“A VIRTUDE QUE DISTINGUE OS HOMENS AOS OLHOS DE
DEUS”
Toda a virtude tem o seu mérito próprio, porque
todas indicam progresso na senda do bem. Há virtude sempre que há resistência
voluntária ao arrastamento dos maus pendores. A sublimidade da virtude, porém,
está no sacrifício pessoal, pelo bem do próximo, sem pensamento oculto. A mais
meritória é a que assenta na mais desinteressada caridade” (O Livro dos
Espíritos”_ Questão 893)
Aurinda
Tavares
Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na
humildade, isto é, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho. Em
todos os seus ensinos, ele aponta essas duas virtudes como sendo as que
conduzem à eterna felicidade.
Também a moral da Doutrina Espírita, se baseia no
Evangelho de Jesus. Ela nos ensina a combater o egoísmo e o orgulho, por serem
as geratrizes de todas as mazelas e imperfeições humanas. Onde permanece o
interesse egoístico não poderão prosperar os sentimentos de justiça, de amor e
de caridade que resumem todas as leis morais.
Quem quiser, desde esta vida, ir se aproximando-se
da perfeição moral, deve expurgar o seu coração de todo o sentimento de
egoísmo, visto ser o egoísmo incompatível com a justiça, o amor e a caridade.
Ele
neutraliza todas as outras qualidades. O egoísmo é a fonte de todos os vícios,
como a caridade o é de todas as virtudes.
A virtude, no mais alto grau, é o conjunto de todas
as qualidades essenciais que constituem o homem de bem. Ser bom, caritativo,
laborioso, sóbrio, modesto, quem reunir estas qualidades pode sentir-se um
homem virtuoso.
Porém não é virtuoso aquele que faz ostentação da
virtude, pois que lhe falta a qualidade principal: a modéstia, e tem o vício
que mais se lhe opõe: o orgulho.
A virtude, verdadeira e digna desse nome não se
envaidece, foge à admiração e aos aplausos.
Afastemo-nos, sim, de toda a vaidade, orgulho,
egoísmo, hipocrisia, amor-próprio, porque desenfeitam as mais belas qualidades
e as mais santas virtudes.
Para que cultivemos as mais santas virtudes, é
necessário: abnegação, humildade, caridade, benevolência, amor, paciência,
perdão, compreensão, mansidão, prudência, cerrar os ouvidos à calúnia, e à
maledicência.
É necessária a beneficência, a indulgência, o perdão,
nunca deixar uma única ocasião de ser útil aos nossos semelhantes, fazer todo o
bem possível ao nosso alcance aos nossos semelhantes e ver em cada criatura, um
irmão! filho do mesmo Pai _Deus.
Pratiquemos o amor e a caridade, amando a Deus acima
de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, como nos ensina Jesus.
Não tropecemos na vaidade, nem no orgulho e nem na
ostentação, porque mais vale pouca virtude com modéstia, do que muita com
orgulho.
Pelo orgulho, egoísmo, paixões desenfreadas,
ambição, vaidade, falsa modéstia, hipocrisia, falso saber, viciações de toda a
ordem, etc, etc, é que os homens se têm afastado de Deus e das suas leis
divinas.
Pelo mau uso que fazemos do nosso livre – arbítrio fugimos
do dever de bons cristãos, mas dia virá em que cansados de sofrer nos
voltaremos com amor e fé para o nosso Criador, porque não teremos outra
alternativa senão a de nos voltarmos para o nosso Pai Celestial, amando-o em
Espírito e Verdade, amando a todas as criaturas, sem distinção de raças ou de
cores.
Depois de dois mil anos já passados, os homens na
Terra ainda continuam em sua maioria esquecidos da mensagem de Jesus. Mistura-se
no mundo o bem com o mal, a paz com a guerra, o ódio com o amor, o perdão com a
discórdia, a fé com a dúvida, a moral com o desregramento das emoções
inferiores, a harmonia com a desarmonia.
Muitos de nós não entendemos ainda o porquê da
passagem de Jesus pela Terra, julgando nós que os seus ensinos foram dirigidos
somente àquela pequena comunidade já destruída e distante, que as suas lições
de sabedoria, amor e de paz são incompatíveis com nossas pretensas necessidades
de enfatuados homens modernos.
Não nos devemos impressionar pelo fato de Jesus
ter-se dirigido a homens simples e tão distantes das complicações da
atualidade. Seus ensinos são dirigidos ao espírito imortal e eterno que não se
fixa em épocas e lugares. No capítulo 15, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo,
item 5.Ele nos diz com toda a clareza: Fora da Caridade não há salvação”.
No item 6. Do mesmo Evangelho: Ainda que eu falasse
todas as línguas dos homens e a língua dos próprios anjos, se eu não tiver
caridade, serei como o bronze que soa e um címbalo que retine;- ainda quando
tivesse o dom de profecia, que penetrasse, todos os mistérios, e tivesse
perfeita ciência de todas as coisas; ainda quando tivesse toda a fé possível,
até ao ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou. _ E,
quando houvesse distribuído os meus bens para alimentar os pobres e houvesse
entregado meu corpo para ser queimado, se não tivesse caridade, tudo isso de
nada me serviria.
A caridade é paciente, é branda e benfazeja; a
caridade não é invejosa; não é temerária, nem precipitada; não se enche de
orgulho; _ não é desdenhosa; não cuida de seus interesses; não se agasta; nem
se azeda com coisa alguma; não suspeita mal; não se rejubila com a injustiça,
mas se rejubila com a verdade, tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo sofre.
Agora, estas três virtudes: a fé, a esperança e a
caridade permanecem; mas, dentre elas, a mais excelente é a caridade (S. PAULO,
1: Epístola aos Coríntios, cap.13, vv. 1 a7 e 13.
São Paulo compreendeu de tal modo tão grandes
verdades que nos transmitiu estes tão riquíssimos ensinamentos.
A caridade está ao alcance de todos nós: tanto do
ignorante, como do sábio, como do rico, como do pobre e independe de qualquer
crença religiosa.
A caridade é o conjunto de todas as qualidades do
coração, na bondade, na benevolência, na beneficência e no amor por excelência,
como nos ensinou Jesus.
O homem bom,
tira boas coisas do bom tesouro do seu coração!
O homem que cumpre o seu dever ama a
Deus mais do que as criaturas e ama as criaturas mais do que a si mesmo. É a um
só tempo juiz e escravo em causa própria.