O MAU DESEJO
Aprendestes que foi dito aos antigos: “Não cometeis
adultério. Eu, porém vos digo que aquele que houver olhado uma mulher, com mau
desejo para com ela, já em seu coração cometeu adultério com ela”( S. MATEUS,
cap. V, vv. 27e 28.)
Adultério é uma palavra que deriva da expressão do
Latim que significa literalmente na cama de outro(a) designando a prática
conjugal e com o tempo se estendeu ao sentido de fraudar ou falsificar
(adulterar).
Na lei moisaica, há duas partes distintas: que importa
distingui-las: a lei de Deus, promulgada no monte Sinai, e a lei civil ou
disciplinar, decretada por Moisés. Sendo a lei de Deus invariável, e a de
Moisés apropriada aos costumes e ao caráter do povo, modificando-se com o
tempo.
As leis de Deus estão contidas nos dez mandamentos recebidos por Moisés
no monte Sinai, representando a base de
toda a justiça para o mundo.
Moisés era um médium extraordinário, um mensageiro
de Jesus. Ele fora escolhido por Deus para dar continuação aos ensinos proféticos.
Moisés recebeu
de emissários do Cristo, no Sinai, os dez sagrados mandamentos. Antes de
abandonar as lutas da Terra, na extática visão da Terra Prometida, Moisés lega
à posteridade as suas tradições no Pentateuco, iniciando a construção da mais
elevada ciência religiosa de todos os tempos, para as colectividades
porvindouras.
O grande legislador hebreu trouxe a determinação das
formas iniciáticas para compreensão geral do povo; a missão de Moisés foi
tornar acessíveis ao sentimento popular as grandes lições que os demais
iniciados eram compelidos a ocultar. E, de fato, no seio de todas as grandes
figuras da antiguidade, destaca-se o seu vulto como o primeiro a rasgar a
cortina que pesa sobre os mais elevados conhecimentos, filtrando a luz da verdade
religiosa para a alma simples e generosa do povo.
Os dez mandamentos ou decálogo:
1ºEu sou o Senhor,
vosso Deus, que vos tirei do Egipto, da casa da servidão. Não tereis, diante de
mim, outros deuses estrangeiros.
_Não fareis imagens esculpida, nem figura alguma do
que está em cima do céu, nem embaixo na Terra, nem do que quer que esteja nas
águas sob a terra. Não os adorareis e não lhe prestareis culto soberano. (1)
2. Não pronunciareis em
vão o nome do Senhor, vosso Deus.
3. Lembrai-vos de
santificar o dia de sábado.
4. Honrai a vosso pai e
a vossa mãe, a fim de viverdes longo tempo na terra que o Senhor vosso Deus vos
dará.
5. Não mateis.
6. Não cometais
adultério.
7. Não roubeis.
8. Não presteis falso
testemunho contra o vosso próximo.
9. Não desejeis a
mulher do vosso próximo.
10. Não cobiceis a casa
do vosso próximo, nem o seu servo, nem a sua
serva nem o seu boi, nem o seu asno, nem
qualquer das coisas que
lhes pertençam.
É de todos os tempos e de todos os
países essa lei e tem por isso, carácter divino. Todas as outras leis que Moisés
decretou eram leis disciplinares para obrigar pelo temor à disciplina um povo
turbulento e, indisciplinado, ao qual tinha de combater arraigados abusos e
preconceitos, adquiridos durante a escravidão do Egipto.
Para imprimir autoridade às suas
leis Moisés lhes atribuiu origem divina, conforme fizeram todos os legisladores
dos povos primitivos.
As leis de Deus são eternas e
imutáveis como o próprio Deus, não pode jamais e em tempo algum o homem modifica
– las. Só as leis dos homens se podem modificar com os tempos e com os
costumes.
Por isso é que se nos depara nos
dez mandamentos, o princípio dos deveres para com Deus e para com o próximo.
Jesus veio dar continuação aos
ensinos de Moisés, adaptando os seus ensinos ao grau de adiantamento dos
homens.
No Evangelho segundo o Espiritismo
no capítulo 8, item 5º :_Aprendeste que
foi dito aos antigos:” Não cometereis adultério.
Eu porém, vos digo que aquele que
houver olhado uma mulher, com mau desejo para com ela, já em seu coração
cometeu adultério com ela 8 (S. MATEUS,
cap.V, vv.27 e 28.)
A palavra adultério segundo Jesus
tem um sentido mais amplo. Jesus a empregou para designar o mal, o pecado, todo
e qualquer pensamento mau, como, por exemplo, nesta passagem: porquanto se
alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, dentre esta raça
adúltera e pecadora, o Filho do homem também se envergonhará dele, quando
vier acompanhado dos santos anjos, na glória de seu Pai.” (S. MARCOS, cap. 8º,
v.38.)
Segundo os ensinamentos de Jesus a
verdadeira pureza não está somente nos actos; está também no pensamento,
porquanto aquele que tem puro o coração, nem sequer pensa no mal. Foi o que
Jesus quis dizer: ele condena o pecado, mesmo em pensamento, porque é sinal de
impureza.
Jesus vem instituir novos
princípios, novos padrões para a conduta humana, alicerçada na pureza de
coração e na inteireza de carácter, segundo os quais são considerados culposos
não só os actos desonestos, mas até mesmo a simples intenção de praticá-los.
Aos olhos de Deus, pouco ou quase
nada vale a simples aparência da virtude, a contenção forçada, quando o espírito
arde em desejos inconfessáveis de praticar o mal. Aquele que pensa no mal, que
se compraz na concupiscência, pela legislação cristã é tão censurável quanto o
adúltero, porque, quase sempre, só a falta de uma ocasião favorável impede que
o seu pensamento erótico se transforme em ato.
Aquele que pratica o adultério, aos
olhos de Deus não tem puro o coração. É um necessitado, um fracassado na vida
terrena.
Necessita da misericórdia do Senhor,
do arrependimento, da expiação e da reparação das suas faltas.
Quando a alma reencarna traz sempre
as suas tendências instintivas; as marcas do mal, estão gravadas em seu
perispírito de suas anteriores reencarnações e por isso tem que eliminar todas
as suas más viciações, más tendências, ou más inclinações adquiridas no
decorrer de suas vidas passadas para se poder ir purificando aqui na Terra. A
terra é um Mundo de expiações e de provas, o purgatório por onde as almas passam para se ir aperfeiçoando através
das suas várias reencarnações, se não souber- mos conduzir os nossos passos não
passamos nas provas e chumbaremos nos exames, continuando a repetir as lições
não aprendidas com mais amargor e com mais sofrimento!
Aquele que tropeça no adultério, já
alimentava essa ideia.
Tenhamos cuidado não nos deixemos
escravizar pelas más paixões, porque pagaremos caro e com juros de demora por
essa leviandade; a troco de um prazer de momento poderá ter-se séculos de
sofrimentos.
Se não nos firmamos no amor a Deus
e ao próximo, continuando ligados às paixões inferiores, renasceremos de novo
com as mesmas tendências e com as mesmas inclinações, tornando-nos escravos das
mesmas paixões, porque não tivemos força suficiente para pôr nelas
um freio para que as conseguisse - mos eliminar da nossa alma e nos pudéssemos
libertar do tormentoso calvário de dores e de aflições.
É necessária a evangelização da
humanidade para que possa iluminar a sua alma, porque sem essa bússola sagrada
a humanidade se perde nos labirintos da dor, não encontrando o roteiro que a
guia para a verdade e para a luz, para que se possa encontrar consigo própria e
com paz de sua consciência.
À medida que formos evoluindo
compreenderemos melhor as leis de Deus, alargando o nosso círculo de
compreensão e de amor para com todas as criaturas, dedicando amor à nossa
família e a toda a humanidade.
Erram os querem ver cumpridas no matrimónio
apenas a influência das leis apenas materiais. Ao lado das leis materiais,
quase que instintivas, funcionam também puras e santificantes as leis morais.
Aquele que cai em adultério é
porque concebe tal ideia “o mau desejo” e ao concretizá-la,
apenas torna manifesto aquilo que se achava oculto, mas latente em seu íntimo.
Nem sequer pode escusar-se,
alegando tenha sido levado a esse mau passo por uma tentação vinda “de fora”,
porquanto a verdade é que “cada qual é tentado segundo suas próprias fraquezas”
Jesus, conhecedor profundo da
psicologia humana, sabia que do coração” é que partem os maus pensamentos, os
assassínios, os adultérios, as fornicações, os furtos, os falsos testemunhos,
as blasfémias e as maledicências e por isso é que foi incisivo ao declarar:”
aquele que olhar para uma mulher, cobiçando-a, já no seu coração adulterou com
ela.”
A palavra adultério não deve ser
absolutamente ser entendida aqui no sentido exclusivo da acepção que lhe é
própria, porém, num sentido mais geral. Muitas vezes Jesus a empregou por
extensão para designar o mal, o pecado, todo e qualquer pensamento mau, como,
por exemplo, nesta passagem:” Porquanto se alguém se envergonhar de mim e das
minhas palavras, dentre esta raça adúltera e pecadora, o Filho do Homem
também se envergonhará dele, quando vier acompanhado dos santos anjos, na
glória de seu Pai.”
Os mandamentos são os princípios
éticos transmitidos por Deus aos homens de todos os tempos, através de
emissários chamados profetas.
Foram sintetizados no Decálogo, o
qual Jesus não veio derrogar, mas sim aperfeiçoar.
Jesus usou várias vezes a expressão
“ouvistes o que foi dito aos antigos”, O Mestre acrescentava: “eu porém vos
digo” e entrava a expor novos preceitos, novas normas de conduta, de molde a
conduzir-nos a uma justiça mais perfeita, assim como ao exercício da
misericórdia e da fraternidade universal, esses sentimentos quase desconhecidos
até então. Mas trabalhados pelas existências sucessivas, estávamos em condições
de, a par da observância das regras proibidas do Decálogo (não adorar imagens,
não pronunciar o nome do Senhor em vão, não matar, não cometer adultério, não
roubar, não testemunhar falso, não desejar a mulher do próximo, não cobiçar as
coisas alheias, etc., iniciarmos uma fase mais elevada de aprendizagem; qual
seja a de amar o próximo como a nós mesmos e fazermos aos outros o que
queríamos que os outros nos fizessem, respeitando-lhes todos os seus direitos,
salvaguardando-lhes sempre a sua dignidade e o seu bom nome.
Respeitar os mandamentos das leis
de Deus e transmiti-los à humanidade é o dever de todo o cristão para que a
Terra se torne bem depressa num paraíso, numa moratória de Espíritos mais felizes
e não este “vale de lágrimas” em nosso planeta, aonde existem muitas dores e
muitas aflições muitas das vezes e em sua maioria motivados pela ganância dos
homens pelo desrespeito aos seus semelhantes.
A lei de Deus se acha contida toda
no preceito do amor ao próximo, ensinado por Jesus, e elas encerram todos os
deveres dos homens de uns para com os outros.
As leis de Deus são as leis
naturais, elas abrangem todas as circunstâncias da vida, são regras precisas
para os seres humanos, para que não fique grande número de portas abertas a
diversas interpretações. Por isso, Moisés dividiu a Lei de Deus em dez partes.
A última lei, entretanto_ a trazida por Jesus _é a mais importante, por ser a
que faculta ao homem adiantar-se mais na vida espiritual, visto que ela resume
todas as outras.
Na pergunta 621 de O Livro dos Espíritos_
Onde está escrita a lei de Deus? Os Espíritos responderam que ela está escrita
na consciência do ser. E em seguida dizem que há necessidade de sermos
lembrados porque a havíamos esquecido.
Constitui então um dever que alguém
nos a venha lembrar e ensinar, visto os homens a terem esquecido, ou
simplesmente a terem em banh - maria, ou meia adormecida e com isso quererem
apenas mostrar -se indiferentes em relação aos direitos daquilo que pertence
aos seus irmãos. A nossa consciência traça-nos tudo o que devemos fazer ou não
fazer, ela é guia seguro para toda a humanidade e está esculpida no “eu” da nossa "alma", é património dela e apenas tem que ter alertas e avisos.
É por isso que Deus nos envia os
seus emissários para que nós despertemos e acordemos da letargia que ainda nos
algema a alma, aprisionando-a aos círculos inferiores deste mundo ou de outros
locais de dor quando partirmos para o Mundo espiritual.
Jesus nos ensinou a amar a Deus
acima de tudo e de todas a coisas e ao próximo como a nós mesmos.
Por isso nada de mais desejos,
tentando sim, embora que a passos vacilantes, irmos eliminando todos os
resquícios do homem velho, para podermos vestir o fato nupcial, antes de nos
apresentar - mos ao Senhor. Abandonemos então, tudo aquilo que faz mal à nossa
alma, limando a todo o custo as arestas que nos faltam ainda limar. Pedindo a
Deus que nos dê o discernimento necessário para que saibamos distinguir o que é
certo, ou errado na nossa conduta e não fazermos aos outros aquilo que não
gostaríamos que os outros nos fizessem também a nós, mas fazendo-lhes sempre
todo o bem possível, aquilo que nós gostaríamos que eles nos fizessem também a
nós, porque esta, é que, é, a lei do Amor e da Caridade. Não façamos aos outros
aquilo que não gostaríamos que eles nos fizessem, mas ao contrário fazer-lhes
todo o bem que esteja ao nosso alcance, amando-os, perdoando-os sem nunca os
prejudicar absolutamente em nada, nem nas mínimas coisas, seja em que circunstância for, porque a senha para o reino dos Céus
só se conquista através do Amor e da Caridade.
Aurinda Tavares