domingo, 15 de dezembro de 2013




Ressurreição ou Reencarnação?
“Ninguém poderá ver o Reino de Deus se não nascer de novo” (Evangelho segundo O Espiritismo).
Algumas religiões cristãs ensinam o dogma da Ressurreição da carne, no final dos tempos. Isto é, uma curta visão espiritual, não existindo um raciocínio lógico.
Senão vejamos: como pode a carne decomposta há centenas ou milhares de anos, voltar a reconstituir-se, para formar novos corpos humanos e se dar a ressurreição da carne? Como é possível os elementos pertencentes a um corpo, que já estão dispersos em outros corpos, se reunirem? Se os elementos decompostos se mantivessem homogéneos, mesmo reduzidos a pó, ainda se poderia aceitar que em determinada altura eles se reunissem e formassem o corpo novamente, mas isso não sucede assim. Esses elementos, que são muito diversos, depois da decomposição vão entrar na formação de outros corpos que em sua criação necessitam deles, que lhe são fornecidos através da cadeia alimentar.
As moléculas orgânicas que compõem os alimentos são procedentes de outros corpos que serviram de alimento a outros seres e que através da alimentação chegam novamente à formação e manutenção do corpo humano.    Analisando esta realidade como é possível os elementos pertencentes a um corpo, que já estão dispersos em outros corpos, se reunirem? Então, perante esta realidade temos a impossibilidade da ressurreição dos mortos!
A nova carne tem o seu início na fecundação do óvulo pelo espermatozoide, formando-se o ovo ou zigoto, este é o início da vida material para todos os Espíritos humanos.
Cada espírito, antes de reencarnar, faz um estudo da sua conduta anterior e baseado nos atropelos e infrações à Lei de Deus, programa a sua vida e o seu novo corpo no plano espiritual para voltar novamente à Terra (foi assim com quase todos nós) e quando lhe chega a permissão, marcha em direção à Terra, aos que lhe vão servir de pais e recomeça a sua caminhada terrena.
Com o passar dos milénios, chegará o momento em que não será mais necessário reencarnar, quer dizer, voltar à carne para dar continuidade à evolução.
Quando o homem se libertar do instinto, das sensações e paixões e comece a viver os sentimentos sublimes que culminarão no Amor Universal, ou Fraternal, não necessitará mais da matéria que lhe serve de instrumento para a sua evolução e para o cumprimento da sua prova.
 A reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurreição, mas os judeus sobre este ponto, como em muitos outros suas ideias não eram absolutamente bem definidas, eles apenas tinham vagas e incompletas noções acerca da alma e da sua ligação com o corpo. Eles criam que um homem que vivera podia reviver, sem saberem bem qual a maneira como poderia dar-se esse facto. Designavam pelo termo ressurreição o que o Espiritismo em realidade chama reencarnação. Com efeito, a ressurreição dá ideia de que o corpo morto pudesse voltar à vida. A ciência nos demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo já se encontram desde há muito tempo dispersos e absorvidos. A reencarnação é a volta da alma ou Espírito à vida corpórea, mas em outro corpo especialmente formado para ele e que nada tem em comum com o antigo.

Os Egípcios acreditavam na metempsicose, essa ideia se estendeu desde o Egipto e da Índia até á Grécia, sendo introduzidas as suas convicções pelas civilizações egípcias e indianas. Eles sustentavam a ideia da transmigração da alma humana para corpos de animais ou espécies vegetais, acreditando que a alma humana tivesse a possibilidade de aí puder reencarnar. Segundo a Doutrina Espírita, a teoria da metempsicose é falsa, pois a transmigração da alma do homem para o animal implicaria na ideia de retrogradação no processo evolutivo da alma. Os seres humanos todos, sem exceção já estagiaram nos reinos primários da natureza, sempre em escala ascendente, até chegarmos ao estado hominal e dessa forma o nosso Espírito não poderá retrogradar, não pudendo jamais, em tempo algum, tornar a animar formas primitivas de vida, porque o Espírito que animou o corpo de um homem não pode nunca e jamais e em tempo algum reencarnar num animal, porque o Espírito não retrograda. O rio também não remonta à sua nascente e prossegue sempre o seu destino. Nicodemos e Jesus:_ Ora, entre os fariseus, havia um homem chamado Nicodemos, senador dos judeus _que veio à noite ter com Jesus e lhe disse: “Mestre, sabemos que vieste da parte de Deus para nos instruir como um doutor, porquanto ninguém poderia fazer os milagres que fazes, se Deus não estivesse com ele.”
Jesus lhe respondeu: “Em verdade, em verdade, digo-te: Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo.”
Disse-lhe Nicodemos: Como pode nascer um homem já velho?
Pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, para nascer segunda vez?”
Retorquiu-lhe Jesus: “Em verdade, em verdade, digo-te: Se um homem não renasce da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. _O que é nascido da carne é carne e o que é nascido do Espírito é Espírito._ Não te admires de que eu te haja dito ser preciso que nasças de novo._ O Espírito sopra onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem ele, nem para onde vai; o mesmo se dá com todo homem que é nascido do Espírito.”
Respondeu-lhe Nicodemos: “Como pode isso fazer-se?”_ Jesus lhe observou: “Pois quê és mestre em Israel e ignoras estas coisas? Digo-te em verdade, em verdade, que não dizemos senão o que sabemos e que não damos testemunho, senão do que temos visto. Entretanto, não aceitas o nosso testemunho._ Mas, se não me credes, quando vos falo das coisas da Terra, como me crereis, quando vos fale das coisas do céu?” (S. João, cap. 3,vv.1 a 12.)
Nicodemos pensa: então os Esseus estavam informados quanto ao reino de Deus? Também eles falavam, como os Antigos e mantinham a Tradição, a respeito dos renascimentos.
Sabia que, nos Mistérios egípcios, além da metempsicose com que se ameaçavam os maus, os sacerdotes falavam aos iniciados sobre os diversos Avatares do Espírito para se despojarem dos crimes e imperfeições. Seria, então, esse “nascer de novo” igual ao da doutrina das vidas sucessivas a que se reportam os hindus e os gregos? Pareceu-lhe lógica a necessidade de renascer. Pagar numa vida os débitos angariados noutra. Refazer o caminho percorrido, retificando erros, corrigindo defeitos.  
Os ensinamentos de Jesus acerca de “renascer de novo” são as novas oportunidades que Deus dá a todos os seus filhos para puderem evoluir através das várias reencarnações. As reencarnações são degraus pelos quais o ser se eleva e progride. O dogma da Ressurreição da carne, outra coisa não é, senão a Reencarnação, ensinada nosso querido Mestre Jesus e hoje tão bem explicada pela Doutrina dos Espíritos Superiores nas casas Espíritas. A grande falange espiritual se movimenta dos Céus à Terra para trazer o recado de Jesus com toda a sua fidelidade e está incumbida de trazer à Humanidade inteira todos os ensinamentos que Jesus nos trouxe há 2.000 anos. Jesus quando partiu para o Pai disse: “Enviarei outro Consolador o Espírito de Verdade e Ele vos ensinará todas as coisas. Vou para o Pai, mas não vos deixarei ficar órfãos enviarei outro Consolador o Espírito da Verdade”_ Os ensinos de Jesus, foram intencionalmente ou não, mal interpretados pelos homens, mas a seu tempo Jesus enviaria o seu Consolador para nos deixar bem clara a mensagem da sua Boa-Nova. Os Espíritos não vêm subverter a religião, como alguns pretendem. São chegados os tempos de não mais ser empregada linguagem figurada, eles se exprimem sem alegorias, e dão às coisas o seu sentido claro e preciso e sem que possa estar sujeito a qualquer interpretação falsa.
A reencarnação era aceite pela Igreja Católica até o ano de 553. Essa tese foi recusada no 2º Concílio de Constantinopla, não pela Igreja Católica ou pelo Papa, mas pelo Imperador Justiniano por influência de sua esposa ex-prostituta, que não lhe achava conveniente a lei do “carma”.
Teodora mulher do Imperador Justiniano para apagar o seu passado tirou a vida a 500 colegas, e a população começou a dizer que Teodora teria que ser assassinada em 500 vidas para pagar o seu débito, ela não suportando a ideia de ter de reencarnar, fez com que seu marido tira-se dos ensinamentos da igreja a reencarnação. Mas em abono da verdade a igreja até aos dias de hoje ainda não voltou atrás da desastrosa decisão, talvez porque a reencarnação nos dê a compreensão, que somos nós mesmos, que temos que reparar as nossas faltas quer sejam as do presente, ou do nosso passado. Já é mais do que tempo de a Igreja corrigir tão grave erro e ensinar a verdade acerca da reencarnação para que o povo seja esclarecido acerca das verdades espirituais que Jesus revelou à Humanidade. 
Jesus a Nicodemos, estava a deixar bem clara a Lei dos Renascimentos. A verdade ficara para sempre e para toda a Humanidade no Mundo.
Ela fora proclamada como ensinamento para todos nós e passaria à prosperidade.   
A reencarnação, afirmada pelas vozes de além-túmulo, é a única forma racional por que se pode admitir a reparação das nossas faltas. Sem ela, não se vê sanção moral satisfatória e completa.
Os Espíritos reencarnam-se para que possam chegar à perfeição.
Para uns é expiação, para outros é missão. A reencarnação visa também pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação.
Todos os Espíritos são criados por Deus simples e ignorantes, e se instruem nas lutas e tribulações da vida corporal. Os que seguem o caminho do bem chegam mais depressa ao fim da meta assinada por Deus.
A alma é um Espírito encarnado.
A alma antes de se unir ao corpo era Espírito quando desencarnar volta a ser Espírito e Quando novamente reencarnar é alma. Também se pode dizer um Espírito reencarnado.
Justiça da reencarnação.  A reencarnação do Espírito prova a justiça de Deus, pois o bom pai deixa sempre aberta a porta aos seus filhos para o arrependimento. Deus seria injusto se privasse para sempre da felicidade eterna todos aqueles dos quais não dependeu o se melhorarem. Todos os homens são filhos de Deus. Só entre os egoístas se encontram a iniquidade, o ódio implacável e os castigos sem remissão.
 _Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?”_ Inquiriu Jesus aos seus discípulos.
_Uns, que tu és João Batista; outros, Elias e outros, Jeremias ou um dos profetas”_ Sim, eles criam na reencarnação. Elias estava reencarnado na personalidade de João Batista o “Pregador”, que veio à frente de Jesus para preparar as mentes e os corações, para a sementeira do Evangelho de Jesus ou Boa Nova.
- “E vós quem dizeis que eu sou?”Perguntou Jesus a Simão Pedro! És o Cristo, Filho de Deus vivo”_ Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi a carne e sangue, quem to revelou, mas meu Pai que está nos Céus arrematou Jesus.
Em realidade a Terra já passou por um “final dos tempos”, quando a Terra era um mundo primitivo e albergava as primeiras vidas humanas, mas o homem teve a sua evolução e o seu progresso pelo que teve a necessidade de passar para a fase seguinte na sua contínua caminhada e teve como habitat um “Mundo de Expiação e Provas”.
Nessa época, com esse período de mudança, deu-se um “final dos tempos”. A Humanidade passou da fase de primitivismo e barbárie para uma nova responsabilidade, a fase expiatória e de provas. Sendo que esta fase tem sido de pagamentos de débitos contraídos perante a Lei Divina, ou Lei Natural, desde o início como seres primitivos até aos nossos dias, e de provação frente à modificação que se prometem levar a cabo sempre que voltam à Terra pelas portas da Reencarnação, o nascer de novo para chegar ao Reino dos Céus e que todos nós queremos lá chegar.
Mas uma vez mais a Terra se prepara para mais uma fase de mudança, no plano evolutivo, a fase de “Regeneração”, o que trará mais um “final dos tempos”. Será o final da imoralidade que ainda predomina sobre a Terra. Os “finais dos tempos” demarcam a mudança em massa da Humanidade terrena e o “transporte” espiritual de um plano evolutivo para o plano seguinte na grande caminhada destinada a toda a Criação para o encontro com a felicidade vivida nos Mundos Felizes.
Diz Lavoisier que “Na Natureza nada se perde e nada se cria. Tudo se transforma”. Tudo é energia e a energia não se destrói.
Também pode considerar-se o final dos tempos para todos aqueles que partem para o Mundo Maior, no cumprimento da Lei divina, seja qual for a idade e deixam a vida física e regressam à Pátria espiritual pelas portas da morte, que é também uma Lei natural, porque tudo morre para renascer para um estado mais perfeito.
Todos os que vivemos na atualidade já passamos por muitíssimos “finais dos tempos”, assim como pelo “nascer de novo”, mediante as várias existências sucessivas.
Na questão 1010 de O Livro dos Espíritos, Kardec pergunta: “ O dogma da Ressurreição da carne é a consagração da Reencarnação ensinada pelos Espíritos?
R: “Como quereis que seja de outro modo? Dá--se com essa expressão o que se dá com tantas outras, que só parecem desarrazoadas aos olhos de certas pessoas que a tomam ao pé da letra e por isso são levadas à incredulidade. Dai-lhes, porém, uma interpretação lógica e esses a quem chamais livres-pensadores a admitirão sem dificuldades, precisamente porque raciocinam. Não vos enganeis, esses livres-pensadores nada mais procuram do que crer; eles têm, como os outros, mais talvez do que os outros, ansiedade pelo futuro, mas não podem admitir o que é absurdo para a Ciência. A Doutrina da Pluralidade das existências se conforma à Justiça de Deus; somente ela pode explicar o que sem ela é inexplicável. Como quereríeis que esse princípio não estivesse na Religião?”
Kardec na pergunta 1010-A-“Então a Igreja, pelo dogma da Ressurreição da Carne, ensina a Doutrina a Reencarnação?”
R. “Isso é evidente. Essa doutrina é a consequência de muitas coisas que passaram despercebidas e que não se tardará a compreender nesse sentido; dentro em pouco se reconhecerá que o Espiritismo ressalta a cada passo do próprio texto das Escrituras Sagradas. Os Espíritos não vêm portanto subverter a religião, como pretendem alguns, mas vêm ao contrário, confirmá-la, sancioná-la através de provas irrecusáveis. E como é chegado o tempo de substituir a linguagem figurada, falam sem alegorias, dando às coisas um sentido claro e preciso que não possa ser objeto de nenhuma falsa interpretação. Eis porque dentro de algum tempo tereis mais pessoas sinceramente religiosas e crentes do que as tendes hoje_ São Luís” Por estas palavras, pode interpretar-se ressurreição da carne a volta do Espírito à carne, não aquela que deixou de ter vida e seguiu a normal transformação da matéria, passando pela decomposição que poderá ser variável na forma, mas sim uma nova carne formada de acordo com as necessidades evolutivas do Espírito reencarnante, aquele que nasce de novo pela água, como disse Jesus naquela conversa com Nicodemos (João3):”Quem não nascer da água e do Espírito não pode ver o Reino de Deus. O que é nascido da carne é carne e o que é nascido do Espirito é Espírito. Jesus estabelece aí uma distinção positiva entre o Espírito e o corpo. O que é nascido da carne é carne indica claramente que só o corpo procede do corpo e que o Espírito é independente dele.
Não há, pois, dúvidas de que, sob o nome de ressurreição, o princípio da reencarnação. Este era um ponto fundamental dos judeus e que Jesus e os profetas confirmaram de modo formal; donde se segue que negar a reencarnação é negar as palavras do Cristo.
_ A vida do Espírito é única e eterna, mas as existências carnais são múltiplas. O Espírito mergulha no corpo e dele sai, pelos fenômenos da fecundação e da morte, sem que haja sido criado naquele momento ou se desintegre no outro.
É qual uma semente pequenina que possui a árvore gigantesca no íntimo, aguardando a oportunidade para desenvolvê-la, o Espírito carrega em germe a grandeza do Pai, esperando as condições próprias para agigantar-se e atender a finalidade superior que a aguarda.
Jesus disse:-“Há muitas moradas na casa de Meu Pai” (João 14º).
Procuremos fazer todo o bem possível aos nossos semelhantes, ao Planeta Terra, aos animais e à nossa mãe Natureza. Para que possamos fazer deste Mundo de expiação e de provas um Mundo Feliz uma morada mais ditosa onde não exista a dor nem o sofrimento. Fazendo por termos o merecimento também de um dia a pudermos habitar quando ela passar para Mundo Regenerador, aonde todos nos sentiremos mais Felizes. Reinando a Paz, A concórdia, a solidariedade, o Amor e a verdadeira Fraternidade entre todos os seus habitantes.            

                                                        Aurinda Tavares