar seus grilhões.”
P.”Por que há idiotas e cretinos?
R.”A situação dos idiotas e cretinos não se concilia
com a justiça divina, desde que se admita a unicidade da existência.
Por mais miserável que seja a condição em que nasce
uma criatura, dela pode sair pela inteligência e pelo trabalho. O idiota e o
cretino, entretanto, desde o nascimento até à morte são votados ao
embrutecimento e ao desprezo. E o são sem possibilidade de compensação.
Por que, então, sua alma foi criada idiota?
Os estudos espíritas relativos à idiotia e à
cretinice provam que essas almas são tão inteligentes como as demais criaturas;
sua inferioridade é uma expiação a que se submeteram Espíritos que abusaram da
inteligência. Sofrem cruelmente ao se sentirem presos por laços que não podem
romper e, ainda, pelo desprezo de que se sentem objeto, pois que, possivelmente
foram muito considerados em existência anterior.
P.”Por que alguns nascem na indigência e outros na
opulência? Por que vemos tantas criaturas que nascem cegas, surdas, mudas, ou
afetadas de doenças incuráveis, enquanto outras possuem todas as vantagens
físicas? Será efeito do acaso ou de um ato da Providência?
R.”Se fosse apenas um produto do acaso, então a
Providência teria deixado de existir. Entretanto, admitindo-se, pode
perguntar-se: como conciliar esses factos com a sua bondade e a sua justiça?
Muitos chegam a acusar a Deus pela falta de compreensão das causas de tais
males.
Compreende-se que aquele que se torna infeliz ou
enfermo por causa de suas imprudências e de seus abusos seja castigado naquilo
em que pecou. Entretanto, se a alma fosse criada ao mesmo tempo que o corpo que
teria ela feito para merecer tamanhas aflições desde o seu nascimento, ou para
ficar isenta das mesmas aflições?
Desde, porém, que se admita a justiça de Deus, não
se pode deixar de admitir que essas coisas sejam efeito de uma causa. Se a
causa não for encontrada na presente existência, deve encontrar-se numa
existência anterior, porque em tudo a causa deve preceder ao efeito. Assim, é
necessário que a alma já tenha vivido, a fim de que possa merecer a expiação.
Efetivamente, mostram os estudos espíritas que
muitos homens nascidos na miséria, foram ricos e considerados numa existência
anterior, que nesta fizeram mau uso da fortuna que Deus lhes havia encarregado
de administrar. Também mostra que alguns, nascidos na abjeção, em vidas
anteriores tinham sido orgulhosos e poderosos e haviam abusado do poder para
oprimir os fracos.
2ª.Parte
P.” 848 Servirá de escusa aos atos reprováveis o ser
devido à embriaguez a aberração das faculdades intelectuais?
R.”Não, porque foi voluntariamente que o ébrio se
privou da sua razão, para satisfazer a paixões brutais.
Em vez de uma falta comete duas. Uma pelo bem que
deixa de fazer, a outra pelas consequências do mal que pratica.”
P.”849. Qual a faculdade, predominante no homem em
estado de selvajaria? O instinto, ou o livre arbítrio?
R.”O instinto, o que não o impede de agir com
inteira liberdade às suas necessidades e ela se amplia com a inteligência.
Assim os seres mais esclarecidos do que um selvagem o é pelos seus atos.
P.”850. A posição social não constitui às vezes,
para o homem, obstáculos à inteira liberdade de seus atos?
R.”É fora de dúvida que o mundo tem suas exigências.
Deus é justo e tudo leva em conta. Deixa-vos
entretanto, a responsabilidade de nenhum esforço empregardes para vencerdes os
obstáculos.
No homem o livre arbítrio é uma consequência da
justiça divina; é um atributo que o dignifica e o eleva acima dos outros seres.
E isto é tão real que a estima dos homens entre si,
é baseado na admissão do livre-arbítrio. O homem que, por enfermidade, loucura,
embriaguez ou idiotismo perde essa faculdade acidentalmente, ou é lamentado ou
desprezado.
O materialista que subordina ao organismo todas as
faculdades morais e intelectuais, reduz o homem à condição de autômato, sem
livre-arbítrio e, consequentemente, sem responsabilidade do mal e sem mérito do
bem que pratica.
Se o homem fosse sujeito à fatalidade não teria
responsabilidade pelo mal que espalha nem mérito pelo bem que pratica.
Então, toda punição seria injusta e toda recompensa
um contra - senso.
Desprendido, da matéria e no estado de erraticidade,
o Espírito procede à escolha de suas futuras existências corporais, de acordo
com o grau de perfeição a que haja chegado e é nisto que consiste o seu
livre-arbítrio neste mundo.
Se ele cede, depois à influência da matéria, sucumbe
nas provas que por si mesmo escolheu. Os atos que pratica não foram previamente
determinados; os crimes que comete não resultam de uma sentença do destino.
Ele pode, por prova ou por expiação, escolher uma
existência em que seja arrastado ao crime, quer pelo meio em que venha a ser
colocado, quer pelas circunstâncias que sobrevenham, mas será sempre livre de
agir, ou não agir.
Os atos violentos, a crueldade, o homicídio e o
suicídio produzem no culpado um abalo prolongado, que se repercute, de
renascimento em renascimento, no corpo material, e traduz-se em doenças
nervosas, tiques, convulsões e até deformidades, enfermidades, ou casos de
loucura.
Consoante a gravidade das causas e o poder das
forças em ação.
Toda a transgressão da lei implica diminuição,
mal-estar, privação de liberdade. As vidas impuras, a luxúria, a embriaguez e a
devassidão conduzem-nos a corpos débeis, sem vigor, sem saúde, sem beleza. O
ser humano que abusa de suas forças vitais por si mesmo se condena a um futuro
miserável, a enfermidades mais ou menos cruéis.
Às vezes a reparação se efetua numa longa vida de
sofrimentos, necessária para destruir em nós as causas do mal, ou então, numa
existência curta e difícil, terminada por uma morte trágica.
Uma atração inesperada reúne às vezes os criminosos
de lugares muito afastados num dado ponto para feri-los em comum. Daí as
catástrofes célebres, os naufrágios, os grandes sinistros, as mortes coletivas.
Explicam-se assim as existências curtas; são o
complemento de vidas precedentes, terminadas muito cedo, abreviadas
prematuramente por excessos, abusos ou por qualquer outra causa moral, e que,
normalmente, deveriam ter durado mais.
Não devem ser excluídos em tais casos as mortes de
crianças em tenra idade. A vida curta de uma criança pode ser uma provação para
os pais, assim como para o Espírito que quer encarnar.
Cada um colhe o fruto imperecível de suas obras
passadas e presentes; colhe-o, não por efeito de uma causa exterior, mas por um
encadeamento que liga em nós mesmos o pesar à alegria, o esforço ao êxito a
culpa ao castigo.
Se somos infelizes, é porque não temos suficiente
perfeição para gozar de melhor sorte; mas nosso destino irá melhorando na
medida que soubermos nascer em nós mais desinteresse, justiça e amor.
O ser deve aperfeiçoar, embelezar incessantemente
sua natureza íntima, aumentar o valor próprio construir o edifício da
consciência-tal é o fim da sua elevação.
A responsabilidade é estabelecida pelo testemunho da
consciência, que nos aprova ou censura segundo a natureza dos nossos atos.
A sensação do remorso é uma prova mais demonstrativa
que todos os argumentos filosóficos. Para todo o Espírito por pequeno que seja
o seu grau de evolução, a lei do dever brilha como um farol, através da névoa
das paixões e interesses.
Por isso, vemos todos os dias homens nas posições
mais humildes e difíceis preferirem aceitar provações duras a se rebaixarem a
cometer atos indignos.
O Livre-arbítrio é pois a expensão da personalidade
e da consciência. Para sermos livres é necessário quere sê-lo e fazer esforços
para vir a sê-lo, libertando-se da escravidão da ignorância e das paixões
baixas. Isto só se pode obter por uma educação e uma preparação prolongada das
faculdades humanas: libertação física pela limitação dos apetites; libertação
moral pela procura da virtude.
A questão do livre-arbítrio tem uma importância
capital e graves consequências para toda a ordem social, por sua ação e
repercussão na educação, na moralidade, na justiça, na legislação, etc.
Determinou duas correntes opostas de opinião - os que negam o livre-arbítrio e
os que o admitem com restrição.
Sob o ponto de vista teológico e determinista a
questão física insolúvel, porque o sistema parte de que o ser humano tem de
percorrer uma única existência. Se projetarmos luz à doutrina dos
renascimentos, verificaremos que cada ser conquista a própria liberdade no
decurso da evolução que tem de perfazer.
Em tese geral, todo o homem chegado ao estado de
razão é livre, e responsável na medida do seu adiantamento. Passo em claro os
casos em que, sob o domínio de uma causa qualquer física ou moral, doença ou
obsessão, o homem perde o uso de suas faculdades.
Não se pode desconhecer que o físico exerce, às
vezes, grande influência sobre o moral; todavia, na luta travada entre ambos,
as almas fortes triunfam sempre.
Há também causas secretas, que muitas vezes atuam
sobre nós. Às vezes a intuição vem combater o raciocínio, impulsos partidos da
consciência profunda nos determinam num sentido não previsto.
Não é a negação do livre-arbítrio; é a ação da alma
em sua plenitude, intervindo no curso de nossos destinos, ou então, será a
influência de nossos Guias Invisíveis, que se exerce e nos impele de uma
Inteligência que, vindo de mais longe e mais alto, procura arrancar-nos às contingências
interiores e levar-nos para as cumeadas.
Em todos estes casos, porém, é só nossa vontade que
rejeita e decide em última instância.
3ª.
Parte
Três correntes filosóficas existem que negam
peremptóriamente o livre-arbítrio: o fatalismo, o predestinacionismo
e o determinismo.
Os fatalistas acreditam que os acontecimentos estão
previamente fixados por uma causa sobrenatural, cabendo ao homem apenas o
regozijar - se, se favorecido com uma boa sorte, ou resignar-se se o destino
lhe for adverso.
Os predestinacionistas_ baseiam-se na soberania da
graça divina, ensinando que desde toda a eternidade algumas almas foram
predestinadas a uma vida de retidão e, depois da morte, à bem-aventurança
celestial, enquanto outras foram de antemão marcadas para uma vida reprovável
e, consequentemente, pré-condenadas às penas eternas do inferno.
Os deterministas, a seu turno sustentam que as ações
e a conduta do indivíduo, longe de serem livres, dependem integralmente de uma
série de contingências a que ele não pode furtar-se: como os costumes o caráter
e índole da raça a que pertença, o clima, o solo, e o meio social em que viva;
a educação, os princípios religiosos e os exemplos que receba; além de outras
circunstâncias não menos importantes, as quais o regime alimentar, o sexo, as
condições de saúde, etc.
O Espiritismo diz: o homem tem a liberdade de
pensar, e igualmente a de obrar. Sem o livre-arbítrio, o homem seria uma
máquina. Só a aberração das faculdades, como ficou bem demonstrado, pode tirar
ao homem o livre-arbítrio, porque já não é senhor do seu pensamento por ter a
inteligência turbada por uma causa qualquer, e desde então não pode ter
liberdade.
O Espiritismo esclarece-nos do seguinte:
1.Pelo uso do livre-arbítrio, construímos o nosso
destino, que pode ser de dores ou alegrias.
2.O destino é resultante das vidas sucessivas, nas
nossas próprias ações e livres resoluções.
3.A liberdade e a responsabilidade são correlativas
no ser e aumentam com sua elevação.
4.Fatalidade (determinismo e livre-arbítrio
coexistem nos mínimos ângulos da nossa jornada planetária.
Quando um Espírito, antes de reencarnar, escolhe a
família, o meio social e as provas, de natureza moral ou física por que tenha
de passar, está usando a faculdade do livre-arbítrio, em concordância, no entanto,
com situações e problemas do pretérito.
Leon Denis, reportando-se ao livre-arbítrio, declara
(o primeiro uso que o homem fizesse da liberdade absoluta seria para afastar de
si as causas do sofrimento e para assegurar, desde logo, uma vida de felicidade.
O conceito de Leon Dinis exalta a sabedoria divina,
ao graduar o livre-arbítrio, por cujo bom uso pode o homem fugir a provas e
experiências pré - escolhidas, ou então superá-las evangelicamente
vencendo-as.”
P”851.Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida
conforme ao sentido que se dá a este vocábulo?
Quer dizer: todos os acontecimentos são
predestinados?
E, neste caso, que vem a ser do livre-arbítrio?
R.”A fatalidade existe unicamente pela escolha que o
Espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a,
institui para si uma espécie de destino, que é consequência mesma da posição em
que vem a achar-se colocado. Falo das provas físicas, pois, pelo que toca às
provas morais e às tentações, o Espírito, conservando o livre-arbítrio quanto
ao bem e a mal, é sempre senhor de ceder ou de resistir. Ao vê-lo fraquejar, um
bom Espírito pode vir-lhe em auxílio, mas não pode influir sobre
ele de maneira a dominar-lhe a vontade.
Um Espírito mau, isto é inferior, mostrando-lhe,
exagerando aos seus olhos um perigo físico, o poderá abalar e amedrontar.
Nem por isso, entretanto, a vontade do Espírito encarnado deixa de se conservar
livre de qualquer peias”.
P”. Há pessoas que parecem perseguidas por uma
fatalidade, independentemente da maneira por que procedem.
Não lhes estará no destino o infortúnio?
R.”São, talvez, provas que lhes caiba sofrer e que
elas escolheram. Porém, ainda aqui lançais à conta do destino o que as mais das
vezes é apenas consequência de vossas próprias faltas. Trata de ter pura a
consciência em meio dos males que te afligem e já bastante consolado te
sentirás.”
Comentário de Allan-kardec: As ideias-exatas ou
falsas das coisas nos levam a ser bem ou mal sucedidos, de acordo com o nosso
caracter e a nossa posição social.
Achamos mais simples e menos humilhante para o nosso
amor- próprio atribuir antes à sorte ou ao destino os insucessos que
experimentamos do que à nossa própria falta.
É certo que para isso contribui, algumas vezes a
influência dos Espíritos, mas também o é que pudemos sempre forrar-nos a essa
influência repelindo as ideias que nos sugerem, quando más.
P.”853.Algumas pessoas só escapam de um perigo
mortal para cair em outro. Parece que não podiam escapar da morte. Não há nisso
fatalidade?
R.” Fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o
instante da morte o é.
Chegado esse momento, de uma forma ou e outra, a ele
não podeis furtar-vos.”
Kardec ainda volta a perguntar:
_Assim, qualquer que seja o perigo que nos ameace,
se a hora da morte ainda não chegou, não morreremos?
R”. Não; não perecerás e tens disso milhares de
exemplos. Quando, porém, soe a hora da tua partida, nada poderá impedir que
partas. Deus sabe de antemão de que gênero será a morte do homem e muitas vezes
seu Espírito também o sabe, por lhe ter sido isso revelado, quando escolheu tal
ou qual existência.
P.”855. Com que fim nos faz a Providência correr
perigos que nenhuma consequência devem ter?
R.”O facto de ser a tua vida posta em perigo
constitui um aviso que tu mesmo desejaste, a fim de te desviares do mal e te
tornares melhor.
Se escapas desse perigo, quando ainda sob a
impressão do risco que correste, cogitas, mais ou menos seriamente, de te
melhorares, conforme seja mais ou menos forte sobre ti essa influência dos
Espíritos bons. Sobrevindo o mau Espírito (digo mau, subentendendo o mal que
ainda existe nele, entras a pensar que do mesmo modo escaparás a outros perigos
e deixas que de novo tuas paixões se desencadeiem. Por meio dos perigos que
correis, Deus vos lembra a vossa fraqueza e a fragilidade da vossa existência.
Se examinarmos a causa e a natureza do perigo,
verificaremos que, quase sempre, suas consequências teriam sido a punição de
uma falta cometida ou da negligência no cumprimento de um dever. Deus,
por essa forma, exorta o Espírito a cair em si e a se emendar.”
P.”532. Têm os Espíritos o poder de afastar de certas
pessoas os males e de favorece -los com a prosperidade?
R.”De todo não; porquanto, há males que estão nos
decretos da Providência. Amenizam-vos, porém, as dores, dando-vos paciência e
resignação.
“Ficai igualmente sabendo que de vós depende muitas
vezes poupar-vos aos males, ou, quando menos atenuá-los.
A inteligência Deus vo-la outorgou para que dela vos
sirvais e é principalmente por meio da vossa inteligência que os Espíritos vos
auxiliam, sugerindo-vos e ideias propícias ao vosso bem. Mas não assistem senão
os que sabem assistir-se a si mesmos.
_Esse o sentido destas palavras: Buscai e achareis,
batei e se vos abrirá.
Sabei ainda que nem sempre é um mal o que vos parece
sê - lo. Frequentemente, do que considerais um mal sairá um bem muito maior.
Quase nunca compreendeis isso, porque só atentais no momento presente ou na
vossa própria pessoa.
P.”859. Com todos os acidentes, que nos sobrevêm no
curso da vida, se dá o mesmo que com a morte, que não pode ser evitada, quando
tem de ocorrer?
R.”São de ordinário coisas muito insignificantes, de
sorte que vos pudemos prevenir deles e fazer que os eviteis algumas vezes,
dirigindo o vosso pensamento, pois nos desagradam os sofrimentos materiais.
Isso, porém, nenhuma importância tem na vida que escolheste. A fatalidade,
verdadeiramente, só existe quanto ao momento em que devereis aparecer e
desaparecer deste mundo.”
P)_Haverá factos que forçosamente devam dar-se e que
os Espíritos não possam conjurar, embora o queiram?
R.”, Há, mas que tu viste e pressentiste quando, no
estado de Espírito fizeste a tua escolha. Não creias, entretanto, que tudo o
que sucede esteja escrito, como costumam dizer. Um acontecimento qualquer pode
ser a consequência de um ato que praticaste por tua livre vontade, de tal sorte
que, se não o houvesse praticado, o acontecimento não se teria dado. Imagina
que queimas o dedo. Isso nada mais é se não resultado da tua imprudência e
efeito da matéria. Só as grandes dores os factos importantes e capazes de
influir no moral, Deus os prevê, porque são úteis à tua depuração e à tua
instrução.
No que toca às provas morais e às
tentações, o Espírito, conservando o livre- arbítrio, é sempre senhor para ceder
ou resistir. Por isso, qualquer que seja o perigo que nos ameace, não
pereceremos pela morte do corpo, se não soou a hora da nossa partida.
Muito amiúde tem o homem pressentimento do fim de
sua vida carnal, como pode ter o de que não morrerá. Quem teme a morte é o
homem; não o Espírito encarnado.
P.”861. Ao escolher a sua existência o Espírito
daquele que comete um assassínio sabia que viria a ser assassino?
R.”Aquele que delibera sobre uma coisa é sempre
livre de fazê-la ou não.
Se o Espírito soubesse antecipadamente
que, como homem, teria de cometer um crime, estaria a isso predestinado.
Ninguém há predestinado ao crime e, todo o crime, como qualquer outo ato,
resulta sempre da vontade e do livre-arbítrio.
4ª.Parte
P.”862. Pessoas existem que nunca logram bom êxito
em coisa alguma, que parecem ser perseguidas por um mau gênio em todos os seus
empreendimentos. Não se pode chamar a isso fatalidade?
R.” Será uma fatalidade, se lhe quiseres dar esse
nome, mas que decorre do gênero da existência escolhida. É que essas pessoas
quiseram ser provadas por uma vida de deceções, a fim de exercitarem a
paciência e a resignação. Entretanto, não creias seja absoluta essa fatalidade.
Resulta muitas vezes do caminho falso que tais
pessoas tomam, em discordância com suas inteligências e aptidões.
Quase sempre obteria o homem bom êxito, se só
tentasse o que estivesse em relação com as suas faculdades. O que perde são o
seu amor-próprio e a sua ambição, que o desviam da senda que lhe é própria e o
fazem considerar vocação o que não passa de desejo de satisfazer a certas
paixões. Fracassa por sua culpa. Mas, em vez de culpar-se a si mesmo prefere
queixar-se da sua estrela.
Se todas as coisas estivessem previamente
determinadas e nada se pudesse fazer para impedi-las ou modificar-lhes o curso,
a criatura humana se reduziria a simples máquina, destituída de liberdade e,
pois, inteiramente irresponsável.
Subsequentemente, os conceitos de Bem e Mal
ficariam sem base, tornando-se todo e qualquer princípio ditado pela Moral.
Ora, é evidente que, quase sempre, nossas deceções,
fracassos e tristezas decorrem, não de nossa “má estrela”, como acreditam os
supersticiosos, mas pura e simplesmente de nossa maneira errônea de proceder,
de nossa falta de aptidão para conseguir o que ambicionamos, ou por uma
expectativa exageradamente otimista sobre o que este mundo nos possa oferece.
Sem o livre-arbítrio, o homem não teria culpa por
praticar o mal, nem mérito em praticar o bem.
A fatalidade, como vulgarmente é entendida, supõe a
decisão prévia e irrevogável de todos os sucessos da vida. Tal lei seria a
negação da do progresso, porquanto o homem, nem tudo esperando da sorte, nada
tentaria para melhorar a sua posição.
Fatalidade só existe se considerarmos que o homem
sofre mesmo, fatalmente, todas as vicissitudes da existência na Terra e
a consequência de todas as suas tendências boas ou más. Ele pode, porém, anular
essa fatalidade, pois da sua vontade depende ceder ou não às suas tendências,
visto que os pormenores dos acontecimentos na vida do homem ficam subordinados
às circunstâncias que ele próprio cria pelos seus atos. Apenas no que concerne
à morte, está o homem submetido, em absoluto, à inexorável lei da fatalidade.
Quanto ao mais, está em suas mãos fazer, ou não fazer, contando, além disso,
com o auxílio de Deus e a assistência dos bons Espíritos. E foi por isso que
Jesus nos legou a Oração Dominical, onde recomenda que digamos: “Não nos deixes
sucumbir à tentação, mas, livra-nos do mal.”
As causas das vicissitudes estão na vida presente
e na vida passada,
Ambas estão na origem dos males terrestres e muitos
são consequência do carácter e do proceder dos que os suportam.
A origem das vicissitudes e das aflições está no seu
causador o próprio homem. Em vez de se conhecer acha mais simples, menos
humilhante para a sua vaidade acusar a sorte. A providência e a má fortuna ou,
a má estrela. Quando tudo é apenas o fruto de sua própria incúria.
Quantos homens caem por sua própria culpa!
Vítimas da sua imprevidência, do seu orgulho e da
sua ambição!
Quantos se arruínam por falta de ordem, de
perseverança, pelo mau proceder, ou por não terem sabido limitar os seus
desejos!
Quantas doenças e enfermidades decorrem da intemperança
e dos excessos de todo o gênero!
Quantos pais são infelizes com os seus filhos,
porque não lhes combateram desde o princípio as más tendências! Por fraqueza,
ou indiferença, deixaram que neles se desenvolvessem os gérmens do orgulho, do
egoísmo e da tola vaidade que produzem a secura de coração; depois, mais tarde,
quando colhem o que semearam, admiram-se e afligem-se da falta de deferência
com que são tratados e da ingratidão deles.
Interroguem friamente as suas consciências todos os
que são feridos no coração pelas vicissitudes e deceções da vida; remontem
passo a passo à origem dos males que os torturaram e verifiquem se, as mais das
vezes, não poderão dizer: se eu houvesse feito, ou deixado de fazer tal
coisa não estaria em semelhantes condições.
Mas, se há males nesta vida cuja causa primária é o
homem, outros há também dos quais, pelo menos na aparência, ele é completamente
estranho e que parecem atingi-lo como por fatalidade. Tal, por exemplo, a perda
de entes queridos e a dos que são o amparo da família.
Tais, ainda os acidentes que nenhuma previsão
poderia impedir; os reveses da fortuna, que frustram, todas as precauções
aconselhadas pela prudência; os flagelos naturais, as enfermidades de nascença,
sobretudo as que tiram a tantos infelizes os meios de ganharem a vida pelo
trabalho: as deformidades, a idiotia, o cretinismo, etc.
Os que nascem nessas condições, certamente nada hão
feito na existência atual para merecer, sem compensação, tão triste sorte, que
não podiam evitar, que são impotentes para mudar a si mesmos e que os põe à
mercê da comiseração pública.
Que dizer,
enfim dessas crianças que morrem em tenra idade e da vida só conheceram
sofrimentos? Problemas são esses que ainda nenhuma filosofia pôde
resolver anomalias que nenhuma religião pode justificar e que seriam a
negação da bondade da justiça e da providência de Deus, se se verificasse a
hipótese de ser criada a alma ao mesmo tempo que o corpo e de estar a sorte
irrevogavelmente determinada após a permanência de alguns instantes na Terra.
Que fizeram essas almas, que acabaram de saír das
mãos do Criado, para se verem neste mundo, a braços com tantas misérias e para
merecerem no futuro uma recompensa ou uma punição qualquer, visto que não
podiam praticar nem o bem, nem o mal?
Todavia, por virtude do axioma segundo o qual todo o
efeito tem uma causa, tais misérias são efeitos que hão de ter uma causa e,
desde que se admita um Deus justo, essa causa também há de ser justa.
Ora, ao efeito procedente sempre a causa, se esta
não se encontra na vida presente, há, de ser anterior a essa vida, isto é, há
de estar numa existência precedente.
Por outro lado, não podendo Deus punir alguém pelo
bem que fez, nem pelo mal que não fez, se somos punidos é que fizemos o mal; se
esse mal não o fizemos na presente vida, tê-lo-emos feito noutra.
O homem, pois, nem sempre é punido, ou punido
completamente, na sua existência atual; mas não escapa às consequências se suas
faltas. A prosperidade do mau é apenas momentânea, se ele não expia hoje,
expiará amanhã, ao passo que aquele que sofre está expiando o seu passado. O
infortúnio que, à primeira vista, parece imerecido tem sua razão de ser, e
aquele que se encontra em sofrimento pode sempre dizer:
“Perdoa-me Senhor, porque pequei:”
5ª.Parte
O Homem evitará as vicissitudes através do:
Trabalho/ Melhoramento Moral/
Melhoramento Intelectual
A Lei humana atinge certas faltas e as pune. Mas a
lei não atinge, nem pode atingir todas as faltas; incide especialmente sobre as
que trazem prejuízo à sociedade e não sobre as que só prejudicaram os que as
comete. Deus, porém, quer que todas as suas criaturas progridam e, portanto,
não deixa impune qualquer desvio do caminho reto, tanto nas grandes como nas
pequenas faltas.
O homem é sempre punido por aquilo em que pecou. Os
sofrimentos que decorrem do pecado são-lhe uma advertência de que procedeu mal.
Dão-lhe experiência, fazendo-lhe sentir a diferença
existente entre o bem e o mal e a necessidade de se melhorar.
Os Espíritos nos ensinam também não haver faltas
irremissíveis, que a expiação não possa apagar.”Meios de consegui-lo encontra o
homem nas diferentes existências que lhe permitem avançar, conformemente aos
seus desejos e esforços, na senda do progresso, para a perfeição, que é o
destino final.
Tantas vidas quantas necessárias, porque o essencial
e o justo é que “nenhuma das ovelhas se perca”.
Através da Reencarnação, temos Justiça
Incorruptível, equânime, refletindo a ilimitada Bondade do Criador.
Um Deus que perdoa, concedendo ao culpado tantas
oportunidades quantas ele necessita para reparar os males que praticou. Um Pai
Misericordioso e Justo, um Pai Carinhoso e Magnânimo, que oferece a todos os
seus filhos os mesmos ensejos de redenção, através das vidas sucessivas
neste e noutros mundos, mundos que são as outras moradas “a que se refere Jesus
no Evangelho.
Allan Kardec
foi o embaixador celeste, incumbido de plantar no Mundo a Árvore Gigantesca
da Sabedoria, para que a este planeta de provas e expiações, pudesse chegar
o Consolador prometido por Jesus, através das “grandes vozes do Céu.”
À doutrina Espírita foi confiada a grande missão de
trazer à Terra o conhecimento da Verdade, dando cumprimento à promessa do
Cristo, quando Ele disse: A seu tempo pedirei ao Pai que vos envie o
Consolador, que ficará convosco até à consumação dos séculos.
A Doutrina Espírita é o farol que há - de iluminar o
Mundo, é a Renascença do Cristianismo, é a Bandeira sob a qual todas as nações
e todos os povos se hão -de abrigar.
Allan Kardec, foi o grande imissário do Cristo, o
incumbido da grande missão, confiada por Jesus para a gigantesca tarefa que lhe
estava reservada neste Mundo de provas e de expiações para que ao nosso Planeta
chegasse o Seu Consolador.
Allan Kardec, buscou uma rota segura para a
fascinante viagem do conhecimento humano, porque o homem tem necessidade de
saber; precisa do esclarecimento, da esperança que consola, da certeza que guia
e sustém. Também tem os meios de conhecer, a possibilidade de ver a verdade
desprender-se das trevas e inundá-lo com sua luz benéfica.
Todos gostamos afinal de saber: o porquê das coisas,
o porquê da vida, a razão de ser do Universo! Todos gostamos enfim de, conhecer
os nossos destinos, erguer o véu da morte e de saber algo sobre Deus, se é ficção
ou uma realidade? Não há seres humanos, por mais indiferentes que sejam, que
não tenha enfrentado algumas vezes com esses grandes problemas. A dificuldade
de resolvê-los, a incoerência e a multiplicidade das teorias que daí se
derivam, as deploráveis consequências que decorrem da maior parte dos sistemas
conhecidos, todo esse conjunto confuso, fatigando o espírito humano, o tem
atirado à indiferença e ao ceticismo.
Mas Deus é, a Inteligência Suprema Causa Primária de
todas as coisas, todo bondade e justiça põe sempre o remédio ao lado do mal
para que o faltoso não fique punido irrevogavelmente por uma pena sem remissão
e possa apagar de sua alma todos os vestígios das suas faltas, através do
arrependimento, da reparação e da expiação.
O estado feliz ou desventurado que temos, foi
determinado e escolhido por nós e continuará a ser na medida da nossa conduta e
reforma íntima.
Descendo o Cristo das esferas Superiores à Terra,
teve por escopro orientar a Humanidade na direção do aperfeiçoamento. Ele é Luz
do princípio, a Luz do Mundo, a luz dos povos. Quem o segue não andará em
trevas, mas terá a Luz da Vida.
Jesus disse: “Ninguém vai ao Pai senão por mim”
Aquele que escuta a palavra do Reino e a cumpre será
o mais bem- aventurado no Reino dos Céus.
A religião mais perfeita na Terra, será aquela que
mais homens de, bem fizer e menos hipócritas.
O Espiritismo dá-nos o consolo e a esperança de que
não ficamos deserdados nem privados do amor do Pai.
Que Deus não condena ninguém irrevogavelmente às
penas eternas e que Deus nos deixa sempre uma porta aberta para a nossa
regeneração e que só depende de nós abreviarmos ou prolongarmos o nosso
sofrimento.
Em resumo, em vez de negar ou afirmar o
livre-arbítrio, segundo a escola filosófica a que se pertença, será mais exato
dizer:” O homem é o obreiro de sua libertação”
O estado completo de liberdade atinge no cultivo
íntimo e na valorização de suas potências ocultas.
Os obstáculos acumulados em seu caminho são
meramente meios de o obrigar a sair da indiferença e a utilizar suas forças
latentes.
Todas as dificuldades materiais podem ser vencidas.
Há relação existente entre fatalidade e
livre-arbítrio, porque ao reencarnamos, trouxemos o mapa das nossas
provações e nele inscrito o nosso destino, traçado e orientado pelos nossos
mentores para o cumprimento das nossas tarefas na Terra, pudendo elas ser de prova,
missão, ou expiação.
Antes de reencarnamos no plano espiritual nós
pedimos, nós implorámos para que nos fosse concedida uma nova existência e uma
nova oportunidade em um novo corpo, para que pudéssemos saldar os nossos
débitos do passado; para nosso melhoramento espiritual, moral e intelectual.
Prometemos, enfim, fazer todo o bem ao nosso alcance para reparação das nossas
faltas, para mais depressa ficarmos liberados das nossas dívidas e mais
depressa chegarmos à perfeição.
Mas, as
tentações no Mundo, são mais do que muitas e, se não formos bastantes fortes para
vencermos as nossas inferioridades, as nossas más inclinações e
as nossas más tendências, lá resvalamos novamente e, em vez de apagarmos
débitos contraímos novas dívidas, aí a nossa queda (a queda do homem) e esta
nos levará novamente à Fatalidade.
Somos nós os artificies do nosso destino, os
arbitrários da nossa suposta má sorte ou da nossa felicidade. O nosso destino é
conduzido por nós mesmos, podendo ser de felicidade, ou de dor, consoante
deliberarmos em nossos atos e, em nossas ações, durante a nossa romagem
terrena.
Deus não pune ninguém. Nós é que somos os infratores
da sua Lei, punindo-nos a nós próprios, através da lei de ação ou reação, ou
de retorno. Porquanto, a sementeira é livre, e a colheita é, portanto obrigatória.
Ninguém fica impune aos seus efeitos e quem não se redime pelo amor, redime-se
pela dor.
Deus deu-nos o livre-arbítrio par que possamos construir
o nosso destino e sermos “filhos das nossas próprias obras.”
Deus não nos criou perfeitos, mas simples e
ignorantes. O Criador, criou-nos fadados para a perfeição, através do nosso
melhoramento e trabalho progressivo, até atingirmos a culminância dos Espíritos
Puros, destino de todos os homens e a Ele, um dia retornaremos simples como são
os Anjos.” A nossa fatalidade e o nosso destino, é realmente o encontro com a
perfeição suprema, que só se adquire através do nosso esforço, boa vontade,
trabalho e inteligência.
Que este modesto trabalho feito com zelo, estudo,
amor e dedicação, seja para todos nós moralizador e esclarecedor. Agradeço a
Deus, a Jesus, a Allan Kardec e à grande Plêade dos Espíritos Superiores, por
nos terem trazido a luz pelo conhecimento da verdade, para melhor nos
orientarmos em nossos destinos, no caminho para a eternidade.
Plantemos em nosso coração as sementes da Caridade,
da Solidariedade, da Fraternidade, do Amor da Justiça e da Paz, sob a divisa:” Um
por todos e todos por um”, para que ao comparecermos no Mundo dos Espíritos,
sejamos recebidos e amparados pelos Bons Espíritos e, pelos nossos Mentores. Maior
“Jesus disse que o amor cobre a multidão dos pecados.”
Os Espíritos
Superiores nos ensinam que aquele que mais amou na Terra os seus irmãos, será o
mais amado no reino dos Céus.
Edifiquemos, com o Evangelho, a reforma dos
costumes, a fim de que possa Jesus dizer, um dia: ”_O meu reino já é deste
mundo”, porque só Ele, nos abre o caminho para a nossa verdadeira felicidade.
A Doutrina dos Espíritos é o sol do consolo, a luz
da esperança e com os esclarecimentos que ela nos dá, há a certeza de que um
dia chegaremos à felicidade.
Mas tenhamos a certeza que chegarão lá primeiro os
que puserem em prática as orientações deixadas por Jesus, porque Ele, no nosso
mundo continua a ser “O Caminho, a Verdade e a Vida.”
Fontes bibliográficas:
O Livro dos Espíritos de Allan Kardec.
O Evangelho
Segundo o Espiritismo de Allan-Kardec.
Problema do ser do Destino e da dor de: Leon Denis.
Aurinda
Tavares